O PT capixaba reúne hoje, virtualmente, a partir das 14h, os delegados do partido para o Encontro de Tática Eleitoral, conforme a coluna noticiou na última terça-feira. O principal ponto do encontro é o debate sobre a candidatura própria ao governo do senador Fabiano Contarato e a tendência é que seja aprovada a manutenção da candidatura. A decisão, porém, pouco vai mudar no processo que está em curso. Os petistas já vão para a reunião sabendo que o que irá prevalecer é a costura nacional.
“O ponto principal do encontro é o posicionamento com relação à candidatura de Contarato. A posição hoje dos delegados e do diretório é de consenso em torno da candidatura própria ao governo. Nós temos ciência do acordo da (Executiva) Nacional. Temos ciência que a decisão do PT Nacional vai se sobrepor, mas queremos expressar nossa posição”, disse a petista Célia Tavares, que é uma das delegadas do partido e também pré-candidata ao Senado.
Ao citar o “acordo da Nacional”, Célia se refere às costuras que PT e PSB estão fazendo em todo o país. Os partidos coligaram, PSB está na chapa de Lula à Presidência com o nome do vice: Geraldo Alckmin. Um acordo entre os dirigentes nacionais das duas legendas prevê que os partidos caminhem juntos nos estados em todos os locais que for possível.
Hoje há um impasse, principalmente, em três estados: Espírito Santo, Rio Grande do Sul e São Paulo, sendo este último o mais emblemático. É como se a resolução dos demais dependesse da retirada, ou não, da pré-candidatura de Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo em favor da pré-candidatura de Fernando Haddad (PT) ao mesmo posto. O que está difícil.
Célia vai participar do encontro e disse que em nenhum momento nem a base do partido e nem o diretório formalizaram uma possível retirada da candidatura de Contarato. Pelo contrário. Segundo ela, haveria muita resistência interna para esse desfecho. “Os delegados estão com sede de debate e discussão sobre essa questão. Se a construção nacional for diferente, vai se sobrepor a posição da Nacional, mas aqui o apoio é à candidatura própria ao governo”, disse Célia.
Não à toa, antes de entrarem nesse debate, o encontro de hoje prevê uma apresentação do grupo de trabalho sobre o plano de governo de Contarato. “Antes da definição, vai ser apresentado o programa de governo. Três delegados vão fazer a apresentação: a Ana Petroneto vai falar da parte social, o Alexandre Mamute sobre a conjuntura e a deputada Iriny Lopes sobre desenvolvimento econômico. Contarato também deve participar”, disse Célia.
Segundo ela, a presidente estadual petista, Jackeline Rocha, deve atualizar os delegados sobre as últimas definições da Executiva Nacional e Contarato deve também relatar sobre a reunião que teve com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, na última semana. Mas a reunião não termina aí.
Disputa ao Senado na pauta
Embora o debate sobre a disputa ao governo deva tomar a maior parte do tempo da reunião, também está na pauta do Encontro de Tática Eleitoral a definição das chapas de estadual, federal e de Senado. O partido já teve seis nomes na corrida à vaga do Senado. Houve um afunilamento e agora restam dois: Célia e o ex-reitor da Ufes Reinaldo Centoducatte.
Na reunião que ocorreu entre algumas correntes petistas na última segunda-feira, foi levado para o debate a possibilidade do PT, em caso de retirada da pré-candidatura ao governo, ter a candidatura ao Senado. E, como ter o apoio do governo para essa empreitada seria praticamente improvável, o PT estuda lançar uma candidatura avulsa, principalmente para fortalecer o palanque de Lula no Estado.
“Nossa prioridade é a eleição do Lula. Com Casagrande não está provado que vai ter um palanque para Lula. O melhor seria ter candidatura própria ao governo, mas não sendo possível, passa a ser necessário, mais do que nunca, a candidatura ao Senado”, diz Célia que também, nesse ponto, legisla em causa própria.
“Minha pré-candidatura ao Senado está mantida. Faço a defesa do empoderamento das mulheres. Estou preparada para ser candidata e para não ser, mas retirar o meu nome eu não vou e em nenhum momento eu apontei que disputaria outro cargo”, disse Célia, desmentindo rumores de que poderia disputar cargo de deputada.
Nessa semana, num evento oficial no Palácio Anchieta, o governador Renato Casagrande falou sobre o impasse com o PT e sobre a possibilidade de partidos aliados ou próximos a ele lançarem candidaturas avulsas ao Senado.
“Estamos tranquilos com isso. Nós temos que compreender que não é todo lugar que estaremos com uma candidatura única. Pode ser que em algum lugar tenha mais que uma candidatura, uma do PT e outra do PSB, e vamos ter que saber conviver com isso”, afirmou Casagrande.
Sobre as candidaturas avulsas, avaliou: “Não é meu desejo, é bom a gente ter uma candidatura única. Mas também esse é um assunto que nós vamos tratar a partir de julho (o evento em que o governador falou sobre o assunto ocorreu na terça-feira, 28 de junho), quando nós tomarmos as decisões finais das coisas. A gente ainda não entrou nessas conversas”.