O último debate promovido pela Rede Vitória nestas eleições municipais de 2016 foi dividido entre propostas e as tentativas de Luciano Rezende (PPS) de desconstruir Amaro Neto (SD) e os ataques proferidos pelo deputado contra o prefeito e candidato à reeleição.
No primeiro bloco, Amaro Neto começou atacando o que seria uma fiscalização ineficiente das empresas poluidoras, geradoras do pó preto na capital do Estado – bandeira imposta pelo PSD de Enivaldo dos Anjos para continuar no palanque do deputado estadual. Em contrapartida, Luciano começou manso, respondendo que a prefeitura multou as poluidoras. Também fez questão de lembrar que é o primeiro prefeito servidor de Vitória.
No bloco sobre saúde, as estratégias de ambos começaram a ficar mais claras. Amaro quis colar em Luciano a imagem de um prefeito distante dos servidores e de entidades representativas de classes, como conselhos, além de também embasar a imagem de um prefeito descolado da realidade do município. Luciano, por sua vez, começou a colocar em prática sua estratégia de apresentar um oponente desinformado, agressivo e despreparado para ser prefeito da capital do Estado.
Amaro, supostamente, aprendeu com Luciano que o centro de especialidades não é competência do município e Luciano teve de ouvir de Amaro que, se eleito, o deputado estadual o colocaria trabalhando num Pronto-Atendimento (PA) – já que é servidor da prefeitura – para que a população de Vitória possa avaliar seu atendimento por meio de SMS, em alusão ao sistema de avaliação das unidades de saúde tão defendido pelo candidato do PPS.
Amaro também quis projetar seu tamanho na disputa pela prefeitura de Vitória, dizendo que deu uma canseira no prefeito na campanha deste ano, o colocando para andar nas ruas da cidade e visitar lugares que não foi em quatro anos de mandato. Afirmou ainda que o prefeito tem feito acordos com todo mundo (Luiz Paulo, Lelo Coimbra e etc), com medo de que um novo gestor descubra “as barbaridades que fez na prefeitura”. Sob ataque, coube a Luciano reagir e lembrar a Amaro que ele chegou na cidade “apenas” para disputar a eleição. Relembrou também uma entrevista concedida pelo deputado estadual, em que ele afirmara que poderia ser prefeito em qualquer cidade do Espírito Santo, e dar ao oponente o selo “turista eleitoral” de qualidade.
Sucederam estes fatos uma série de ataques dirigidos a Luciano Rezende, que recebeu de Amaro adjetivos como arrogante, prepotente e ainda covarde. Amaro tentou justificar os ataques com investidas que estaria sofrendo do oponente, que o taxaria de “mal-educado” e “paraquedista”. Tentando dar uma ideia de maior relação com a cidade, o deputado citou que nasceu em Vitória, diferentemente de Luciano, que é oriundo de Cachoeiro de Itapemirim.
Perguntado pela coluna se não teria passado do ponto nos ataques ou se não forçava a barra quando pedia respeito a Luciano, sendo que ele era nitidamente o maior atirador, Amaro disse que não. “Veja os debates de 2012. O Luciano sempre fala que o seu oponente ou tá com alguma substância ou ele é turista eleitoral, que ele não vive o dia a dia da cidade. Na minha visão isso é falta de respeito. Porque eu tenho respeito por ele. Acredito que a administração dele foi pífia, mas o homem Luciano Rezende eu não ataco”, tentou justificar.
Rezende ficou mais na defensiva, pagando de equilibrado, o que justifica ele ter pedido, por várias vezes, desculpas aos internautas pelos ataques que sofria e também repetiu que Amaro não conseguiria administrar a cidade com ripa. Luciano tentou transmitir a imagem de homem sério, qualificado e sem discurso midiático, ao passo que Amaro queria convencer o eleitorado de que Luciano não mudou Vitória. E sim enrolou Vitória. Além de não jogar limpo com a cidade.
É complicado dizer qual estratégia pode ter surtido mais efeito no eleitor nesta reta final. O que é certo é que Amaro Neto pode ter conseguido, citando exemplos do cotidiano, desconstruir toda essa história de Vitória em primeiro lugar em tudo, tendo em vista que nas periferias da cidade essa ostentação toda é bem difícil de colar. Será que está tudo bem mesmo? Na saúde, na educação, na economia…? Ou melhor: para quem está?
Entretanto, como ficou a imagem de Amaro para o eleitor dos bairros nobres que ele tanto tentava ganhar nesta reta final, titubeando em perguntas sobre “laudêmio” e apresentando não saber quais são as áreas administrativas de Vitória? Estaríamos mais uma vez rumo a uma eleição de bairros nobres contra os morros? E para aquele eleitor passivo, que não gosta de ataques, e viu Luciano ser alvo fácil do deputado? Teria sido a cilada ideal armada por Luciano? Perguntas que só mesmo o dia 30 para responder.
Sopro
Amaro enrolou quando foi perguntado sobre os seus projetos para a região VI de Vitória. Ou não sabia ou não tinha proposta. Em seguida, Luciano “denunciou” que o deputado havia recebido um “sopro” de qual era a região VI. Por isso mudou a pergunta para quais seriam os projetos de Amaro para a Região III. Ficou sem resposta.
Bastidores é cultura
Para quem ainda não sabe, Vitória é dividida em nove regiões: I (Centro), II (Santo Antônio), III (Jucutuquara), IV (Maruípe), V (Praia do Canto), VI (Goiabeiras), VII (São Pedro), VIII (Jardim Camburi) e IX (Jardim da Penha). Tem lá no site da Prefeitura Municipal de Vitória para quem quiser ver.
Marqueteiro
Max da Mata (PDT) está para Amaro Neto assim como Marcos Bruno (REDE) está para Juninho (PPS). Marqueteiros oficiais dos debates.
Nos braços
Ao final da discussão, Amaro foi carregado nos braços pela militância e ainda cantou o principal jingle de sua campanha num trio elétrico em frente à sede da Rede Vitória.
Ameaça
Sem papas na língua, o deputado ameaçou os comissionados de Luciano do alto do trio. Segundo ele, caso seja eleito vai passar a caneta em todo mundo. Se Luciano tinha algum traíra entre os seus não tem mais.
Cordialidade
Luciano manteve a estratégia do homem educado e cordial até depois do debate. Deu parabéns para Amaro Neto e até para Max da Mata. Resta a saber parabéns pelo quê…
Perdão
A mais nova informação dos bastidores do meio político é que um dos participantes da propaganda de Amaro sobre o crack em Vitória, que profere acusações contra o atual prefeito, teria pedido perdão a Luciano com o adesivo do candidato colado no peito na saída da Rede Vitória.
MCs
Todo mundo agora tem funk, com o intuito de passar o rodo nos votos das comunidades. Amaro tem uma versão de “Chefe é Chefe, Né Pai?”, do MC Maneirinho, e Luciano também tem exibido um funk em suas propagandas. Mas nenhum dos dois vai superar o “Lelo é Massa” do primeiro turno.
Quem tem razão?
Amaro se disse vítima no debate, em plena posição de atirador, mas Luciano se diz vítima nas inserções da TV. Diz que tem sido alvo de ataques injustos e informações mentirosas.
Vapt vupt
Dando um pulo lá em Cariacica, reunião de Juninho reuniu três mil pessoas – segundo sua equipe – e teve a presença de Cesar Colnago (PSDB), Luzia Toledo (PMDB), Janete de Sá (PMN), Marcos Bruno, Sandro Locutor (PROS) e Sergio Majeski (PSDB). Outros onze parlamentares estão fechados com Marcelo Santos (PMDB).
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