O ex-prefeito da Serra e pré-candidato ao governo pela Rede, Audifax Barcelos, anunciou essa semana que selou uma aliança com o PROS. Na semana passada, a Rede também divulgou uma nota afirmando que teria fechado uma parceria com o Avante. E no início de junho, Audifax posou ao lado de representantes do Solidariedade ao acordarem de que estariam juntos na eleição.
O que essas três movimentações têm em comum? As negociações entre Audifax e as legendas ocorreram via direção nacional, pegando alguns dirigentes e pré-candidatos locais de surpresa. E os três partidos faziam parte da base aliada de Casagrande mas, não contavam com o mesmo prestígio de outras siglas que formam a “frente ampla”.
1ª aliança: Solidariedade
O Solidariedade (SD) chegou a ficar nas mãos do prefeito de Cariacica Euclério Sampaio (União), aliado de primeira hora do governador. Em novembro do ano passado, o presidente nacional do SD, Paulinho da Força, esteve no Estado para nomear Messias Donato, então secretário de governo de Cariacica, como presidente estadual da legenda. Sandro Locutor também foi para o partido, após sair (ou ser saído) do comando do PROS.
Donato é pré-candidato a deputado federal e, como muitos outros dirigentes, teve muitas dificuldades para montar a chapa de federal do partido. Ele esperava contar com a ajuda do governo que, segundo ele, teria combinado de enviar dois nomes. Porém, o governo – que tem sua candidata à federal pelo município, a vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB) – não teria enviado cumprido o combinado, segundo Donato.
Então, quando o prazo apertou, Donato, Locutor e outras lideranças que foram para o Solidariedade, indiretamente, pelas mãos do prefeito Euclério e do governo do Estado, deixaram o partido. Donato foi para o Republicanos, do pré-candidato ao governo Erick Musso, e Locutor foi para o PP, que está na base de Casagrande.
Esvaziado e à deriva, o Solidariedade passou a ser comandado por Douglas Pinheiro. Ao inaugurar a nova sede do partido, com a presença do secretário-geral nacional da sigla, Luiz Antônio Adriano da Silva, o partido fechou aliança com Audifax.
2ª aliança: Avante
O Avante também sempre esteve na chapa do governo. Até mês passado, seu então presidente, Marcel Carone, ocupava um cargo de confiança na Casa Civil – a secretaria que costuma abrigar políticos aliados.
O Avante chegou a filiar o jornalista e ex-apresentador Philipe Lemos, visto no mercado político como um puxador de votos por sua visibilidade conquistada pela apresentação de um telejornal, mas, já no finzinho do prazo das filiações partidárias, Philipe se filiou ao PDT – essa migração teria contado, nos bastidores, com o dedo do governo numa espécie de socorro à chapa do PDT.
Com a chapa federal desfalcada, o Avante então passou a apostar na pré-candidatura ao Senado do pastor Nelson Júnior, criador do movimento “Eu escolhi esperar”, e começou a cobrar espaço para também debater a majoritária do governo. Sem obter retorno, Marcel deixou o governo para ficar “livre” e poder negociar o Senado em outras chapas. Nos bastidores, ele também teria ficado chateado por não ter encontrado espaço para debater no grupo do governo.
Em entrevista para o programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, Nelson disse ter sido convidado pelo pré-candidato ao governo do União Brasil, o deputado federal Felipe Rigoni, para disputar o Senado e admitiu estar mais próximo dele e de Erick.
Embora também já tenha conversado com Audifax, Nelson e seu estrategista político, Aldeci Carvalho, foram pegos de surpresa com o anúncio da aliança entre Rede e Avante costurada pela direção nacional. Há uma indefinição se Marcel vai continuar à frente do Avante e se, nessa nova aliança o partido ficará com a vaga do Senado, uma vez que o Psol, federado com a Rede, lançou a pré-candidatura de Gilbertinho Campos ao posto.
3ª aliança: PROS
Já o PROS, que também sempre esteve com o governo Casagrande, chegou a ir para o grupo do deputado estadual Renzo Vasconcelos, leia-se, Erick Musso. O ex-deputado Sandro Locutor, que presidia o partido e já trabalhava na construção de uma chapa, foi destituído do comando e resolveu deixar a legenda, levando junto todo seu grupo.
A presidência do PROS passou a ser de Kauê Oliveira, chefe de gabinete de Renzo, e o partido chegou a anunciar apoio à pré-candidatura de Erick. Porém, sem conseguir montar uma chapa competitiva para que Renzo disputasse a Câmara Federal, o deputado deixou a legenda e foi para o PSC.
Enquanto isso, em outra frente, o governo trabalhava para recuperar o PROS. Também numa articulação nacional, o partido foi retirado de Kauê e foi para as mãos de um aliado de Casagrande, o prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo, que, em sua primeira fala como presidente disse à coluna que iria apoiar o governador à reeleição. Não há, porém, indício de que o PROS tenha recebido ajuda do governo para montar sua chapa de federal.
Pingo também teria sido pego de surpresa com a notícia, divulgada pela Rede, de que o partido teria fechado com Audifax. Nos bastidores haveria uma operação para mudar o comando do diretório estadual, e também, num contra-ataque do governo, outra operação em curso para resgatar o PROS para a base aliada.
Por que as negociações subiram?
A porta-voz estadual da Rede, Laís Garcia, que participou das negociações com a direção nacional do Avante, foi questionada se seria uma estratégia de Audifax “subir” as conversas para a nacional. Interlocutores do ex-prefeito avaliam que, com os dirigentes locais, principalmente de partidos que estão na base do governador, não haveria espaço para as conversas. Laís, porém, negou que essa seja uma estratégia.
“Audifax já foi deputado federal, conheceu muitas pessoas, criou amizades. Então, ele tem conversado com quem tem proximidade, com lideranças nacionais, estaduais e locais. Isso é comum. O diálogo sempre aconteceu”, disse Laís, negando que Audifax esteja atropelando as lideranças estaduais.
Ela disse não ter participado das articulações com o PROS, mas revelou que esteve em uma reunião na última terça-feira (12) com representantes do partido no Estado e que Pingo não estava presente. Hoje (14) estaria marcada uma reunião com o Psol.
Questionada sobre com quem vai ficar as vagas de Senado e vice, Laís disse que ainda não foi batido o martelo, mas que tudo será definido até o próximo dia 29, quando acontece a convenção da Rede no Estado.
Nos bastidores, Audifax estaria avançando nas conversas com o PSDB, a quem chamou para indicar o vice, e com o Republicanos. O presidente estadual do PSDB, Vandinho Leite, que ao fechar uma coligação leva junto o Cidadania – partido federado com os tucanos –, tem dado alguns recados atravessados ao Palácio Anchieta. Mas ainda não definiu com quem vai caminhar.