Durante os 50 minutos da entrevista que deu ao programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, na rádio Jovem Pan News Vitória (90.5 MHz), nesta quinta-feira (07), o professor Aridelmo Teixeira, que é pré-candidato ao governo pelo partido Novo, citou pelo menos três vezes o governador mineiro e correligionário, Romeu Zema.
O mineiro é considerado um case de sucesso dentro do partido, que já avalia a possibilidade de romper com a tradição de só formar chapas puro-sangue e fazer coligações, com indicações de vice e Senado de outras legendas, para fortalecer a candidatura à reeleição do governador.
Com os olhos fitos no exemplo do estado vizinho, tanto que ao anunciar sua pré-candidatura fez questão de gravar um vídeo com o apoio do governador mineiro, o professor e ex-secretário da Fazenda da Prefeitura de Vitória afirmou que sua pré-candidatura “tem tudo para decolar” e é irreversível.
“A candidatura do Aridelmo pelo partido Novo veio para ficar, é irreversível, definitiva. Acreditamos ter o melhor projeto, a melhor equipe, a maior capacidade de dialogar, de ouvir e de resolver problema. Nossa candidatura tem tudo para decolar. O governador Zema revolucionou Minas, mas em março de 2018, Zema tinha menos intenção de voto do que Aridelmo tem hoje”, disse o professor, sem citar os números da pesquisa referente a ele na comparação.
Aridelmo continuou na analogia: “Em Minas, também tinha essa polarização de dois grupos que vinham há 20, 25 anos no poder, o que é muito similar ao Espírito Santo, e o Novo chegou e apresentou uma nova proposta. A sociedade entendeu e encampou e, hoje, Zema tem 78% de aprovação. Então, acreditando nisso, nossa pré-candidatura é irreversível”.
As últimas pesquisas de avaliação do governo de Minas realmente colocam Zema numa situação confortável. De acordo com o levantamento Genial/Quaest, divulgado em 18 de março, 41% dos entrevistados fazem uma avaliação positiva do governo mineiro. Outros 36% avaliam como regular e apenas 17% avaliam negativamente. Nas intenções de voto, Zema lidera a corrida para o governo em todos os cenários – embora não abra grande vantagem em relação ao segundo nome mais lembrado, Alexandre Kalil.
Aridelmo sabe, porém, que vai encontrar dificuldades pela frente. Primeiro, pelo modelo adotado pelo Novo para disputar eleições. O partido conta com oito deputados em sua bancada federal. Só a título de comparação, o PL, partido do presidente da República, tem 77. É o tamanho da bancada que define o valor que os partidos terão de recursos públicos para bancar as campanhas e também o tempo de TV e rádio para as propagandas eleitorais.
O Novo foi ao STF para barrar o Fundo Eleitoral de R$ 4,9 bilhões, mas não teve êxito. O partido tem como compromisso não usar dinheiro público na campanha. Por ter uma bancada pequena, também terá pouco tempo de TV. Sem recursos e sem visibilidade, como ter uma candidatura majoritária competitiva? Aridelmo respondeu que vai conversar com as pessoas e tentar convencê-las a acreditar e investir no projeto.
“Vamos captar recurso para o partido e distribuir para todo mundo. Eu não posso pegar e financiar minha campanha sozinho, a legislação diz que eu só posso gastar 10% do que eu ganhei no ano anterior. Em países mais organizados, quem faz o partido são as pessoas. Aqui o valor (da campanha eleitoral) é o mais caro do mundo. O Novo não vai usar o recurso público, mas tem candidato que vai usar R$ 20 milhões. De onde vem esse dinheiro? Do hospital que não foi construído. É muito dinheiro e isso não está atraindo os vocacionados para a política, mas sim os vocacionados para ganhar dinheiro por meio da política”, disse Aridelmo.
O professor, porém, não revelou em quanto está orçada a sua campanha e nem quanto pretende gastar do seu bolso, afirmando apenas que os 10% do seu rendimento de 2021, que a lei lhe autoriza a investir no processo eleitoral, “não dá nem pra começar”.
Como Zema, Aridelmo disse que também tem conversado com outras legendas e que não vê problemas nas coligações. “Desde que as alianças sejam com base em programas”. O professor disse que, com exceção de Casagrande, já conversou com todos os pré-candidatos ao governo. “Os que querem entrar no projeto, mas não para lotear o governo, as portas estão abertas”, disse Aridelmo, que nem de longe sinalizou recuar ou apoiar outro candidato que, porventura, possa estar melhor posicionado nas intenções de voto.
