O dia 15, também conhecido como amanhã, tem sido tratado por algumas lideranças socialistas como o “Dia D” da pré-campanha ao governo do Estado. Isso porque se encerra o prazo estabelecido pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e pela cúpula nacional do PSB para resolverem os impasses entre os dois partidos em alguns estados.
Aqui, caberá ao PT decidir se retira a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato e apoia o governador Renato Casagrande (PSB) ou se vai para o embate contra o socialista – que ainda não admitiu ser candidato à reeleição, mas isso é mero detalhe – pelo comando do Palácio Anchieta. A decisão agora caberia apenas ao PT, após o PSB entender que já teria feito sua parte.
“Eles (PT) colocaram como prazo o dia 15, então estamos deixando bem à vontade. O governador tomou a decisão, já disse qual é o voto dele e deixou bem claro. Ele já tinha falado em quem votaria antes, mas agora é uma decisão partidária. Agora é a Executiva nacional e a Executiva estadual do PT se entenderem e tomarem a decisão. Da nossa parte, nós resolvemos”, disse o presidente do PSB capixaba, Alberto Gavini.
O dirigente partidário citou o fato do governador ter dito, em entrevistas após um evento no Palácio Anchieta ontem (13), que votaria no Lula para presidente da República. Casagrande é secretário-geral do PSB e segue, assim, uma decisão do seu partido que tem o vice (o ex-governador Geraldo Alckmin) na chapa de Lula.
Segundo Gavini, a declaração de voto de Casagrande seria o aceno combinado na última reunião entre o governador e o PT para ter o partido em seu projeto. No último dia 6, Casagrande recebeu a cúpula petista capixaba na Residência Oficial da Praia da Costa (Resof) para tratar dos palanques nacional e estadual.
Na reunião, Casagrande teria sido mais incisivo e pragmático na questão de apoiar Lula no Estado. No entendimento dos socialistas, duas candidaturas do mesmo campo dividiriam votos e levaria a disputa para o segundo turno.
Em entrevista para o programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, o presidente do PCdoB capixaba, Neto Barros, disse que o governador já tinha definido ser um eleitor de Lula, mas tinha resistência em ser militante no primeiro turno. “O que ele disse pra gente – e isso tem mais de um mês, muita coisa mudou – é que não seria um militante, mas um eleitor no primeiro turno. Já no segundo turno seria militante. Mas a chance de vitória do Lula no primeiro turno é clara ”, disse Neto.
“Não depende mais de uma conversa nossa, tudo que estava proposto para o PSB fazer, o PSB fez. Tudo que nós podíamos fazer aqui no Estado para mostrar que seria importante juntar todos os partidos, nós apresentamos. Tanto o PSB quanto o governador. Ele (Casagrande) fez a demonstração que deveria fazer, dando um indicativo para juntar as forças progressistas. Seria bom que o PT se juntasse a gente”, disse Gavini.
Palanque múltiplo
Questionado, porém, se a declaração de voto do governador em Lula representaria a formação de um palanque exclusivo de apoio ao petista, Gavini descartou. “O governador sempre fala que o palanque dele será múltiplo. Claro, não tem condições de ser o palanque de Bolsonaro, mas o palanque será múltiplo”, explicou Gavini citando como exemplo partidos que fazem parte da base aliada do governo e tem presidenciáveis na disputa, como o PDT, com Ciro Gomes, e MDB e PSDB, que devem apoiar Simone Tebet à Presidência.
“A palavra final agora é do PT. Não depende mais do PSB. Mas, nós estamos juntos. Se não for possível caminhar com a gente, não tem problema. Não vamos brigar por causa disso”, disse Gavini.
E agora, PT?
A presidente do PT no Estado, Jackeline Rocha, foi procurada ontem pela coluna para comentar a manifestação do governador e se o partido já tinha tomado uma decisão. Ela, porém, não retornou aos contatos da coluna. Outras lideranças petistas disseram que não havia ainda uma decisão. O senador Fabiano Contarato também silenciou sobre o assunto.
Após a reunião do último dia 6, estaria marcada uma conversa entre Jackeline, Gleisi e Lula e, o resultado dessa conversa seria repassado para o diretório estadual petista e para o PSB. Ainda que internamente haja a data-limite para resolver o imbróglio capixaba, o PT tem, pela legislação eleitoral, até o final do prazo das convenções (05 de agosto) para definir se vem para as eleições com candidatura própria ou não.
Já é sabido que a decisão deve sair de um entendimento entre as executivas, mas algumas lideranças petistas capixabas estão resistindo em abrir mão da candidatura própria. O aceno do governador tem como objetivo ajudar na costura de um consenso.
e agora, PP e PSDB?
PP e PSDB já demonstraram ter dificuldades em estar no mesmo palanque que o PT. O PP apoia Bolsonaro à reeleição e faz parte da base de sustentação do governo federal. Aqui no Estado o partido apoia Casagrande, mas quer ter protagonismo, como por exemplo, indicar o nome ao Senado.
Questionado se PP poderia desembarcar da “casa grande” do governador, Gavini descartou. “Não, eu conversei com Marcus Vicente (presidente estadual da legenda) e não tem nada disso. O que tem é Evair de Melo (deputado e vice-líder do governo Bolsonaro) que faz uma oposição a gente. A maioria do PP apoia Bolsonaro, mas apoia o Renato (Casagrande) também”.
Já o PSDB, Gavini cita como também parte da base aliada e da “frente ampla” a ser liderada por Casagrande, mas o presidente estadual do ninho tucano, Vandinho Leite, em entrevista anterior à coluna, não crava esse apoio, não. O partido também quer protagonismo e está conversando com outros pré-candidatos ao governo também.
Foi calculado?
O governador Renato Casagrande declarou voto em Lula ontem, dia 13, justamente o número de urna do petista.