A senadora Rose de Freitas (MDB) conversou brevemente com a coluna De Olho no Poder sobre a deflagração da 2ª fase da Operação Corsários, que mirou seu suplente, Luiz Pastore (MDB), e outras pessoas ligadas a ela e à Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa).
Rose se preparava para fazer um exame médico quando atendeu o telefonema da coluna. Ela disse não saber detalhes sobre os oito mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e cumpridos pela Polícia Federal nesta terça-feira (24). Mas alegou inocência e também desconhecer o teor das investigações.
“Não sei te dizer, não sei a razão, não sei o motivo. Não tenho acesso a nada. Me negaram as informações”, disse Rose, alegando que nem sua defesa teve acesso ao que corre no STF que está sob sigilo.
Conforme a coluna De Olho no Poder noticiou com exclusividade, Rose confirmou que, entre os alvos da operação, estavam o seu 1º suplente, Luiz Pastore; um ex-assessor parlamentar e um ex-servidor da Codesa. Pastore admitiu ter sido alvo e alegou que foi surpreendido com a operação da Polícia Federal, que ficou meia hora em sua residência, em São Paulo, e que não teria apreendido nada.
Ela não citou, mas a coluna apurou que um dos seus motoristas, que atua em Brasília, também teria sido alvo da PF. Dele, teria sido apreendido dois celulares.
“Disseram que seriam meus assessores, mas não são mais. Um deles trabalhou comigo há muito tempo atrás, deve ter uns 15 anos. O outro atuou na Codesa, uma pessoa seríssima, mas também não atua mais”.
Os dois citados por Rose atuaram na Codesa, mas foram exonerados em março de 2019, com a mudança na direção da companhia. Ao ser demitido, um deles ocupava o cargo de coordenador de arrendamentos e contratos.
Segundo a Polícia Federal, a operação apura supostos desvios de dinheiro público em contratos firmados de empresas com a Codesa e os “investigados devem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de peculato, crimes licitatórios, corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro”, segundo nota da Polícia Federal.
Segundo as investigações, a organização criminosa atuou na Codesa entre os anos de 2015 e 2018. O grupo teria movimentado valores por meio de um escritório de advocacia e utilizado a compra de imóveis de luxo para lavar dinheiro. Somente em dois contratos, a PF mapeou cerca de R$ 9 milhões em desvios.
Na primeira fase da operação, que ocorreu há quase dois anos, a senadora foi alvo de busca e apreensão em seu apartamento funcional, em Brasília. Além disso, seu irmão e um de seus assessores foram presos – eles foram soltos dias depois. A investigação contra a senadora seria por ter indicado, em postos-chave da Codesa, as pessoas que supostamente teriam cometido os desvios.
“Desde o primeiro processo (primeira operação), falaram que eu havia construído minha casa há seis anos com o dinheiro da Codesa. Eu moro na minha casa há 42 anos. Na época eu entendi como sendo uma denúncia política”, disse Rose, que depois desabafou:
“Muito honestamente pra você: se era pra me destruir na eleição, já me destruíram. Agora, eu não sei te informar o que houve. Só espero que, ao final de tudo isso, a verdade venha à tona. Não é possível isso ficar assim com uma pessoa que tem uma vida pública”.
Em outubro passado, Rose tentou se reeleger ao cargo de senadora na chapa do governo, mas perdeu a eleição para Magno Malta (PL), que obteve 41,95% dos votos válidos contra 38,17% de Rose. Durante a campanha eleitoral, adversários chegaram a usar o episódio da operação contra a senadora.
“Pode perguntar aos 78 prefeitos se alguma vez eu recebi ou fiz alguma proposta ilícita. Mas, vou aguardar que eles apurem. Não entendo o que está sendo feito, mas se está investigando, é melhor que se investigue direito, né? Porque isso pode manchar a vida da pessoa. E não se pode manchar a vida dos outros assim”.
Rose está na vida pública há 40 anos. Foi eleita deputada estadual em 1983 e depois se elegeu deputada federal constituinte (1987-1991). De lá pra cá vem emendando um mandato no outro no Congresso, com uma pequena pausa entre os anos de 1996 a 2000.
Foi a primeira mulher a ocupar um cargo relevante na Mesa Diretora da Câmara Federal, ao ser eleita 1ª vice-presidente, em 2011. Como senadora, eleita em 2014, presidiu a Comissão Mista de Orçamento do Congresso.
Em novembro de 2019, pediu afastamento por motivo de saúde. Foi quando Pastore assumiu e ficou quatro meses na cadeira. No ano passado, durante a campanha, ela também se licenciou do mandato, que termina no próximo dia 31.
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