Missionário, ex-policiais e ex-vice-prefeito: o perfil dos capixabas que foram a Brasília e viralizaram nas redes sociais

Atos em Brasília / crédito: Lucas Neves (Estadão)

Vídeos de capixabas gravados em Brasília, durante as invasões e depredações das sedes dos Três Poderes, viralizaram em grupos de conversas e redes sociais. Há capixabas que aparecem feridos nas gravações e outros admitem terem invadido os prédios públicos. Alguns vídeos já foram catalogados em coletivos que estão recolhendo todo material na internet para encaminhar ao Ministério da Justiça.

Pelo menos seis ônibus saíram do Estado rumo a Brasília, em caravana. Conforme a coluna De Olho no Poder noticiou com exclusividade, os ônibus saíram da Prainha, em Vila Velha, e alguns veículos recolheram passageiros em Cachoeiro, Colatina, Aracruz e Linhares, no Estado, e também em Minas Gerais.

Entre os participantes, estão o missionário Felício Quitito que seria do interior de Venda Nova do Imigrante, segundo um dos organizadores da caravana, que falou com exclusividade para a coluna. Num vídeo que circulou em redes sociais e grupos de conversas, Felício aparece no Senado Federal, sentado na Mesa Diretora.

Ele se identifica e, com uma Bíblia na mão, diz: “Foi muito gás. Tive que lavar meus olhos, molhar minha cabeça, mas graças a Deus, para a honra e a glória do Senhor Jeová, Jair Messias Bolsonaro estará voltando à nação e continuando o seu governo”, disse Felício.

 

Da mesma região, o empresário Lucas Venturim também gravou um vídeo, do lado de fora do STF, contando o que estava acontecendo: “Pessoal quebrando o STF todinho. Estou aqui a 10 metros, não tem polícia, não tem nada aqui. Ouvem (sic) os vidros quebrados. Perdeu, mané”, disse ele num vídeo que também circula em redes sociais.

 

Um dos organizadores do evento confirmou o nome dos dois, que eles são do Estado e que foram a Brasília junto com a caravana.

Outro vídeo que circulou foi o do ex-vice-prefeito de Pancas Marcos Matavelli, que fez a gravação de dentro do Palácio do Planalto falando sobre a invasão. “Invadimos aqui, invadimos tudo.

Com os olhos vermelhos, ele diz que teve “muito gás”. “Mas nós estamos vencendo a guerra, estamos vencendo a batalha, em nome de Jesus”, diz o ex-vice-prefeito ao mostrar a destruição ao redor. Ele esteve na gestão de Pancas entre 2013 e 2016, segundo nota da Prefeitura do município.

 

Feridos com bala de borracha

Outros dois capixabas aparecem feridos nas gravações. O empresário e ex-policial militar Valfrido Chieppe disse ter tomado um tiro de bala de borracha no rosto. Ele negou ter invadido ou depredado o patrimônio público e justificou ter sido acertado porque os policiais teriam atirado a esmo para conter o tumulto.

No vídeo que ele fez, Valfrido diz: “Levei bala de borracha, no meio da cara, mas o Congresso está sendo destruído. Estão quebrando tudo”, disse Valfrido, do lado de fora do Congresso, mostrando a depredação que ocorria no momento.

 

“Não apoio vandalismo, fui me manifestar pacificamente. E jamais apoiaria quem foi para destruir. Nosso ônibus estava cheio de senhoras, de idosos. Sou um empresário e tenho um nome a zelar”, disse Valfrido a ser questionado pela coluna De Olho no Poder. Ele contou que teve apenas um pequeno corte no rosto.

Já o empresário e investigador aposentado da Polícia Civil Otávio Galante mostrou sua perna com uma bala de borracha cravada na panturrilha. Ele se identifica, diz ser de Itapemirim, e pede para ser filmado durante os atos em Brasília. “Todo homem morre, mas nem todo homem vive”, diz ele para a câmera, apontando o ferimento na perna.

 

A coluna entrou em contato com Otávio, que apenas confirmou que era ele no vídeo. A coluna tentou contato com o ex-vice-prefeito de Pancas, mas ele não retornou aos chamados no celular e nem às mensagens por WhatsApp. Felício e Venturim também não foram localizados por meio telefônico. Assim que eles se manifestarem, a coluna será atualizada.