Domingo democrático
Nada como a democracia, não é mesmo? Neste domingo, milhões de brasileiros foram às urnas e decidiram quem será o próximo presidente da república. Mais do que isso, decidiram qual será o projeto que o Brasil terá na condução da política e da economia – ao menos para os próximos 4 anos. Confirmando a tendência já verificada pelos institutos de pesquisa, venceu o projeto da mudança. A despeito do medo de que fosse um “dia de cão”, o que se viu foi a normalidade do republicanismo, num país que tem instituições sólidas para garantir a existência de um Estado Democrático de Direito.
Domingo democrático II
Ainda assim, tratou-se de uma eleição plebiscitária, em que a maioria da população provavelmente escolheu votar contra alguém, e não a favor. À exceção dos petistas e bolsonaristas de carteirinha, e de uma parte do eleitorado propenso à boa fé e à esperança em dias melhores, em uma parcela significativa a escolha se deu sobre qual candidato e projeto político por ele representado não era merecedor do voto, muito mais do que pela identificação com o outro.
Respeito à vontade popular
De todo modo, é importante que a eleição tenha transcorrido em clima de urbanidade republicana, e que vencedores e vencidos tenham baixado a guarda beligerante que deu o tom da disputa até a reta final. Dito isto, cabe considerar também que a eleição, além de escolher o próximo presidente, serviu para derrubar algumas preocupações geradas na opinião pública por meio do artifício das malfadadas fake news, que se espalharam como vírus no auge da epidemia.
Urna eletrônica
A primeira delas, sem dúvida, foi a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas. Muita besteira a esse respeito foi veiculada nas redes sociais – em especial pelo whatsapp -, inclusive por gente que, em tese, deveria ser mais bem informada acerca do assunto. No domingo, viu-se que o sistema de votação eletrônica permanece seguro e confiável, longe das teorias da conspiração. Espero que essa fake news não volte a rondar mentes e corações de ninguém mais.
Pesquisas
Outra falácia que influenciou muita gente foi a suposta manipulação por parte dos institutos de pesquisa de opinião. Dia após dia, as pesquisas foram revelando os recortes de momento sob olhares desconfiados. No sábado, 24h antes do pleito, cravaram números que, ao final, vimos, retrataram o resultado à quase exatidão. Igualmente importante saber que as pesquisas são fiéis à realidade, porque formam, em conjunto com a imprensa e os órgãos de controle eleitoral, uma base na qual a sociedade pode se fiar – e seria muito ruim, afinal, se a credibilidade desse conjunto informacional permanecesse sob essa suspeição infundada.
Zap zap
Uma semana antes da eleição, foi a Polícia Federal que esfarelou o “mito” que mais desserviço prestou à campanha, quando abriu os olhos do cidadão comum, ao revelar que, por mais que seja uma ferramenta extraordinária de comunicação, um aplicativo de celular por si só jamais substituirá o trabalho da imprensa. Durante a eleição, na grande maioria, os conteúdos disseminados não continham informações verdadeiras, análises coerentes nem qualidade informacional. Como jornalista, me entristece ver pessoas – muitas de bom nível de instrução, inclusive – desacreditarem a Justiça Eleitoral, a imprensa, os institutos de pesquisa, a própria estrutura social que vigora no país, com base em uma enxurrada de mentiras. Fica para elas a lição.