A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) vai reforçar o policiamento para o próximo dia 7 de Setembro e para o dia das eleições (2 de outubro). Duas manifestações, de posicionamentos opostos, estão previstas para acontecerem no feriado do Dia da Independência, e o clima de polarização que domina o país colocaram as autoridades em alerta.
As duas ações fazem parte do “Plano Estratégico de Atuação Integrado Estadual – Operação ES Eleições 2022”, elaborado pelo Comitê Integrado de Segurança nas Eleições, que conta com a participação de 16 agências e órgãos de segurança dos níveis federal, estadual e municipal. O plano foi entregue na última quarta-feira (24) pelo secretário de Segurança Pública, coronel Marcio Celante, e apresentado pelo subsecretário de Integração Institucional da Sesp, coronel Antonio Marcos de Souza Reis, que conversou com a coluna “De Olho no Poder”.
Segundo Souza Reis, é a primeira vez que a Sesp se antecipa e centraliza a coordenação da segurança durante o processo eleitoral. “Essa eleição começou com uma característica de polarização a nível nacional. Em outros estados ocorreram fatos que nos chamaram a atenção, então nós achamos por bem antecipar esse planejamento para que no Espírito Santo o processo eleitoral ocorra da forma pacífica, segura e tranquila para toda população, independente do posicionamento ideológico”, disse o subsecretário.
O plano estratégico montado pelo comitê tem duas linhas de ação, segundo Souza Reis: uma operacional, para atuar nos eventos, e outra de inteligência. “A de inteligência monitora qualquer informação, com relação ao cenário das eleições, para antecipar qualquer tipo de ameaça”. Questionado se a equipe já tinha detectado qualquer indício de ameaça, o coronel disse que não. “Não há nesse momento nenhum indício que indique qualquer sobressalto de segurança”.
Já a parte operacional tem atuado em todos os eventos relacionados ao processo eleitoral e vai atuar no dia da eleição. Segundo Souza Reis, todos os locais de votação e de apuração dos votos terão a presença de agentes de segurança.
“Teremos segurança dedicada durante todo o tempo de votação e apuração. Em todos os locais de votação, estarão presentes PMs e, nos municípios onde tem Guarda vamos compatibilizar o planejamento”.
O subsecretário contou que uma operação do plano já foi implementada durante a visita do presidente Bolsonaro, junto com a Marcha para Jesus e a motociata. “Essa operação foi planejada no âmbito desse comitê e foram envolvidos a PM, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros, as Guardas de Vitória e Vila Velha e a Inteligência. Não tivemos nenhum incidente e calculamos 30 mil pessoas a pé e 10 mil motos”.
Para o próximo dia 7 será a mesma mobilização, porém com efetivo menor – o quantitativo não é informado por questões de segurança. “Temos informação de duas manifestaçãoes. Já reunimos com o comitê e os organizadores, que são de grupos opostos, para saber onde vai ocorrer, o trajeto e o horário para oferecer segurança aos eventos e dar segurança não só às pessoas que estarão na manifestação mas também às que não estarão participando. Vamos dimensionar o nosso efetivo de acordo com as informações que temos disponíveis, mas os dois eventos vão contar com esquema de segurança”, garantiu.
Grito dos Excluídos, ato pró-Bolsonaro e desfile militar
Com o lema “Brasil: 200 anos de (in)Dependência. Para quem?”, a 28ª edição do Grito dos Excluídos está marcada para o dia 7, com concentração na Ufes, passagem pela Reta da Penha, com parada em frente a Petrobras para manifestação, antes de seguir para o ponto final, que será na região conhecida como Território do Bem (Itararé).
No mesmo dia, grupos de direita também organizam a “Grande Travessia da Liberdade”, saindo de Vila Velha e Cariacica com trios elétricos, motos e a pé para um evento na Praça do Papa, com carro de som. O grupo que sai de Vila Velha vai atravessar a Terceira Ponte.
Ainda tem o tradicional desfile militar organizado pela Casa Militar do governo do Estado que esse ano será na Beira-Mar. O desfile deve contar com a presença de autoridades, das forças de segurança do Estado, das Forças Armadas e do desfile cívico das escolas.
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“Não há nenhuma possibilidade de desrespeito, por parte da tropa, à hierarquia e disciplina”
Também na última quarta-feira (24), o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, se reuniu com representantes da Polícia Militar de todos os estados para debater sobre a segurança nas eleições.
Segundo o TSE, entre as questões discutidas na reunião, constaram a segurança dos mesários, a assinatura de um termo de cooperação entre o TSE e o Conselho Nacional de Comandantes-Gerais (CNCG) das Polícias Militares para a coordenação e centralização de informações das corporações e a elaboração de relatórios, bem como para a divulgação e distribuição de diretrizes e peças informativas elaboradas pelo TSE.
Também foi debatida a instalação de um núcleo de inteligência na Presidência do Tribunal para a análise das informações produzidas, com três membros indicados pelo CNCG e três pelo TSE.
Questionada pela coluna, a Polícia Militar do Estado informou, por meio de nota, que um representante da Corporação participou da reunião e que a Corporação está preparada para garantir a segurança no período eleitoral.
“A PM-ES ressalta que está preparada para garantir toda a segurança para o período eleitoral no Espírito Santo, agindo dentro dos seus deveres constitucionais, garantindo assim o exercício pleno da democracia e a escolha, por parte da população, dos seus líderes estaduais e nacionais, conforme previsto no Plano Estratégico da Operação ES Eleições 2022”, diz trecho da nota.
O texto também descarta qualquer possibilidade de quebra de hierarquia por parte da tropa. É público e notório que boa parte dos militares simpatiza com o bolsonarismo e, nos bastidores, isso é motivo de grande preocupação, uma vez que muitos bolsonaristas atacam o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas e ameaçam não aceitar o resultado das eleições. “Não há nenhuma possibilidade de desrespeito, por parte da tropa, à hierarquia e disciplina, pilares que norteiam a atuação dos policiais militares”, diz a nota.