Está forte e acirrada a disputa entre partidos de Direita e do Centrão pelo passe do presidente Bolsonaro. O PTB, que já foi cotado para abrigar o capitão, não perde a esperança e refez o convite ao Presidente – estendendo, localmente, o convite ao ex-deputado Carlos Manato. Os convites vieram após um encontro da Executiva nacional com os representantes dos diretórios estaduais – o primeiro com a presidente interina Graciela Nienov e os líderes regionais após o presidente afastado do partido, Roberto Jefferson, escrever cartas, da prisão, com críticas a Bolsonaro.
“Nós decidimos que, independente de Bolsonaro estar ou não no PTB, nós iremos apoiá-lo. Todos os diretórios aprovaram a decisão, foi unânime. Foi dado conhecimento ao Jefferson, mas ele não está respondendo pelo partido por estar afastado”, disse Tenente Assis, cotado para ser candidato do PTB a uma vaga à Câmara Federal, ano que vem.
Segundo ele, foi refeito o convite a Bolsonaro e a Manato. “A Executiva nacional quer que priorize as candidaturas majoritárias. Então, nosso convite a Manato é para ele disputar o governo do Estado”, disse Assis. Também haveria espaço para a deputada federal Soraya Manato (PSL). “Ela pode disputar a reeleição ou o Senado. Dentro de uma construção, ela pode vir na chapa federal, se ficar muito pesada (a chapa) eu posso ir para o sacrifício e disputar o Senado. A Nacional nos deu liberdade para decidir”.
“Fiquei noivo!”
Quem está torcendo para Bolsonaro aceitar o convite é Manato. “Seria ótimo pra mim porque já tenho o convite para ir pra lá (PTB)”. Manato disse que o nível de compromisso com a legenda subiu um degrau. “Saí do namoro, agora estou noivo”. Porém, ele ainda não bateu o martelo e irá aguardar a decisão do Presidente.
Assis dá a garantia: “Nós somos o único partido totalmente de direita, tanto que em 2020 proibimos coligações com partidos de esquerda, com o DEM e com o PSDB, e vamos ter a mesma resolução em 2022”, disse Assis.
O que impede?
Em comparação ao PP e ao PL, o PTB é um partido pequeno. Tem uma bancada de 10 deputados federais e isso resultaria num tempo de TV e numa parcela dos fundos públicos para campanhas menores com relação ao PP, que tem 38 deputados, e o PL, com 33. Mas, estar num partido pequeno nunca foi problema para Bolsonaro.
Em 2018 ele disputou a eleição pelo PSL, que em 2014 havia eleito apenas um deputado federal. A presença de Bolsonaro no partido fez o PSL dar um salto de uma para 52 cadeiras, ficando com a segunda maior bancada partidária na Câmara Federal. Tendo 2018 como exemplo, há a tendência de aumentar a procura por filiação ao partido que Bolsonaro se filiar e o PTB, que não é bobo nem nada, sabe disso.
Por outro lado, Bolsonaro pode estar atrás de juntar outra legenda, uma vez que já possui a garantia de que o PTB está fechado com ele. Isso aumentaria o espaço para abrigar aliados, os recursos para as campanhas e o tamanho de sua influência partidária.
Haveria também, nos bastidores, uma rixa antiga entre PL e PTB que, somada a outros “causos”, estaria também atrasando a decisão de Bolsonaro. Nacionalmente, o PL não aceitaria Bolsonaro no PTB por conta de resquícios do esquema do mensalão – foi Jefferson quem denunciou o esquema, responsável pela condenação e prisão do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
Nos bastidores, a informação é que o “dono” do PL é contra o Presidente entrar no PTB porque isso fortaleceria o partido que, na visão de Costa Neto, o teria traído. Mês que vem vai completar oito anos desde que Costa Neto foi condenado, mas a mágoa estaria mais viva do que nunca. Mas também precisa ser avaliado se o dirigente partidário estaria em condições de exigir qualquer coisa de Bolsonaro, principalmente se for verdade que ele mandou o Presidente e os filhos tomarem naquele lugar.
Magno Malta de vice?
Ontem (16) também começou a circular um burburinho nos bastidores de que estaria sendo costurada a possibilidade do ex-senador Magno Malta (PL) ser vice na chapa de Bolsonaro à reeleição. Seria uma forma de apaziguar a situação com o PL e liberar o Presidente para se filiar a outro partido, por exemplo, o PP. “Falava-se isso aqui nos corredores. Pode ser um caminho”, disse o deputado federal Evair de Melo (PP), muito interessado nessa possibilidade, já que a entrada de Bolsonaro no PP pode mudar os rumos da legenda no Estado – hoje na base aliada do governador Casagrande.
Aliados de Bolsonaro afirmam que o ideal seria ter um vice do Nordeste – região onde o Presidente tem baixa aprovação popular –, mas isso não descartaria totalmente Magno que, embora tenha feito carreira e vida política no Espírito Santo é, na verdade, baiano.
Em 2018, Magno Malta foi convidado por Bolsonaro para ser vice em sua chapa, mas rejeitou o convite, confiando que seria reeleito ao Senado. Terminou a eleição em terceiro lugar. Também foi cotado a virar ministro, mas não emplacou. Andou um tempo mergulhado e agora retornou ao cenário político pra cima e pra baixo com Bolsonaro – inclusive está em Dubai, na comitiva presidencial. O tesoureiro do PL-ES e assessor de Magno, Carlos Salvador, reafirmou que o ex-senador é pré-candidato ao Senado.
Onde há fumaça…
Coincidência ou não, foi marcada às pressas uma reunião para esta quarta-feira (17) entre o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e os presidentes de todos os diretórios estaduais do partido, na sede da sigla em Brasília.
A reunião está marcada para as 15 horas e a pauta seria para debater sobre os últimos acontecimentos – o “casa, não casa” com Bolsonaro. Até o fechamento desta edição não tinha sido definido quem iria representar o Espírito Santo na reunião.
PRTB corre por fora
Enquanto os partidos maiores não se definem, os nanicos correm por fora. O PRTB, do finado Levy Fidélix e do vice-presidente, Hamilton Mourão, formalizou um convite de filiação ao presidente Bolsonaro. E não só a ele. Numa postagem na rede social do partido, disse que o convite é para os filhos do Presidente, para a base parlamentar e para os apoiadores de todo o País.
O partido cita, a seu favor, que foi o único a coligar com Bolsonaro em 2018, que tem o vice-presidente, Mourão, que teria confirmado que continuará filiado e ainda teria sugerido a filiação de Bolsonaro. O partido também garantiu palanques nos estados, para a campanha.
O PRTB também avoca para si os “valores conservadores”: “A solidez nos propósitos de uma sociedade mais justa e próspera, com princípios e valores genuinamente conservadores, nos farão marchar juntos não apenas nas eleições de 2022, mas também nas eleições futuras, juntos ou coligados, garantindo assim o legado conquistado nas urnas”, diz trecho da postagem do partido no Instagram.