Em uma nota encaminhada à imprensa ontem (18), o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (PP), que é pré-candidato a prefeito do município, respondeu positivamente à sinalização de diálogo do atual prefeito e adversário, Sergio Vidigal (PDT).
Ao anunciar, no sábado (16), que não seria candidato à reeleição e apresentar aquele que será seu sucessor – Weverson Meireles (PDT) –, Vidigal também abriu espaço para tentar construir uma ponte entre seu grupo e Audifax.
“Acho até que é um bom momento da gente se unir para fazer a virada de chave no município”, disse Vidigal, afirmando que poderia até tomar a iniciativa de procurar o ex-aliado.
Nesta segunda-feira, Audifax respondeu: “Me coloco à disposição do prefeito Sergio Vidigal para dialogar sobre os desafios atuais e futuros de nossa cidade”. A nota contemplou ainda um gesto de solidariedade por conta do momento em que Sueli Vidigal, primeira-dama do município, está passando – ela está em tratamento contra um câncer.
A nota foi sucinta e objetiva, mas, do ponto de vista político, bastante significativa. Isso porque ela pode vir a ser o marco de uma grande mudança na política do maior município do Estado.
Há pelo menos 16 anos, Vidigal e Audifax estão em lados opostos. A briga dos dois já dura tanto tempo, e foi marcada por tanta rivalidade e hostilidade, que ninguém nem mais lembra que Audifax saiu do grupo de Vidigal, sendo seu secretário e homem de confiança e tendo sido lançado pelo atual prefeito também como seu sucessor.
Tudo que se vê, até hoje, dentro ou fora das campanhas, são cenas de ataques e troca de acusações, e o mais próximo que os dois chegaram durante esse período foi quando tinham de dividir o mesmo espaço, num estúdio de TV, para o debate eleitoral.
É muito cedo ainda para dizer que, agora, toda essa situação que vem sendo imposta há 16 anos na política da Serra irá mudar. Mas, o primeiro passo dado por Vidigal e a boa acolhida por parte de Audifax podem sinalizar, se não uma aproximação, ao menos uma tentativa.
“Tudo é possível”
A coluna analisou ontem o quadro que se pintou no último sábado. Mesmo adversários, Vidigal e Audifax têm um discurso comum em defesa do município. Vidigal fala em não permitir “retrocesso” na cidade e Audifax, que a Serra não precisa de “caçador de like”.
Os dois não citam nomes, mas o alvo comum entre eles é o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), que também é pré-candidato a prefeito.
Então, a partir dos discursos – somados agora à disposição dos dois veteranos em dialogarem –, o que se cogita é que há sim, ainda que pequena, uma chance de Vidigal e Audifax unirem forças para derrotar o que seria, então, o principal adversário entre os dois.
Porém, como a coluna também analisou, a geopolítica pode interferir nesses planos, principalmente porque há muitos interesses estaduais e nacionais, com vistas em 2026, para além das eleições municipais.
O PP, de Audifax, está muito mais perto do Republicanos, de Muribeca, do que do PDT, de Vidigal e Weverson. Nacionalmente caminham juntos e, em terras capixabas, andam bem próximos, principalmente na Capital. Há quem aposte, inclusive, que seja questão de tempo, pouco tempo, a presença do PP na base aliada do governo Casagrande (PSB).
O Partido Progressista também não esconde que quer dar voos mais altos em 2026, quando estarão em jogo a disputa pelo Palácio Anchieta e duas vagas ao Senado. E a pavimentação desse caminho começa – ou melhor, já começou – agora.
Então, analisando apenas no campo das hipóteses a possibilidade do PP apoiar o PDT agora na eleição da Serra, qual a probabilidade dos pedetistas apoiarem o candidato do PP ao governo do Estado, em 2026, principalmente se este não estiver na base aliada de Casagrande?
Ou, ainda falando em hipóteses, se o PP apoiar o Republicanos na Capital – ou seja, a candidatura à reeleição do prefeito Lorenzo Pazolini –, ele poderia cobrar a mesma dobradinha, com o Republicanos e Muribeca apoiando a candidatura de Audifax na Serra? E seria um sinal que os dois partidos estariam juntos em 2026?
Se é certo que as alianças feitas agora são cobradas lá na frente, esses cálculos irão pesar na hora de tomar uma decisão.
A coluna questionou o presidente estadual do PP-ES, o deputado federal Josias da Vitória, sobre as duas possibilidades: do PP estar com o PDT ou estar com o Republicanos nesse ano. Ele não fechou nenhuma porta.
“Na vida tudo é possível, mas as duas questões dependem de muito diálogo. Não é missão fácil”, disse Da Vitória, que tem o nome ventilado para concorrer a uma das vagas majoritárias em 2026 – Senado ou Governo do Estado.
Já para o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, a dobradinha com o PP na Serra só seria possível se o Partido Progressista apoiasse a candidatura de Pablo Muribeca a prefeito. “Se quiserem apoiar Pablo, sim. Pablo é candidato”, enfatizou.
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