Ele disse que, a partir desse final de semana, vai começar a rodar o Estado, para ouvir as pessoas e formar seu plano de governo que já conta com voluntários de diversas áreas. Nacionalmente, acredita na terceira via, afirmou que vai trabalhar duro para eleger o presidenciável do seu partido, Felipe D’Ávila. “Acredito na terceira via, sou daqueles jogadores que só quando o juiz apita dou o jogo por encerrado. Desde a redemocratização, quem estava à frente das pesquisas em março nunca ganhou a eleição. Esse período agora é de aquecimento”, disse Aridelmo.
Porém, não hesitou ao ser questionado em quem seria o seu voto se, no segundo turno, ocorresse a mesma polarização que em 2018. Há quatro anos, Aridelmo também disputou a pré-candidatura ao governo, pelo PTB, e declarou apoio a Bolsonaro, mesmo com seu partido na base de apoio do presidenciável Geraldo Alckmin. “Se repetir o cenário de 2018 eu não tenho dúvida, vou repetir o meu voto”.
“Na educação foi um desastre”
Aridelmo foi questionado sobre como avaliava o governo Bolsonaro na gestão da educação, uma vez que é professor e fundador da Fucape Business School. “Foi um desastre, foi um retrocesso. Só colocaram pessoas incapazes. A contribuição do governo foi péssima, ele destruiu o que estava montado e retrocedeu aí quatro, cinco, 10 anos. Foi uma vergonha, um caos”.
Estímulo não é apoio!
Aridelmo também foi perguntado se tem recebido apoio do ex-governador Paulo Hartung para sua pré-candidatura, uma vez que sempre foi bem próximo do ex-governador. “Paulo tem estimulado a formação de novas lideranças, isso não quer dizer que é apoio. Ele também tem trabalhado nesse sentido que esse ciclo acabou, que tem que passar o bastão para outro. Eu me reúno com Paulo às vezes, mas não posso afirmar que é um apoio. Eu tenho certeza que o Paulo vai olhar o nosso projeto e dizer: ‘É isso que eu quero para o Espírito Santo’.
Tem tempo que não vai à padaria
Ao citar as dificuldades do brasileiro em doar dinheiro para campanha política, Aridelmo disse que a renda no Brasil é mal distribuída e deu um exemplo. “Tem uma parcela muito grande da população que, para ela, R$ 0,10 faz a diferença, é o pãozinho do dia”.
Pelo menos na Grande Vitória, R$ 0,10 não dá pra comprar um pão, não. O quilo do pão francês, principalmente após mais uma subida do preço do trigo – um dos motivos é a guerra entre Rússia e Ucrânia –, está, em média, R$ 20. Ou seja, um pãozinho de 50 gramas custa, aproximadamente, R$ 1, ou 10 vezes mais que o valor estimado por Aridelmo.
As alfinetadas
Sem citar nomes, Aridelmo alfinetou algumas lideranças no Estado. Disse que teve dirigente partidário que ofereceu R$ 800 mil para a campanha de um pré-candidato a deputado federal, se esse fosse para o partido dele. Quem será?
Plano B
Questionado sobre a possibilidade de voltar para a Prefeitura de Vitória, onde foi secretário da Fazenda, caso não chegue ao Palácio Anchieta, Aridelmo descartou. “Terminou meu ciclo”.
Meu amigo Charlie Brown
Questionado se já foi confundido nas ruas com o cantor e compositor Benito di Paula, devido à semelhança física, Aridelmo admitiu que sim e até cantou o trecho de uma música dele durante a entrevista.
“Sim, eu adoro Benito. É um excelente compositor, uma grande figura brasileira e é um orgulho pra mim ser relacionado com Benito di Paula”.
Na íntegra
Aridelmo Teixeira falou sobre o processo seletivo do partido Novo que o escolheu para ser candidato ao governo, sobre as entregas na Prefeitura de Vitória, a polêmica reforma da Previdência dos Servidores e também das reclamações de vereadores, alguns até da base aliada, sobre a falta de diálogo em sua gestão. A entrevista na íntegra pode ser conferida aqui: