Após liberar o deputado estadual Zé Preto para sair da legenda e concorrer à Prefeitura de Guarapari, o PL deve lançar um outro parlamentar para bater de frente com o ex-filiado. O deputado estadual e delegado Danilo Bahiense (PL) é cotado para defender o partido na disputa pela “Cidade Saúde”.
O martelo ainda não foi batido, mas o nome de Bahiense é o mais cotado para concorrer. “É um nome que vem sendo avaliado pelo PL. Ele é um deputado atuante no partido, defende nossas pautas, demonstrou muito apreço por Guarapari, tem casa e negócios aqui e pode ser um nome a nos representar. Mas ainda não tem nada definido”, disse o presidente do PL de Guarapari, Vinícius Lino.
Segundo o dirigente, a definição deve ocorrer agora em abril. O que já está colocado, porém, é que a legenda terá candidatura própria. “De definido tem que o PL terá candidato próprio em Guarapari e a chapa pode ser puro-sangue”, disse Lino.
Nos bastidores, uma reunião na sexta-feira passada, em Guarapari, teria selado o nome de Bahiense na empreitada, indicando que ele seria o nome mais indicado para concorrer. O deputado costuma dizer que é um soldado do partido e seus interlocutores afirmam que a movimentação para viabilizar o seu nome existe.
Bahiense, porém, ainda não falou publicamente sobre o assunto e, procurado pela coluna, não respondeu ao questionamento se será mesmo candidato.
Fato é que o nome dele passou a ser ventilado após Zé Preto trocar o PL pelo PP e colocar o bloco na rua para disputar a Prefeitura de Guarapari. O partido até abriu mão de questionar o mandato de Zé Preto na Justiça, mas caiu do cavalo quem pensou que a legenda deixaria de brigar pelo comando do município, reduto do ex-filiado.
abrigo no pp
Na última segunda-feira, a coluna noticiou que Zé Preto já se filiou ao Partido Progressista e que teria a garantia da legenda para disputar o comando do município. Zé Preto obteve, na Justiça Eleitoral, decisão favorável para deixar o PP após entrar com uma ação de desfiliação por justa causa.
Zé Preto entrou na Justiça porque nas eleições proporcionais (de vereadores, deputados estaduais e federais) o mandato pertence ao partido e não ao mandatário. Trocar de legenda sem decisão judicial favorável pode acarretar em processo por infidelidade partidária e perda do mandato.
Na ação, Zé Preto alegou que sofria grave discriminação no PL e que o partido não lhe garantiria espaço para disputar a prefeitura. O PL chegou a conceder uma carta de anuência para o deputado, que foi anexada na ação.
Na ocasião, o presidente estadual do PL, senador Magno Malta, também se manifestou: “Entendemos que a filiação partidária é uma escolha individual, mas esperamos que todo indivíduo que se associe a uma agremiação partidária compartilhe dos mesmos princípios”, disse em nota, numa referência direta ao posicionamento político de Zé Preto.
O deputado era o único da bancada do PL na Assembleia, formada por cinco parlamentares, que integrava a base aliada do governo Casagrande. Porém, o PL, no Estado, faz oposição ao governador.
Ou seja, além dos atritos internos que enfrentava no partido, Zé Preto também não seguia a cartilha de oposição da legenda e procurava, já há algum tempo, migrar para um grupo mais alinhado ao Palácio Anchieta. Achou abrigo no PP.
Segundo Lino, a possível pré-candidatura de Bahiense pelo PL não tem como objetivo fazer um embate direto com o ex-correligionário, embora na eleição isso seja inevitável. “Nosso maior objetivo é cuidar das pessoas e quebrar a hegemonia do atual prefeito, não é bater de frente com o Zé Preto”, disse o presidente, que alegou também que o ex-filiado não representava os ideais do partido.
Zé Preto é produtor agropecuário, foi vereador por dois mandatos em Guarapari – sendo o mais votado em 2020 – e foi eleito deputado estadual pelo PL em 2022 com 15.901 votos.
Já Bahiense é delegado aposentado da Polícia Civil, formado em Administração e Direito, e foi reeleito para o seu segundo mandato na Ales com 24.970 votos.
A seu favor, Bahiense tem a experiência na área de Segurança Pública, uma bandeira bastante explorada pela direita e principalmente pelo PL – não custa lembrar a mobilização em torno da filiação e do lançamento informal da pré-candidatura de Coronel Ramalho à Prefeitura de Vila Velha, na semana passada.
Se Bahiense entrar mesmo na disputa eleitoral, seja com o objetivo de derrotar a atual gestão ou concorrer contra seu colega de plenário, vai embolar ainda mais o cenário já embaçado da disputa em Guarapari.
Na última segunda-feira (25), o prefeito Edson Magalhães (PSDB) lançou seu secretário de Obras, Emanuel Vieira (União), como seu sucessor na eleição. Além dele, outros atores políticos já colocaram o nome na pista, inclusive candidatos que fazem parte da base aliada de Casagrande e disputam o apoio do governo.
O cenário político de Guarapari, porém, será tratado numa próxima coluna.
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