A Vila Velha dos sonhos de Max Filho e Neucimar Fraga

A Vila Velha apresentada por Max Filho (PSDB) e Neucimar Fraga (PSD) em suas gestões é uma cidade dos sonhos. Pelo menos foi o que pareceu no debate promovido pela Rede Vitória na noite desta quinta-feira (20). Pronto-Atendimentos 24 horas funcionando, unidades de saúde em toda parte, expansão exponencial da rede de esgoto, ampla rede de ciclovias e calçadas cidadãs, guardas para garantir a segurança, creches, escola em tempo integral e construídas em alto padrão, atendimento especializado a moradores de rua ou usuários de drogas, servidores super-valorizados e tantas outras benfeitorias que o espaço nem permite listar.

Propostas para a cidade ficaram para depois. A estratégia utilizada pelos candidatos foi a de concorrer pela melhor ou pior gestão já realizada pelos dois à frente da administraçã da cidade canela-verde. Mas se as propostas faltam, sobraram ataques.

Max Filho acusou Neucimar Fraga de querer dar conforto apenas ao secretariado e de ostentar a estrutura da Prefeitura de Vila Velha, em detrimento da prestação de serviços à população. Também bateu na tecla de que Neucimar foi uma fórmula reprovada pelos moradores. “Não adianta insistir com aquele que não deu certo”, alfinetou. Restava ao candidato do PSD se defender das acusações dizendo que foi para o segundo turno em todas as disputas, enquanto Max perdeu as últimas eleições.

Neucimar, a propósito, quis estremecer a confiança do eleitor em Max Filho, ao lembrar da péssima relação que ele mantinha com o governador Paulo Hartung (PMDB), deixando a cidade “isolada” politicamente. “Meu concorrente brigava com todo mundo quando era prefeito. Até com a Caixa ele brigou”, ironizou o candidato do PSD em uma ocasião. O tucano teve de admitir, em alguns momentos do debate, que realmente tinha diferenças com Hartung, mas que essa situação está sanada.

Questionado pela coluna em que momento se deu essa “cura” e de que forma, Max foi enfático. “A partir do momento em que o Cesar Colnago assumiu a condição de candidato a vice-governador do Paulo Hartung. Cesar é um amigo, companheiro de partido, correligionário. Tem estado conosco em todos os atos da nossa campanha. Ele nos aproximou e a conjuntura nos reaproximou. O governador do Estado tem uma excelente relação com toda a bancada capixaba, temos trabalhado juntos na esfera nacional, e essa boa convivência a gente não vai perder estando à frente da Prefeitura de Vila Velha”, declarou.

Voltando ao debate, os dois candidatos estavam bem afiados. Sobrou até para Rodney Miranda (DEM), que nem no páreo está mais. Perguntado por um eleitor sobre as emendas que não teria destinado para a prefeitura enquanto deputado federal – afirmação feita pelo próprio prefeito no último debate de Vila Velha promovido pela Rede Vitória – Max esbravejou que a “prefeitura não recebeu porque não foi competente para conseguir receber”. Não satisfeito com as farpas que já havia soltado, ainda acusou Neucimar de lotear a futura administração, falou que o candidato entrega os cargos estratégicos e que vende até a alma. “Há um componente ético que nos diferencia”, disse, chamando o concorrente de mestre do ilusionismo logo em seguida.

Neucimar também não deixou barato e chamou o modelo de governo de Max de lento. Em conversa com a coluna depois do debate, explicou um pouco mais. “O povo falava assim. Um governo que durante muitos anos carregou a marca da tartaruga na cidade”. respondeu. Também por várias vezes afirmou que Max estava desinformado, que mentia e que era cara de pau. Mas perdeu a oportunidade de lembrar do atraso do candidato da última vez e também de retrucar, quando Max disse que até seu concorrente pediu voto para o 45 na TV, de que em um evento de campanha de Max foi pedido voto para o 55, numa gafe da subsecretária de Estado de Turismo.

