Capitão da PM entra na briga pelo Palácio Anchieta e parecer inocenta policial antifascista

Palácio Anchieta

O capitão da PM Vinicius Sousa anunciou sua pré-candidatura ao governo do Estado pelo PSTU – partido de esquerda que deve se filiar em breve, já que a lei eleitoral não permite a policiais da ativa terem filiação partidária.

Capitão Sousa é membro do grupo Policiais Antifascismo e responde a ações na Corporação por ter participado de manifestações nas ruas (à paisana e em seu período de folga) contra o governo federal. Ele responde a dois PADs (processo administrativo disciplinar), sendo que o segundo é por ter dado entrevista comentando o primeiro, e também a dois IPMs (inquérito policial militar).

Capitão Sousa deve se filiar ao PSTU para a disputa ao governo

Em 2020, Sousa também participou das eleições municipais. Ele se filiou à Rede e foi candidato a vice-prefeito de Cachoeiro, na chapa com a petista Joana D’Arck. Dos 12 candidatos que disputaram, a chapa de Joana e Capitão Sousa ficou em sétimo lugar, com 2,16% dos votos.

“Com sua candidatura, o capitão pretende denunciar o atual sistema político que serve aos ricos, exploradores das classes trabalhadoras, e explicar que apenas com a mobilização e organização populares teremos mudanças reais na política e assim garantir dignidade humana e qualidade de vida à toda a população”, diz trecho da carta à sociedade sobre a pré-candidatura de Sousa, assinada pelo PSTU e pelo Polo Socialista Revolucionário.

“Revolução brasileira”

Questionado sobre qual seria sua principal bandeira de campanha, Capitão Sousa fez coro à carta: “A eleição por si só não resolve. Esse sistema político é um cadáver em praça pública e todos nós do povo temos consciência disso. O Estado não serve ao povo, serve aos que há séculos exploram e roubam nossos recursos, riquezas e meios de produção, gerando desemprego, miséria e barbárie. E essa falsa ‘democracia’ é para muito poucos, a riqueza não fica com quem produz, e nós não temos que aceitar nada disso”, disse Sousa.

Disse ainda que a “verdadeira democracia” só poderia ser conduzida pelos trabalhadores. “A classe trabalhadora é a única que gera riqueza, portanto a única capaz de promover uma ruptura, e de conduzir a uma democracia verdadeira, popular, baseada em conselhos populares de comunidades e trabalhadores, iniciando o processo da Revolução Brasileira. Isso requer consciência crítica, organização e mobilização, e é nesse sentido que trabalhamos”, afirmou.

Além de Sousa, outros oito pré-candidatos ao governo já estão na área, embora nem todos ainda tenham sido formalizados. São eles: o deputado federal Felipe Rigoni (União), o senador Fabiano Contarato (PT), o presidente da Assembleia Erick Musso (Republicanos), o ex-deputado Carlos Manato (PL), o ex-prefeito Audifax Barcelos (Rede), o professor Aridelmo Teixeira (Novo), o ex-prefeito Guerino Zanon (PSD) e o governador Renato Casagrande (PSB) que, embora não tenha admitido que irá disputar, é com o nome dele que seu partido conta para a eleição.

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Parecer de IPM inocenta cabo antifascista por postagens em redes sociais

O coordenador do movimento Policiais Antifascismo no Estado, cabo Vinícius Querzone, obteve um parecer favorável no Inquérito Policial Militar (IPM) a que responde na Polícia Militar. Querzone foi acusado de “conspurcar” (manchar) a imagem da Corporação por conta de postagens no perfil do Instagram do movimento.

A acusação era de que Querzone “teria publicado em rede social, Instagram, fala ofensiva à estrutura das Polícias Militares, discurso sobre assuntos de segurança pública, além de publicar nota tecendo ofensas à PM do Espírito Santo”.

Foram anexadas oito imagens e dois vídeos postados no perfil do movimento que continham críticas ao governo federal. Numa delas, Querzone aparece tomando a vacina contra a Covid e segurando um cartaz com a inscrição: “Viva o SUS, fora Bolsonaro!”.

Querzone prestou depoimento e negou que tenha feito críticas à PMES. Ele foi questionado por supostamente ter feito uma defesa de legalização das drogas, tendo dito que “a questão das drogas deve ser tratada como política de saúde pública e não como questão de polícia.” Ele também foi questionado sobre uma nota publicada no perfil do grupo em solidariedade ao Capitão Sousa, pelos processos sofridos após ele participar de uma manifestação de rua contra o governo federal.

Postagem que foi anexada ao processo

A coluna teve acesso ao relatório do IPM instaurado e, nele, o encarregado do inquérito concluiu que “não houve a prática de crime de natureza militar e/ou comum a ser imputado ao militar”. O relatório agora será encaminhado ao corregedor-geral da PMES que definirá se segue o relatório e arquiva o IPM ou se discorda do relatório e o envia para o Ministério Público, que define se entra com ação penal ou não.

Em novembro do ano passado, quando se tornou público os processos contra os dois policiais, a coluna questionou à PM sobre os motivos dos processos, se outros policiais que foram a manifestações favoráveis ao governo federal ou que pediram o fechamento do STF também estariam respondendo a PADs e, em nota, a PM informou que os processos na Corregedoria são sigilosos, mas que todos os integrantes da Corporação estão vinculados às premissas disciplinares do Código de Ética, independente de postos ou graduações, ou de inclinações ideológicas ou partidárias, negando que estaria ocorrendo perseguição política.