Após a votação do primeiro turno, que levou o governador Renato Casagrande (PSB) e o ex-deputado Carlos Manato (PL) para a segunda etapa, foi grande a busca por apoios entre os diversos segmentos e lideranças da sociedade, por parte dos dois candidatos. Logo na primeira semana, os outros candidatos também se manifestaram e a maioria declarou apoio para seguir no segundo turno. Dos cinco candidatos derrotados, quatro declararam apoio ao adversário de Casagrande.
O ex-prefeito de Linhares, Guerino Zanon (PSD), foi o primeiro a declarar apoio a Manato, ainda no dia da eleição (02). Na verdade, antes mesmo da votação, num evento com lideranças evangélicas, Guerino e Manato fizeram um acordo de que um apoiaria o outro em caso de segundo turno. Assim ocorreu.
Guerino terminou a disputa em terceiro lugar, obtendo 146.177 votos (7,03%) e venceu em seu reduto eleitoral – Linhares – onde já foi prefeito por cinco vezes. No primeiro turno, ele teve no município 35.231 (43,59%) votos. Casagrande veio atrás, com 22.840 (28,26%) votos e Manato em terceiro, com 21.130 votos (26,15%).
Quatro dias depois do 1º turno, o ex-prefeito Audifax Barcelos convocou uma coletiva para anunciar sua desfiliação da Rede e também seu apoio a Manato. A desfiliação veio após uma resolução nacional do partido proibindo apoio nos estados a candidatos bolsonaristas. Logo após sua desfiliação, a Rede declarou apoio a Casagrande.
Audifax ficou em 4º lugar na disputa ao governo do Estado, conquistando 135.512 (6,51%) votos. Na Serra, município em que foi prefeito por três vezes e maior colégio eleitoral do Estado, Audifax teve um desempenho aquém do esperado, ficando em terceiro lugar com 50.458 (20,46%) votos, atrás de Casagrande, que conquistou 106.854 (43,32%) votos, e de Manato, com 79.202 (32,11%) votos.
O principal objetivo de uma liderança ao apoiar uma outra na eleição é que consiga transferir seu capital político, ou seja, votos. Embora, não haja nenhuma garantia que essa transferência será automática. Casagrande não teve apoio de nenhum ex-candidato. Já Manato, além de contar com Audifax e Guerino, teve apoio também de Cláudio Paiva (PRTB) e de Aridelmo Teixeira (Novo) – este, inclusive, seria seu secretário da Fazenda numa eventual vitória.
Em Linhares, Guerino conseguiu transferir seu capital político para Manato, que mais que dobrou sua votação. Ele saiu de 21.130 votos para 45.928, um crescimento de 117,35%, sendo o mais votado no município no segundo turno, com 54,74% dos votos. Guerino foi, entre os ex-candidatos, o que mais esteve presente nas agendas e atos políticos e contou também com a máquina da prefeitura, uma vez que o prefeito de Linhares era o seu vice.
Já Casagrande teve 37.971 votos (45,26%) em Linhares no segundo turno e também apresentou crescimento, embora menor que Manato, de 66,24% com relação ao primeiro turno, quando teve 22.840 votos. Na cidade, Casagrande contou com os apoios, no 2º turno, do deputado federal Felipe Rigoni (União) e do deputado estadual Marcos Garcia (PP), que no primeiro turno apoiou Guerino a governador – o que gerou surpresa já que Marcos Garcia é, ou era, vice-líder do governo na Assembleia.
Na Serra a transferência de votos foi mais equilibrada. Audifax declarou apoio a Manato, mas não se fez presente em todos os atos e agendas de Manato, que teve um crescimento de 38,06% em sua votação com relação ao segundo turno: saiu de 79.202 votos para 109.347, uma diferença de 30.145 votos. Audifax teve 50.458 votos no primeiro turno na cidade, o que foi considerado baixo pela sua atuação no município. Ele também bateu de frente com a máquina da prefeitura comandada pelo seu adversário, o prefeito Sergio Vidigal (PDT), que foi um aliado de primeira hora do governador.
Casagrande aumentou em 39,26% sua votação no município, saindo de 106.854 para 148.813 votos, uma diferença de 41.959 votos, ou seja, ele conseguiu captar mais votos que Manato no segundo turno, o que pode ser explicado pelo time de peso que caminhou com ele no município.
Além de Vidigal, Casagrande contou com o apoio dos deputados estaduais Bruno Lamas (PSB), Vandinho Leite (PSDB) e Xambinho (PSC), além do ex-deputado Givaldo Vieira (PSB), entre outros. Todos contam com um forte reduto eleitoral no município.
No geral, Casagrande venceu em 61 municípios e Manato em 17 – quatro a mais do que no primeiro turno.