Conhecido por sua atuação como bombeiro das labaredas políticas com foco no Palácio do Planalto, o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD), esteve em Vitória nesta terça-feira (07) horas antes da cerimônia de assinatura dos termos de autorização das empresas que venceram o leilão para a implantação do 5G no Brasil.
Fábio veio para participar do 6º e último encontro do Folha Business no ano – evento promovido pela Rede Vitória e Apex Partners – que debateu a nova tecnologia, mas também abordou o futuro político do ministro, que é cotado para ser vice numa eventual chapa do presidente Bolsonaro à reeleição.
Ele tem alguns atributos que enchem os olhos da base aliada do Presidente: é jovem (tem 44 anos), nordestino (região onde Bolsonaro tem maior rejeição), vai migrar para o PP (ex-partido de Bolsonaro, um dos principais do Centrão e que deve indicar o vice), tem bom trânsito com empresários (que andam um pouco desconfiados das políticas do governo federal) e tem perfil conciliador (para dosar com o temperamento explosivo e imprevisível do Presidente).
Em entrevista para a Coluna De Olho no Poder, Fábio garantiu que a época dos conflitos entre o Executivo e outros poderes – principalmente com o Supremo Tribunal Federal – “ficou no passado”, disse que tem atuado como interlocutor entre o Presidente e os demais poderes, mas não ficou com o crédito sozinho, disse que o ministro Ciro Nogueira – presidente do seu futuro abrigo partidário – também ajudou na pacificação. Já quanto a ser vice de Bolsonaro, Fábio saiu pela tangente. Leia a entrevista:
De Olho no Poder – Seu nome já está colocado nos bastidores como um possível vice do presidente Bolsonaro, inclusive contando com sua mudança partidária. Há essa possibilidade?
Ministro Fábio Faria – Eu estou indo para o PP mesmo. É uma decisão de seis meses atrás que eu tomei, não tem nada a ver com a filiação do presidente ao PL. Hoje eu sou candidato a fazer um bom trabalho como ministro, tenho que cumprir minhas missões. Não estou pensando em 22, mas o meu trabalho político do ano que vem é ser pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte. Até porque ninguém é candidato a vice. Vice é uma composição dos partidos da aliança do Presidente. Eles irão escolher e espero que escolham o melhor nome. Não tem como eu me candidatar para essa vaga porque não é uma escolha pessoal, ninguém se candidata a vice.
Caso o seu nome seja escolhido, o senhor toparia?
Isso a gente vai ver lá na frente. Estou focado mesmo na pré-candidatura ao Senado, é nisso que estou trabalhando.
Como o senhor vê a entrada do ex-ministro Sérgio Moro na disputa? Divide os votos de Bolsonaro?
Acho que a terceira via, com Sérgio Moro, João Doria e com vários outros candidatos concorrendo, vai dividir os votos. Não vejo nenhum com nenhuma possibilidade de chegar ao segundo turno. A eleição vai ser Bolsonaro e Lula. Os votos do Moro – que busca o eleitorado de centro e de direita – ou vão para Bolsonaro ou vão para nulos e brancos. Não migrarão para Lula. Então eu vejo que Moro ajuda o Presidente no segundo turno, mesmo sem ele apoiar – porque não irá apoiar, até pela forma como ele saiu do governo, traindo o presidente Bolsonaro. O eleitor que vai votar nele no primeiro turno tende a votar para derrotar o PT no segundo turno. Então, é uma candidatura que ajuda o Presidente.
O senhor tem fama de ser conciliador no governo Bolsonaro e atuar como bombeiro…
É o papel do político conciliar, estou no parlamento há 15 anos, e lá tratamos com a extrema-direita, extrema-esquerda, centro e temos que chegar a um acordo. Somos acostumados a tentar entender o outro lado, buscar uma saída que busque o entendimento de todos, de todas as partes. E o governo vem de um conflito, porque o Presidente derrotou um grupo político que vinha governando o Brasil há quatro mandatos. Então esse sistema todo, montado pelo PT, não aceitou a eleição do Presidente, e vivemos, desde o primeiro dia de governo, conflitos diários. Depois veio conflitos com o Supremo, com o Congresso, e assim eu fui uma das pontes (para a conciliação).
Não fiz isso sozinho, muitos ajudaram. Mas, principalmente nos momentos de conflitos com o STF, fui um dos interlocutores. No Congresso Nacional, a entrada do Ciro Nogueira (ministro da Casa Civil) ajudou muito. Ele também é um político conciliador, tem uma bagagem muito grande e um respeito do Congresso, o que tem ajudado muito. Não teremos mais conflitos com o Supremo e com o Congresso, isso ficou no passado, serviu de aprendizado dos dois lados.