Na manhã desta quarta-feira (10), o governador Renato Casagrande (PSB) recebeu, na Residência Oficial, dezenas de lideranças religiosas – a maioria pastores –, representando igrejas, denominações e convenções do Estado, para um café da manhã.
Quem estava presente afirma que mais de 100 religiosos participaram do encontro, que foi denominado pelo governador de “prestação de contas do mandato”. Lá, Casagrande fez um balanço dos três anos e meio da gestão, voltou à questão da pandemia e explicou as razões das medidas restritivas tomadas pelo governo. O encontro teve oração, louvores, testemunhos e um aceno para um eleitorado que pode impor dificuldades a Casagrande. Nem tanto por ele, mas por conta do seu partido e da aliança com o PT.
Pesquisas de intenções de votos têm mostrado que o presidente Bolsonaro tem um desempenho melhor entre os evangélicos. Sem entrar nas razões que expliquem tal fenômeno, fato é que desde a campanha de 2018 é comum ouvir sermões em algumas igrejas demonizando partidos progressistas, numa campanha ostensiva para que os fiéis não votem em políticos de esquerda. Tem sido comum também algumas igrejas cederem seus púlpitos para “palavras de saudação” – momento para falar ou discursar – de políticos que se denominam conservadores e de direita.
Só a título de comparação, na coletiva de imprensa em que o candidato ao governo Carlos Manato (PL) apresentou o seu vice, Bruno Lourenço (PTB), o pastor assembleiano Marinelshington da Silva fez uma oração pedindo para Deus livrar o Espírito Santo “dessa esquerda maldita”.
Alguns partidos ligados a igrejas, como o PSC e o Republicanos, também têm em suas diretrizes não caminhar com outras legendas de esquerda, principalmente com o PT, partido que faz parte da base aliada do governador.
No café da manhã, Casagrande contou sua trajetória política e partidária no PSB. Disse que já teve um vice do PT e que sua opção partidária nunca o afastou dos princípios cristãos. Falou dos anos de casado com Dona Virgínia (desde 1990), dos valores de família, de respeito e de diálogo, num esforço de conquistar a confiança dos religiosos, sem contudo, falar explicitamente sobre a eleição. O evento terminou com os pastores orando pelo governador.
Almoço com Rose e prefeitos
Mais tarde foi a vez do governador reunir dezenas de prefeitos. Dessa vez o encontro foi na casa da senadora Rose de Freitas (MDB), em Fradinhos (Vitória), onde foi servido um almoço. Quem estava presente diz que compareceram em torno de 40 a 50 prefeitos e o candidato a vice na chapa do governo, o ex-senador Ricardo Ferraço, também participou.
O tom da conversa foi no sentido de confirmar o apoio e a unidade na chapa, principalmente em torno da candidatura à reeleição de Rose, uma vez que há lideranças entre os aliados declarando apoio a candidato de fora da coligação – Marcelo Santos anunciou que vai apoiar Erick Musso na disputa ao Senado.
Nessa reunião, o governador teria falado que há o desejo de vencer no primeiro turno, mas que está preparado para disputar os dois turnos da eleição. Ele reafirmou o voto em Lula, por ser secretário-geral do PSB, mas que tem perfil de diálogo e que, caso vença, irá governar com o presidente que for eleito. Ele lembrou que recebeu diversos ministros de Bolsonaro no Estado trazidos pela senadora Rose.
Também disse que, se reeleito, o Estado não irá passar por um “pit stop”, ou seja, o Estado não vai parar por um ano – como normalmente ocorre quando há mudança de governo, para que o novo governador tome pé da situação para depois começar a investir. Disse que vai manter o ritmo dos investimentos, sem pausa.
O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, foi o único da Grande Vitória a participar. Ex-prefeito do mesmo município, Juninho, que já foi cotado para ser suplente da senadora, também estava presente, além dos prefeitos de Aracruz, São Mateus e Colatina, entre outros. Todos teriam declarado apoio à senadora.
Rose tem nos prefeitos seu principal ponto de apoio. Deles recebeu até o apelido de “madrinha”, por seu perfil municipalista e pelos recursos que já conseguiu destravar no governo federal. Sua força, porém, está muito mais concentrada no interior, tendo como principal desafio abrir caminhos na Grande Vitória.
A participação de Casagrande no almoço, com o pedido por unidade, responde aos anseios de Rose, que tem externado que quer o governador “por completo” em sua campanha. E acaba afastando burburinhos de que faria “vista grossa” para aliados que têm resistido em entrar de cabeça no apoio completo à chapa.