Cinco candidatos ao governo do Estado participaram, entre a noite de terça-feira (27) e a madrugada de hoje (28), de um debate numa emissora de TV do Estado. Por quase duas horas, Aridelmo (Novo), Audifax (Rede), Casagrande (PSB), Guerino (PSD) e Manato (PL) questionaram e responderam a questionamentos, com teor muito mais voltado a atacar o governo atual e o atual governador, que tenta a reeleição, do que a debater propostas. Casagrande foi o alvo de todos os outros candidatos.
Até quando o socialista não estava diretamente envolvido na pergunta e nem na resposta, ele era indiretamente citado. A troca de farpas e até de ofensas ensejou pedidos por direito de resposta em todos os cinco blocos, até no de considerações finais. A maioria solicitada por Casagrande.
O clima hostil foi do começo ao fim do debate, tendo os embates mais acirrados entre Casagrande e Guerino. A troca de farpas entre os dois foi desde a citação da falta de uma rodoviária em Linhares até denúncias de corrupção no governo.
Tudo azul?
Antes de começar o debate, a cena parecia de serenidade: todos os candidatos estavam de azul – com camisa ou com paletó dessa cor – e sem gravata, como se tivessem combinado. Foi só o debate começar, porém, que a primeira pergunta já denunciava o tom que seguiria: Aridelmo fez sua pergunta ao governador o chamando de “exterminador de futuro”. Ele questionou sobre a fome no Estado.
Tudo azul!
Casagrande começou sua resposta dizendo que estava ali para debater propostas e que iria manter o equilíbrio e a serenidade, mas terminou alfinetando Aridelmo sobre a proposta do adversário de concluir a avenida Leitão da Silva, entregue em 2019. Em alguns momentos Casagrande ficou vermelho.
Espetadinha de leve
Em sua vez de perguntar, Audifax questionou Manato, que teve grande parte da carreira no Congresso, qual experiência de gestor teria para comandar o Estado. Manato citou as vezes em que foi diretor de um hospital, secretário municipal na Serra, mas terminou dizendo que “ser só gestor é muito pouco” e que tem digital dele nas creches da Serra – uma alfinetada de leve em Audifax que teve como estratégia nesta campanha eleitoral se mostrar ao eleitor como gestor e citar as “supercreches” da sua gestão.
Desculpa, perdemos as contas!
A coluna perdeu as contas de quantas vezes Audifax repetiu que é gestor e que “dinheiro no caixa, tem”, durante o debate.
Remédio ou óleo de peroba?
Chamou a atenção um frasco, semelhante a um vidro de remédio, que Manato sustentava em seu púlpito. Em determinado momento ele falou que não era remédio, mas “óleo de peroba” para passar na “cara de pau” do adversário. Embora não tenha citado nome, ele se referia a Casagrande.
O sexto participante
O secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, foi citado quatro vezes durante o debate. Foi chamado de comunista e, num tom pejorativo, foi dito que ele se formou em Cuba. Nas redes sociais, Nésio curtiu e compartilhou a postagem de uma internauta que lamentava os ataques. Nésio realmente se formou em Cuba e é filiado ao PCdoB, o que ele costuma apresentar com orgulho.
Lula lá no debate
O apoio de Casagrande a Lula também foi explorado pelos participantes. Guerino e Manato fizeram perguntas entre si citando falas do ex-presidente petista sobre o agronegócio e vinculando a Casagrande e aos agricultores do Estado.
Chamou ou não chamou?
Guerino, num de seus questionamentos ao governador, perguntou o motivo de Casagrande tê-lo chamado três vezes para ser vice. Casagrande não respondeu. Guerino também citou o apoio que Casagrande recebeu de Caetano Veloso, dizendo que “alguma coisa está fora de ordem”, fazendo alusão à música “Fora da ordem”, do artista.
Foi combinado?
Em uma, das várias vezes que teve de se defender no debate, Casagrande disse que havia um “jogo combinado” entre seus adversários para atacá-lo e destruir sua reputação e o que construiu na gestão. Audifax pediu direito de resposta, que foi negado. Aproveitou depois seu momento de fazer pergunta para dizer que não combinou nada com ninguém e pediu respeito.
Aproveitando a oportunidade
Os candidatos não deixaram para pedir voto só nas considerações finais. Usaram o tempo das perguntas e respostas também para tentar convencer o eleitor.
Pandemia de volta…
A gestão da pandemia foi bastante citada no debate e foi tema do embate entre Manato e Casagrande. O ex-deputado chegou a chamar o governador de “capitão do lockdown” e o socialista respondeu que era “muito ruim” lidar com negacionista.
#Só lacração
Tirando o que foi gasto nos ataques, sobrou pouco tempo para um debate mais aprofundado de propostas. O que é uma pena para o eleitor capixaba.