Na reta final tudo pode acontecer

O prazo para decidir está se esgotando

O calendário eleitoral se espreme. Domingo (5) é o último dia para realizar convenções partidárias e homologar os nomes dos candidatos dos partidos e também das coligações entre as siglas. Um clima de suspense e de tensão se acumula naturalmente nesse momento. Ainda mais com uma dose extra de incerteza que paira no ar vindo do Palácio Anchieta.

O mestre do disfarce

Há cerca de um mês, o governador Paulo Hartung vem mexendo com os nervos do mercado político. Primeiro, desistiu de uma candidatura à reeleição e embaralhou as cartas em pleno período de fechamento de alianças. Depois, deu sinais de que voltaria atrás da decisão, e, durante 24 horas, colocou novamente os bastidores da política capixaba em polvorosa. Esta semana, quando tudo parecia encaminhado para uma eleição polarizada entre Renato Casagrande e Rose de Freitas, eis que surge uma névoa de indefinição no ambiente, com pitadas de viagem silenciosa a Brasília e tudo. Afinal, Paulo Hartung está mesmo fora da eleição?

“Alvorada”

Esta semana, o emedebista não compareceu a duas cerimônias oficiais nas quais, em “condições normais de temperatura e pressão”, certamente marcaria presença. A primeira, a abertura da exposição Alvorada, no Palácio Anchieta, da artista capixaba radicada na Alemanha, Rose Ludoviko. É notório o apreço de Hartung pelas atividades culturais, ainda mais no Palácio Anchieta onde ele próprio criou um espaço de arte.

Guaçuí

A outra ausência de Hartung foi anunciada por ele mesmo, na inauguração da Rede Cuidar no município de Guaçuí, hoje à tarde. O projeto é uma das jóias da coroa de Hartung, que trata as políticas de promoção da saúde pública. E a cidade, bem, é o lugar onde ele nasceu.

Inelegível

Em pleno exercício do cargo, Hartung estaria inelegível pela legislação eleitoral se comparecesse a alguma cerimônia oficial do Governo. Ou seja, ao enviar representantes às duas solenidades, deixou a impressão de que ainda pode se tornar candidato. A ida dele à Brasília, sem avisar ninguém, a retirada do nome de Amaro Neto da candidatura ao Senado, com declaração de que, apesar do apoio chancelado à Rose, “se for verdade eu venho candidato a deputado federal com Paulo Hartung”,bem como todas as implicações que esses movimentos podem conter, só aumentam a expectativa daqui até domingo, quando tudo ainda pode acontecer. 

Novo Conselheiro

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa definiu quando se dará a escolha do substituto para a vaga de José Antonio Pimentel no Tribunal de Contas. O novo conselheiro será revelado na próxima terça (7), às 15h. Sete nomes estão no páreo: um conselheiro-substituto (Marco Antonio da Silva, indicado pelos deputados Da Vitória/PDT e Rafael Favatto/Patriota); quatro auditores de contas  (Alexsander Binda, Odilson Barbosa Souza Junior e Holdar de Barros Figueira Netto, indicados por Sergio Majeski/PSB, além de Jaderval Freire Junior, indicado por Euclério Sampaio/DC, antigo PSDC); e dois deputados (Dary Pagung/PRP e Rodrigo Coelho/PDT). O franco-favorito para ficar com a vaga é Coelho, que é líder do governo na Assembleia e obteve assinatura de apoio de 23 deputados. Marcelos Santos (PDT), sondado como possível concorrente, não registrou inscrição. Há ainda uma segunda vaga em vias de ser aberta, do conselheiro Valci Ferreira.

Psol reclama do bispo

Pegaram mal dentro do Psol as declarações do arcebispo de Vitória, D. Luiz Mancilha Vilela. Em um vídeo divulgado na internet, D. Luiz critica a tentativa de mudar os artigos 124 e 126 do Código Penal que proíbem a interrupção voluntária da gravidez. A discussão sobre liberar o aborto até a 12ª semana de gestação está no STF por proposição do Psol. O arcebispo disse que “não é um partido, não é um juiz que tem poder para dar licença para matar alguém”. Em outro trecho, conclama os fiéis a prestarem atenção, pois “políticos que defendem o aborto não merecem o nosso voto”. 

Interpelação

O Psol considerou a fala ofensiva. Os dirigentes do partido farão uma interpelação judicial ao arcebispo, na Vara Criminal de Vitória. A sigla informa que defende o direito à interromper a gravidez até a 12ª semana em função das estatísticas que mostram mais de 200 mil internações por abortos voluntários e cerca de 1.600 mortes ocorridas entre 2015 e 2016, sendo que a maioria das vítimas é de mulheres pobres e negras.

Vereadores e eleição antecipada

A disputa eleitoral de 2018 tem ingredientes de eleição antecipada em Cariacica. Três vereadores que estavam no grupo do deputado Marcos Bruno (Rede)  já bandearam para o lado do prefeito Juninho (PPS), que também estaria “pulverizando” candidaturas à Assembleia nos bairros onde o parlamentar tem mais presença a fim de dificultar a vida do redista. Se for reeleito agora, Marcos Bruno fortalecerá o nome dele à disputa pela prefeitura em 2020. Há seis anos na política, a rápida ascensão preocupa o adversário. Em tempo: Marcos Bruno disputou a eleição contra Juninho e o deputado estadual Marcelo Santos (PDT) em 2016, mas não foi para o segundo turno (no qual declarou apoio à Juninho, que se reelegeu). Apesar disso, acabou não tendo o espaço que pretendia na gestão municipal.

Sem fala

Depois de ter se notabilizado por “soltar o verbo” nas redes sociais durante o movimento paredista da PM, em fevereiro de 2017, o coronel Carlos Alberto Foresti ainda não disse a que veio nessa disputa ao governo do estado. Na reunião promovida pelo PSL esta semana com a presença de Jair Bolsonaro, Foresti não se atreveu sequer a fazer uma fala ao público presente – cerca de mil pessoas.

Vai dar tudo certo (apesar da música)?

Rose de Freitas se consolida com uma candidatura apoiada oficialmente por um leque de partidos, e agora aguarda a divulgação de novas pesquisas para ver se a musculatura partidária se traduzirá em um melhor aceite de seu nome junto à opinião pública. Na convenção do Podemos, recebeu os dirigentes dos partidos aliados – incluindo Lelo Coimbra, do MDB do qual a senadora fazia parte, com direito a elogios e tudo. Fora o deslize de tocar a música do pedetista Sergio Vidigal na convenção da Rede de Audifax Barcelos (os dois são adversários ferrenhos), está dando tudo certo até aqui nos planos de Rose.

Favoritismo?

Renato Casagrande, por sua vez, sobreviveu ao isolamento político a ele imposto nos últimos 4 anos pelo governador Paulo Hartung, “comendo pelas beiradas” e fazendo movimentos por meio da Fundação João Mangabeira – órgão de formação política do PSB -, a qual preside. “Catou” a dedo pessoas por todo o Espírito Santo para compor uma chapa completa, e, no último mês, viu seu arco de alianças multiplicar em função da saída do adversário do páreo. Agora, deve ter habilidade para fechar as coligações proporcionais para federal e estadual, a fim de confirmar a presença de todos os que vêm manifestando “simpatia” e interesse em oficializar aliança. Faltam dois dias para conhecermos não só os jogadores, mas saber também com camisas de quais times eles entrarão em campo; e ainda, quantas “equipes” vão disputar a “taça”.

  • O crédito da foto da coluna é de Kamram Jebreili, da Associated Press.