Em dezembro, quando o Republicanos anunciou que o partido teria candidatura ao governo – com o nome do presidente da Assembleia, Erick Musso – e ao Senado, citando o ex-prefeito de Colatina Sergio Meneguelli e o deputado federal Amaro Neto como possíveis pré-candidatos, Meneguelli chamou a responsabilidade para si.
“Não vejo outro nome do Republicanos ao Senado que não seja o meu”, disse o ex-prefeito à coluna, na época, garantindo que haveria um acordo com o Republicanos para que lhe desse a legenda. “Meu projeto político é esse. Há 43 anos Colatina não elege um senador”. Meneguelli descartou completamente disputar a Câmara Federal ou a Assembleia. Ou concorre ao Senado ou a nada.
De lá pra cá Meneguelli tem rodado o Estado, dado suas palestras pelo país afora e se reunido com o partido. No Estado, o plano está de pé. Mas, desde a semana passada, há um burburinho nos bastidores de que, nacionalmente, PL e Republicanos estariam discutindo a possibilidade de dobradinhas em alguns estados, tendo como um dos objetivos fortalecer o palanque de Bolsonaro e não dividir o eleitorado conservador.
A dobradinha consistiria em formar palanques únicos, com um candidato ao governo e um candidato ao Senado pelas duas siglas. Há um esforço para que a dobradinha, por exemplo, dê certo em São Paulo e que o PL apoie o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo paulista, embora uma ala do PL prefira o candidato do PSDB, Rodrigo Garcia.
Como os dois partidos não fecharam uma federação, não se trata de uma imposição, de cima pra baixo, para as duas legendas caminharem juntas nos campos regionais, mas há a possibilidade, segundo informou a assessoria do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, à coluna: “Não é uma regra, mas pode acontecer”, disse a assessoria sem dar detalhes sobre a situação no Espírito Santo e dizendo também que esse tipo de arranjo, se for feito, deve ser resolvido pelo diretório local.
No Estado, além do Republicanos, o PL também tem candidatura ao governo, com o ex-deputado Carlos Manato; e de Senado, com o ex-senador Magno Malta, que preside o partido. No ato de filiação de Manato, em fevereiro, Malta defendeu a criação de um “pluripartidarismo conservador”, uma aliança entre as legendas desse segmento em prol, principalmente, de fortalecer o palanque de Bolsonaro e tentar vencer a eleição presidencial no primeiro turno.
Mas, tanto no PL quanto no Republicanos não há a intenção de retiradas de candidaturas. Pelo menos não por ora. No mercado político, a leitura que se faz sobre a manutenção das duas candidaturas é a mesma feita para o campo oposto. Ou seja, assim como as possíveis candidaturas de Casagrande (PSB) e Contarato (PT) dividem os votos da esquerda, duas candidaturas ao governo do campo conservador – Manato e Erick Musso – também dividiriam o voto desse segmento.
Independentemente dessa análise, Meneguelli afirmou, categoricamente, que não abre mão da sua candidatura. “Não tem negociação, eu não abro mão da minha candidatura ao Senado. Não se pode aniquilar a vontade das pessoas para beneficiar um ou outro grupo. Estou determinado, há mais de dois anos, a disputar o Senado. O Republicanos aceitou e há harmonia sobre isso. Tenho a concordância do presidente nacional”, disse Meneguelli.
Recentemente, no perfil do Republicanos no Instagram, Pereira foi questionado se haveria alguma negociação para que não se lançasse dois nomes ao Senado do mesmo campo. “No Espírito Santo a gente vai lançar o candidato Serginho Meneguelli a senador e Erick Musso a governador. Esse é o nosso projeto, por ora. As coisas podem mudar, sabe como é que é, né?”, disse Pereira, sem explicar se o que pode mudar é o nome ao Senado, o nome ao governo ou os dois.
Se depender de Meneguelli, não haverá mudanças. “Eu vou lutar até o último segundo. Eu tive mil oportunidades de sair do partido, tive convites, mas fiquei no Republicanos porque o partido garantiu que eu poderia ser o candidato ao Senado. Só deixo de ser candidato se for da vontade divina”.