Governará Vila Velha um novo Max Filho?

A grande rejeição sofrida por Rodney Miranda (DEM) em Vila Velha já cantava a reza das eleições municipais na cidade: um segundo turno seria certo entre Neucimar Fraga (PSD) e Max Filho (PSDB), que polarizaram os debates deixando o atual prefeito de lado. No início da noite do dia 2 de outubro, lá estavam Neucimar, com seus 65.745 votos, e Max, com 80.297. Uma diferença de apenas 14.552, considerando o universo de 316.610 eleitores da cidade – o maior colégio do Espírito Santo. Foi inevitável a comparação de gestões, conforme afirmara Neucimar à coluna em um dos debates promovidos pela Rede Vitória. Houve uma disputa muito intensa entre o tucano, que governou Vila Velha por oito anos, e Neucimar, que governou por quatro, para saber quem tinha feito mais ou menos pelos canelas-verdes. As trocas de acusações estiveram muito presentes no processo, assim como as disputas judiciais por direitos de resposta, retirada de material de campanha de circulação, entre outras de natureza semelhante. Além de tentar mostrar que seu governo foi melhor, Neucimar quis mostrar um Max ainda “menino”, imaturo politicamente, e sob a sombra do pai: o veterano Max Freitas Mauro, que acumula mandatos de prefeito, deputado estadual, deputado federal e governador. Mas a autocrítica, que faltou a alguns candidatos a prefeito na Grande Vitória, não passou longe de Max. Sem citar casos concretos, o prefeito afirmou em algumas oportunidades no segundo turno que amadureceu e que aprendeu com os erros cometidos no passado. Agora, eleito com o saldo de 119.872 votos (36.250 a mais do que Neucimar, o que representa 11,4% do eleitorado da cidade), o deputado federal voltou a falar com a coluna na noite de segunda-feira (31), logo após uma reunião, sobre a sua evolução como pessoa e como político. “Fui prefeito há 16 anos. Eu tinha 32 anos de idade. A gente vai acumulando experiências. A vida é isso. Essas experiências nos fazem amadurecer”. Max Filho ainda afirma que não se deixou levar pelas provocações de Neucimar Fraga, pois para ele ser comparado ao pai é uma homenagem. “Max Mauro é um dos [políticos] mais experientes e preparados que o Estado produziu. Sempre esteve do lado certo da história. Para mim nunca foi demérito”. Derrotado em 2012 nas eleições municipais, quando mais de 20 mil votos o tiraram da disputa pelo segundo turno, mas enaltecido em 2014, quando se elegeu como o terceiro deputado federal mais votado no Espírito Santo, Max Filho agora tem a chance de redimir sua “culpa” pelo isolamento que depositou a cidade quando foi prefeito, dar prosseguimento aos bons feitos de Rodney Miranda e corrigir os erros da administração do demista. Numa coletiva de imprensa concedida também nesta segunda, informou que já trabalha pela formação de uma equipe de transição e que todos os dados levantados serão publicados num site criado exclusivamente para dar transparência ao processo. Assim que os resultados do grupo estiverem levantados é que Max deverá apontar nomes para o seu secretariado e traçar as primeiras medidas do seu governo.

O primeiro da Grande Vitória

Max Filho foi o primeiro prefeito eleito na Grande Vitória a ser recebido pelo governador Paulo Hartung (PMDB) no Palácio Anchieta. Na pauta do encontro, do qual também fez parte o vice-governador Cesar Colnago (PSDB), a manutenção de parcerias na área de infraestrutura do município. Perguntado se foi o primeiro a ser chamado pelo governo para demonstrar que haverá união com a prefeitura, diferentemente da última vez, Max esboçou uma opinião diferente. “Todos os demais [Luciano, Audifax e Juninho] já estão à frente de suas máquinas. Sou o único que estou entrando de fora”, pontuou o tucano.

Não perde tempo

Político nato, Neucimar Fraga não vai deixar seus 83.622 votos irem embora. Nem se somarmos os votos de Rodney Miranda, Rafael Favatto (PEN), Vasco Alves (PPL) e Liu Katrini (PSOL) no primeiro turno esse quantitativo é alcançado. Em conversa com a coluna, o correligionário de Gilberto Kassab afirmou que irá começar a reunir seu grupo político para projetar 2018. Caso nada mude até lá, ele pretende se candidatar a deputado federal. Nas eleições de 2014, quando disputou uma vaga no Senado, Neucimar obteve 522.920 votos, desbancando João Coser (PT), que contabilizou 338.810. Mas o montante não foi páreo para Rose de Freitas, que cravou 776.978 nas urnas.

É muita coisa

Se somarmos as abstenções, votos brancos e nulos na Grande Vitória chegamos a 329.160 eleitores que abriram mão de opinar na segunda fase do pleito. Com esse quantitativo daria para eleger Max Filho, Juninho, Audifax Barcelos e ainda sobrariam 5.313 votos para doar para mais algum candidato. Além disso, o número representa nada menos do que 12,1% de todo o eleitorado do Espírito Santo.

Cenário

Num 2018 não muito distante, a disputa pelo governo do Estado deve pegar fogo. Em um possível cenário integram o ‘ringue’ Rose de Freitas, Cesar Colnago, que foi um cabo eleitoral e tanto nestas eleições, e Renato Casagrande (PSB), que conseguiu reeleger Audifax e Luciano.

Parceria

O deputado estadual Amaro Neto (SD) saiu maior do que entrou do processo eleitoral na capital do Estado, na medida em que quase impôs uma derrota ao prefeito Luciano Rezende. Entretanto, Amaro não conseguiu eleger seus candidatos na Grande Vitória. Marcelo Santos (PMDB), que recebeu muitas visitas do colega deputado, perdeu em Cariacica e Sergio Vidigal (PDT) também perdeu na Serra. Em Vila Velha o Solidariedade estava no palanque de Neucimar, sobre o qual Max levou a melhor.

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