O fato é que Max e Neucimar são muito parecidos no sentido de que são dois ex-prefeitos que tem a responsabilidade de voltar ao poder – seja por vontade própria, por ‘imposição’ partidária, de seus grupos políticos ou dos acordos costurados. A grande diferença é que um acabou ganhando mais musculatura pelo mandato que exerce em Brasília, agregando em sua candidatura deputados, senadores e até o presidente Michel Temer, apesar de toda a rejeição que carrega. Carrega também sobre si a tradição do poderio de sua família na cidade.

O outro, apesar de não ter um mandato e não ter tantas lideranças pelas circunstâncias descritas acima, é um político nato. Tanto é que mesmo não tendo toda a bala na agulha de Max, no que diz respeito às relações políticas nacionais, conseguiu angariar um volume de recursos impressionante – dada a sua condição. Recebendo apenas R$ 50 mil do PSD, Neucimar juntou mais de R$ 420 mil em receitas para a sua campanha, levando em conta também o primeiro turno. Max, por sua vez, arrecadou R$ 675 mil, mas R$ 514 mil foram mandados pelo PSDB e R$ 15 mil pelo pai, Max Freitas Mauro.

Direito de resposta

Deve começar a ser veiculado nesta semana o direito de resposta que a campanha de Max Filho conseguiu na Justiça, que entendeu que o programa de Neucimar ofendeu a moral do oponente ao fazer algumas afirmações. Ao todo, serão 40 minutos de inserções dentro do tempo destinado à propaganda do candidato do PSD.

Mais apoio

A REDE declarou apoio a Max. Mas a porta-voz nacional do partido, a ex-ministra Marina Silva, não passará pela cidade canela-verde. Ela vai participar apenas de atos de campanha de Audifax (REDE), na Serra, e de Luciano (PPS), em Vitória, no sábado (22). Marina também gravou um vídeo para Juninho (PPS), por ele ter o apoio do deputado estadual Marcos Bruno (REDE). A mídia estará disponível em breve nas redes sociais do candidato.

Marinando no ES

Esta será a terceira vez de Marina no Espírito Santo somente neste ano. De Biase garante que o Estado é um dos que ela mais visita no país, por exercer grande “influência”. Marina levou a melhor nos votos para a presidência da República em Vitória, Serra e Cariacica. O que elas têm em comum? Alto percentual de evangélicos.

Almoço

Depois de visitar as obras do aeroporto, Hartung vai aproveitar a vinda do senador Aécio Neves (PSDB) ao Estado para almoçar com o senador. O teor da conversa não foi revelado. A propósito, o governador assinou com a Fapes, a Vale e a Carlos Chagas 21 contratos de financiamento para apoio de pesquisas sobre meio ambiente, logística e pelotização.

Proibido

Quando Audifax foi ao Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) pedir mais atenção à boca de urna, pensava-se que era um ato de marketing. Mas a confirmação veio do próprio Sérgio Gama, presidente do órgão. Para o desembargador, “é inconcebível a Polícia assistir passivamente a ocorrência de crimes eleitorais”, como a boca de urna. Representantes de todas as forças policias estão nesta sexta-feira no TRE-ES para uma discussão sobre a segurança no próximo dia 30.

Não morreu

Quando quase todo mundo pensa que o PT já era, por todo o processo de desconstrução e envolvimento em esquemas ilícitos, vem Lula (PT) e lidera todos os cenários de uma pesquisa de intenção de votos. Aqui no Estado, o deputado federal Givaldo Vieira (PT) aproveitou o dia 20 para comemorar o aniversário do Bolsa Família. “13 anos de inclusão social de milhões de capixabas e brasileiros. Valeu, Lula”. Ninguém foi lá discordar.

Feminismo

Em discussão sobre a liderança feminina na Assembleia Legislativa (Ales), a deputada Eliana Dadalto (PTC) defendeu que um dos grandes dilemas da sociedade atual é entender que não há desenvolvimento social e econômico justo se não houver igualdade de oportunidade para homens e mulheres. Pedro Paulo Coelho, o presidente da Associação dos Defensores Públicos do Espírito Santo (Adepes) – que promoveu o evento junto à Ales – concordou. Segundo ele, o machismo da sociedade, que inclui a política, é refletido nas piadas e comentários inoportunos do cotidiano.

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