O debate com os candidatos a prefeito da Serra, Audifax Barcelos (REDE) e Sergio Vidigal (PDT), foi uma batalha para saber quem fez a melhor e a pior gestão nos últimos tempos, em um troca-troca no poder que já dura 20 anos e que a cidade não fez questão de interromper nestas eleições municipais. Apesar da artilharia ter sido mútua, Audifax estava mais afiado nesta terça-feira (18), quem sabe inspirado pela data que remete ao seu número nas urnas eletrônicas.
Chamando Vidigal de desinformado diversas vezes, o redista quis associar a imagem do pedetista à corrupção, ao citar uma operação da Polícia Federal feita na prefeitura do município durante a gestão do ex-aliado e aplicação do dinheiro da previdência num banco ‘desconhecido’ e que posteriormente passou a ser investigado. Também não perdeu oportunidade de citar o turbulento histórico da criação da guarda municipal, com interferências dos vereadores aliados a Sergio Vidigal.
O deputado esclareceu a maioria das acusações e, num momento de impaciência, chamou Audifax Barcelos de mentiroso. Vidigal tentou ainda surfar no fato de Audifax ser seu ex-secretário, alegando que o prefeito conhece bem seu modo de administrar a cidade. Também afirmou que o redista precisava parar de “ficar querendo trazer problemas que não existem”. “O que quer é só me acusar. O que ele quer é denegrir minha imagem”, disse Sergio.
Em conversa com a coluna, Audifax disse que precisava ter “essa comparação de um governo pro outro” e disse sair fortalecido do processo. Perguntado se achou que atacou mais, foi enfático. “Não. Fiz as propostas. Era necessário. Era uma oportunidade única que meu oponente tinha de esclarecer a questão do lixo e da previdência”, justificou-se, dizendo em seguida que Vidigal é importante para a cidade na Câmara dos Deputados.
Já o concorrente teve opinião distinta. “Isso é uma prática normal. Na hora de apresentar proposta ele [Audifax] vem com ataques. Mas isso não me incomoda até porque ele fala em ficha-limpa e ninguém pode ser candidato sem ser ficha-limpa. O ataque que foi feito para mim não tem valor. É muito insignificante”, disse o presidente do PDT no Estado.
Sobre a paternidade da boataria que rola solta no município, a disputa também anda bastante acirrada. Após Vidigal divulgar um vídeo acusando o oponente de ressuscitar uma notícia de 2013, em que o pedetista foi erroneamente incluído por uma reportagem na lista de alvos da Polícia Federal, Audifax resolveu fazer um vídeo-resposta.
Na mídia, o atual prefeito da Serra diz que foi acusado injustamente por Vidigal de espalhar a falsa notícia e que, infelizmente, a eleição no município se transformou numa guerra. O prefeito disse que esperava receber a visita de Vidigal quando estava internado, mas em vez disso recebeu informações de que o opositor fazia “macabros diagnósticos” do seu estado de saúde.
Segundo o redista, nem por isso ele acusou Sergio Vidigal de promover a boataria. Entretanto, a primeira coletiva de imprensa convocada por Barcelos foi justamente para acusar Sergio de ter espalhado notícias falsas sobre seu real estado de saúde e sua capacidade de continuar exercendo a função de chefe do Executivo.
Mais ao final, o real motivo do vídeo-resposta de Audifax é revelado: pedir a continuidade de Sergio em Brasília, numa espécie de pacto de paz pela Serra. “Espera a sua vez. Deixa eu concluir o meu mandato, o meu trabalho. Você já governou a Serra por 12 anos. A sua vez vai chegar. Em tempos de crise o que a gente precisa fazer é unir forças. Somar e não dividir. Pelo bem da cidade, pelo bem da Serra. Vamos deixar as nossas diferenças de lado”, fala em tom quase apelativo.
Se a Serra não escolheu a paz até agora, dificilmente vai deixar o revanchismo de lado nesta reta final do segundo turno, que é justamente quando as duas ‘torcidas’ estão pegando mais pesado uma com a outra. Infelizmente quem perde com isso é a própria população que, embebedada pelo clima de final de campeonato, esquece que a cidade tem muitos problemas importantes a serem resolvidos e deixa de pautar a postura propositiva dos seus futuros gestores.