Panelinha para criticar Luciano Rezende em debate com os candidatos a prefeito de Vitória

Os candidatos a prefeito da capital do Estado, em maior ou menor escala, fizeram panelinha para criticar a gestão de Luciano Rezende (PPS) à frente da prefeitura, durante o debate promovido pela Rede Vitória na noite deste domingo (25). Participaram do programa Perly Cipriano (PT), Lelo Coimbra (PMDB), Amaro Neto (SD) e o prefeito que concorre à reeleição. André Moreira (PSOL) não foi convidado por seu partido não ter representatividade mínima exigida na Câmara dos Deputados.

Enquanto na TV Lelo andou disparando contra Luciano e Amaro, no debate os aliados do governador se comportaram como amigos. Deve ter pesado sobre Lelo a possibilidade de ficar de fora do segundo turno e, inevitavelmente, ter de embarcar na candidatura do colega palaciano – o que pode, inclusive, causar um racha ainda mais severo no ninho do PSDB, que apoia Lelo já de forma bastante pulverizada. Mas como pedir voto para um deputado estadual que, há poucos dias atrás, você chamou de um “cara simpático que só produz piadas e promessas vazias” e de um “aventureiro”?

No debate, Lelo afirmou em vários momentos que a boa gestão pregada por Luciano, inclusive o primeiro lugar em saúde, educação e inteligência que o aliado de Renato Casagrande (PSB) divulga à exaustão, não passa de uma maquiagem e chegou a sugerir a criação da Secretaria de Maquiagem Pública. Coimbra disse que Vitória estar em primeiro lugar em saúde é uma “piada” e continuou batendo intensamente nas teclas de que Vitória está isolada e perdeu seu protagonismo econômico.

Amaro era outro afiado. Quando questionado por sua inexperiência na política, não perdeu a oportunidade de disparar contra o candidato do PPS. “Para que ter experiência? Para ter uma administração pífia como a atual, que não sabe liderar e formar equipe?”. O jornalista avançou ainda mais nas justificativas. Segundo ele, quando Hartung disputou em Vitória na década de 90 também não tinha experiência e hoje seria um dos melhores governadores do Brasil.

Amaro usou praticamente todo o seu tempo para fazer dobradinha com Lelo e criticar a gestão atual. Também flertou com Perly Cipriano quando questionou, por exemplo, ao petista quais seriam as obras que Luciano teria “se apropriado” como sendo de sua gestão, quando na verdade elas seriam fruto do governo João Coser (PT). Acusação que Lelo também fez em seu programa de TV. Perly deu uma titubeada e só citou algumas construções e reformas em unidades de ensino, demonstrando, ao menos naquele momento, que essa acusação não apresenta tanta densidade como parece.

Perly preferiu não fazer duras críticas, mas cobrou dos adversários posicionamento firme em relação ao pó preto na cidade, que estaria destruindo a saúde da população, e não deixou barato o episódio em que os três principais concorrentes da eleição municipal faltaram ao debate promovido pela Associação dos Moradores do Centro. Luciano avisou no mesmo dia que não iria. Os demais deixaram os realizadores esperando.

Luciano, bom orador como poucos por aí, se defendeu como pôde. Disse que os organismos que colocaram Vitória em primeiro lugar em algumas áreas são de renome nacional e internacional e frisou que teria cumprido tudo o que prometeu na campanha de 2012. Entretanto, o prefeito perdeu a paciência com Lelo, que o acusou de não fazer nada para defender Vitória do fim do Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap), em 2013.

Em duas oportunidades, Rezende relatou que é natural que durante o debate pessoas afirmem com desconhecimento que ele não fez nada. “É perdoável que essas pessoas não tenham acompanhado o esforço que a gente fez desde março de 2013”.
Posteriormente foi mais ácido com a insistência de Lelo em taxar sua gestão de maquiagem. “Turismo eleitoral provoca esse fenômeno. A pessoa chega afoita, confusa, desesperada, e fica lendo informações, repetindo informações”, disse em clara alusão ao mandato de Lelo como deputado federal, executado na maior parte do tempo em Brasília.

Mais ao final, Amaro resolveu citar o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Espírito Santo (OAB/ES), Homero Mafra, que teria se manifestado de forma contrária à sua candidatura nas redes sociais. A citação aconteceu quando um representante da entidade responsável por fazer pergunta ao deputado questionou a sua não adesão a um termo de compromisso ligado a direitos humanos e segurança.

O candidato do Solidariedade subiu o tom e disse que se ainda não assinou, poderia assinar naquele momento. Também se colocou como o único candidato que representa a novidade entre os quatro projetos; que não teria conchavos com grupos políticos e empresariais, apesar dessa informação poder ecoar com pouco grau de realismo para os eleitores.

Luciano apostou em seus feitos, no “mais com menos” e alguém que preza pela transparência e pelo corpo técnico, livre de indicações partidárias e políticas – o que também pode soar com pouca plausibilidade. Tendo em vista que a dita “velha política” ainda está aposta, com portas e janelas escancaradas para quem quiser dela usufruir.

Perly preferiu fechar o debate lembrando aos eleitores que foi o único, entre os presentes, que participou até agora de todos os debates promovidos na cidade e que esteve em todas as manifestações contrárias ao presidente Michel Temer (PMDB), numa tentativa de fisgar o público contrário ao “golpe”, que pode estar mais afinado com André Moreira (PSOL).

Já Lelo, por sua vez, preferiu apostar na sua longa trajetória política e no livre trânsito junto aos governos estadual e federal e junto aos parlamentares capixabas, o que seria necessário, segundo ele, para “tirar Vitória do isolamento”. Em condições “naturais”, poderia tentar surfar na proximidade com Temer, mas tendo em vista o atual momento de grande rejeição e duras críticas ao novo presidente, prefere ficar na sua.

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