Enquanto os demais partidos já anunciaram vários pré-candidatos de Norte a Sul do Estado, o MDB parece ter apenas um nome: Dr. Hércules Silveira. Pré-candidato à prefeitura de Vila Velha, o deputado prefere adotar um discurso apaziguador ao ser questionado sobre a briga interna do partido. “Um partido deveria ser como uma família. Fico triste. Lamento muito. O meu desejo é que a Convenção ocorra, demonstrei isso ao ter ido ao evento”, disse o deputado referindo-se a mais recente tentativa do partido de eleger o novo comando da sigla.
Justificativas
A Convenção estava marcada para o último dia 16 e foi cancelada um dia antes pela Comissão Provisória do MDB, presidida por Lelo. O ex-deputado apontou três justificativas para a medida.
I
A decisão da justiça de validar a chapa liderada por Marcelino, no dia 12 deste mês, que havia sido impugnada pelo Diretório Regional por causa da condenação dele em duas instâncias.
II
Segundo Lelo, após recurso da Comissão Provisória estadual do MDB, o desembargador informou que as ponderações feitas pela Comissão eram corretas e mereciam uma análise detalhada. “Como a Convenção ocorreria em dois dias ele preferiu dar de maneira sub judice o direito à chapa encabeça por Marcelino de concorrer para uma análise posterior”. A Comissão entendeu que a Convenção poderia ser iniciada e os votos poderiam ser recolhidos. Mas, nada de abrir a urna. “Como abre a urna e proclama um resultado se uma das partes que concorre está sub judice, portanto, podendo perder o direito de concorrer?”.
III
Ainda segundo o ex-deputado federal, no último dia 14, a chapa adversária validou sete diretórios municipais. “A competência de fazer isso é do Diretório Regional”, argumentou. “Em função desses três itens, em conversa com a Executiva Nacional, a Comissão Provisória tomou a decisão de fazer o cancelamento da Convenção”. Ainda assim, a votação foi realizada de forma improvisada pelo grupo de Marcelino Fraga. “O que houve foi uma fantasia para tentar validade junto a algum juiz desavisado”.
Paulo Hartung
Lelo Coimbra negou que Paulo Hartung esteja por trás de decisões tomadas pelo partido. Disse que esse tipo de discussão faz parte da “fantasmagoria” que o governo atual e o próprio governador inventaram. “Eu não consigo entender como alguém com um ano de governo se preocupa com um fantasma. É como se o Paulo Hartung estivesse arrastando uma corrente no Palacio Anchieta assustando o governador”.
Outro lado
Obviamente, a visão do adversário de Lelo, Marcelino Fraga, é bem diferente. Afirma que o interesse de Lelo é o fundo partidário. “Ele está perdendo o limite das coisas. Não quer respeitar decisão judicial. Não pode estar acima da lei”.
Votação
Na visão de Marcelino, o pleito foi cancelado um dia antes porque o grupo de Lelo não queria respeitar a decisão judicial, que determinava a participação da chapa de Marcelino na Convenção. Sobre o evento improvisado realizado no dia 16 pelo grupo dele, o ex-deputado federal disse que recorreu à Justiça para o reconhecimento da votação e posterior homologação do resultado no TRE. “Um oficial de Justiça viu que o recinto estava fechado. Resolvemos fazer na praça. Quando Lelo dicidiu na noite anterior cancelar o evento, achou que não teria quórum, e teve”.
Casagrande
O ex-deputado federal afirma ter relação pessoal com o governador. “Tenho o maior prazer de ser amigo de Casagrande. Ele torce pra minha eleição, é natural”.
Futuro do partido
Marcelino defende que o partido precisa ouvir a base. “Tomara que a hora que acabar a briga a gente tenha tempo de articular pra ir pra eleição municipal mais fortalecido. Lelo não está deixando a base ser ouvida”. Sobre o impasse, nenhum dos lados parece abrir mão da liderança do Diretório Estadual. “Ele sabe que tem um cara que é persistente. Eu vou até o fundo do poço. Eu e as pessoas que não estao satisfeitas”.