Por Weverton Campos ([email protected])
Apesar de não admitir oficialmente, o Palácio do Planalto tem se preocupado bastante com o movimento de familiares de policiais militares no Espírito Santo, que desde a sexta-feira (3) impedem viaturas de sair dos batalhões. O maior medo do governo federal é que a “moda pegue” em outros Estados, uma vez que no Rio de Janeiro, vizinho do Espírito Santo, já existe registro da paralisação de parte do efetivo. A Polícia Militar de Estados como Pará, Paraíba, Minas Gerais e Rio Grande do Norte também já teriam sinalizado interesse em fazer movimentos semelhantes.
Impasse
Apesar de o governo do Estado ter fechado acordo na última sexta-feira (10) com as associações representativas dos policiais, que não assumem a responsabilidade pelo movimento reivindicatório, os familiares dos policiais insistem em permanecer acampados em frente às unidades.
Sinal vermelho
De todos os Estados, o que mais preocupa o governo federal é justamente o Rio de Janeiro. Maior símbolo do país mundo afora, o Estado carioca não poderia ter um período pior do que o carnaval para ver suas forças de segurança paralisadas. Lotado de turistas nessa época do ano, um caos na polícia deflagraria um escândalo internacional que causaria arranhos ainda maiores à imagem do presidente Michel Temer (PMDB).
Apagando incêndio
Temer incubiu a diversos ministros a responsabilidade de dar fim de uma vez por todas ao problema na PM capixaba. Além de Raul Jungmann, titular da Defesa, a dificílima tarefa foi atribuída a José Levi Mello (Justiça), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional). Todos estiveram no Espírito Santo neste sábado (11).
PGR
Também no Espírito Santo, o procurador-geral da República Rodrigo Janot anunciou que estuda a possibilidade de pedir a federalização de crimes como o motim de PMs. Janot diz acreditar que se pode ter uma solução pacífica para o impasse.
Efeitos colaterais
Outra preocupação do Planalto e do governo do Estado é, em vez de intimidar as categoria ao anunciar possíves punições, criar um sentimento de comoção nacional na PM, provocando união dos policiais e reforço do movimento dos familiares. Difícil imaginar que Exército e Força Nacional dariam conta do recado.
Clareza
Em nota divulgada pela assessoria da presidência na última sexta, Temer deixou bem clara sua desaprovação ao protesto. Disse que condena a “paralisação ilegal” e que o “comportamento” é “inaceitável”.
Voo
Assim como ocorreu no Rio, a PM do Espírito Santo realizou o transporte via helicóptero de policiais que estavam no Quartel do Comando Geral e queriam trabalhar, mas eram impedidos pelo movimento dos familiares.
Números
Além dos 70 PMs que, segundo o governo do Estado, foram retirados pela aeronave, outros 600 policiais teriam atendido ao chamado operacional do Comando e retornado ao trabalho nas cidades de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Cachoeiro de Itapemirim. Grande parte desse efetivo estava de férias.
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