O deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania) fez uma cobrança pública ao senador Marcos do Val (Podemos): ou ele reassume o mandato ou abre a vaga para a suplente Rosana Foerst, que é do Cidadania. A preocupação de Gandini é que o Estado seja prejudicado com um senador a menos durante a votação da Reforma Tributária no Senado – marcada para ocorrer após o recesso parlamentar.
Do Val está de licença médica desde o dia 21 de junho. Ele entrou com o pedido de afastamento, por 30 dias, após passar mal em seu gabinete. Ele foi avaliado pela Junta Médica do Senado que deu o aval para o afastamento, que se encerra na próxima quinta-feira (20).
Nos bastidores, porém, haveria o burburinho de que Do Val poderia estender a licença por 115 dias. Alguns veículos de comunicação nacionais chegaram a noticiar essa possibilidade, uma vez que o senador pode renovar a licença a cada 30 dias até no máximo 115 dias.
Se isso ocorrer, o Estado contará com apenas dois senadores durante a votação da reforma, uma vez que só a partir de uma licença de 120 dias é que o Senado pode convocar o (a) suplente. O Espírito Santo conta com o Senado para tentar melhorar o texto da Reforma que não é muito favorável ao Estado.
Gandini fez a cobrança com base num suposto afastamento por 115 dias: “Marcos do Val precisa voltar ao mandato ou deixar que a suplente, Rosana Foerst, uma mulher, assuma o cargo. O Espírito Santo não pode ficar sem um representante no Senado por tanto tempo. Lá estão sendo discutidos temas importantes, como a Reforma Tributária”, alegou.
Em 2018, Do Val foi eleito senador pelo Cidadania – partido esse que era presidido por Gandini até semana passada, quando pediu seu afastamento da presidência e entrou na Justiça para deixar a legenda.
Além da preocupação com a Reforma Tributária, voltar a ter um representante do Cidadania no Senado poderia ser a última contribuição de Gandini ao partido, que já lhe deu anuência para deixar a legenda.
Diga ao povo que eu volto
Porém, Do Val afirmou à coluna na manhã desta terça-feira (18) que vai voltar às atividades legislativas no próximo dia 30, ao final do recesso parlamentar. Ele garantiu que estará presente no Senado durante a votação da Reforma Tributária.
“Retorno no fim do recesso, dia 30 de julho. Se não tivesse recesso, voltaria no dia 21. Gandini falou sem saber o tempo real do meu afastamento. Estou agora esperando o resultado da biópsia”, disse o senador, afirmando ser “boato” a possibilidade de afastamento por 115 dias.
Do Val enviou à coluna um exame de colonoscopia, feito no dia 30 de junho. Nesse exame consta que foram retirados pólipos (um crescimento anormal do tecido do intestino) para exame de rastreamento (biópsia).
A coluna questionou se ele poderia renovar a licença médica, ele disse que não é ele quem decide. “Uma junta médica que dá o tempo necessário”. Disse também que não prejudicará o Estado. “Jamais deixaria o trabalho parar. Meu gabinete está funcionado normalmente. Semana passada enviamos R$ 8 milhões a hospitais do Espírito Santo”.
Novo depoimento
O afastamento de Do Val ocorreu uma semana após o senador ser alvo de mandados de busca e apreensão em seus endereços, de Brasília e Vitória, determinados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Do Val também teve suas contas em redes sociais retidas e teve de prestar depoimento à Polícia Federal. O senador é investigado pelos crimes de divulgação de documento confidencial, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Um novo depoimento à PF está marcado para amanhã (19), dessa vez para apurar o episódio de uma suposta trama golpista envolvendo o senador, o ex-deputado Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro, sobre uma tentativa, frustrada, de usar escutas ilegais para gravar o ministro Alexandre.
Bolsonaro já prestou depoimento sobre o caso. Do Val disse que, a depender do resultado da biópsia, vai pedir para mudar a data do depoimento.
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