A Executiva Nacional do PT, em reunião que ocorreu nesta segunda-feira (27), homologou as pré-candidaturas do partido para as prefeituras de Cariacica e de Vila Velha, com Célia Tavares e João Batista Babá à frente, respectivamente.
Com a decisão, já são seis pré-candidaturas do PT no Estado que têm o aval da direção nacional. Além de Célia e Babá, receberam sinal verde: João Coser, em Vitória; Roberto Carlos, na Serra; Carlos Casteglione, em Cachoeiro, e Zé Carlos Elias, em Linhares.
A homologação de hoje, porém, ainda precisa ser chancelada pela federação que o PT faz parte. O partido é federado com o PV e com o PCdoB e os três precisam chegar a um consenso sobre as eleições municipais, o que, no momento, está bastante complicado.
Isso porque há um impasse nos dois municípios com relação à disputa majoritária. Em Cariacica, o PV lançou o ex-vereador e administrador Heliomar Costa. Já em Vila Velha, o Partido Verde tem a pré-candidatura da economista e gestora de projetos sustentáveis Sandra Frasson.
O PT, porém, vai insistir nas duas pré-candidaturas próprias. Primeiro buscando o consenso. Se não tiver alinhamento, a questão será decidida no âmbito da federação, onde o PT tem maior poder de decisão, por ser o partido maior entre os três.
É nessa possibilidade que Célia se fia. Até porque em Cariacica não há uma coordenação formada da federação, mas sim um GTE – Grupo de Trabalho Eleitoral.
“Nunca esteve pautado que a decisão seria da municipal. Nos grandes municípios, a decisão é da nacional. Claro que, se no diálogo fosse construído um consenso seria o ideal, mas os três partidos sempre souberam que a decisão seria nacional. É uma questão de tempo a homologação na federação”, disse Célia.
A professora disse que também já fechou apoio com os partidos Rede e Psol, que também formam uma federação, para a sua pré-candidatura em Cariacica.
Já Babá avalia a sua pré-candidatura em Vila Velha como “mais articulada” e conta com o apoio do PCdoB para ter a preferência dentro da federação.
“Em algumas conversas anteriores, o PV estaria com tendência de apoiar a atual gestão, mas quando o PV coloca agora um nome (Sandra Frasson), mostra que está disposto a se posicionar contra a gestão. Mas, a nossa pré-candidatura está muito mais articulada que a do PV. Inclusive, há a possibilidade da nossa vice ser do PCdoB: Gabriela Batella, uma jovem empresária com quem já conversamos”, disse Babá.
Nos bastidores, as pré-candidaturas do PV são vistas, por muitas lideranças petistas, como balão de ensaio. Isso porque o partido está na base aliada do prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), e também na base do prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos) – o presidente do PV de Vila Velha, Ricardo Pires, faz parte da gestão em um cargo de assessor.
Como os dois prefeitos são pré-candidatos à reeleição e o PT se coloca como oposição aos dois, insistir numa candidatura própria seria uma estratégia de “escape” do PV para não ser jogado no polo da oposição, ainda na pré-campanha. Mas o PV nega e reafirma que as pré-candidaturas são pra valer.
“Não é bem assim, não”
Pires, que preside o PV em Vila Velha, está articulando uma reunião com a federação para a próxima quarta-feira (29). Quer debater com o grupo – se possível na presença dos dirigentes estaduais – sobre a majoritária em Vila Velha, principalmente após a homologação do PT nacional à pré-candidatura de Babá a prefeito.
“O PT antecipa algumas coisas, mas nós estamos conversando. A federação é um espaço democrático e na quarta-feira vamos tentar nos reunir. Babá tem que vir conversar com a gente. Não é assim, não”, disse Pires.
Ele admitiu que faz parte da gestão e que o vereador do partido é bem próximo do prefeito, mas afirmou que o PV vai seguir o que for definido na federação. “Quando fui convidado para fazer parte da gestão do Arnaldinho eu não era presidente do PV, nem estava no partido. E também só fico até esse mês, porque sou pré-candidato a vereador”, explicou.
O dirigente enfatizou que a decisão mesmo de quem será o candidato do grupo só será tomada durante o período das convenções (20 de julho a 5 de agosto), mas que é importante nesse momento os partidos apresentarem seus quadros.
“Nós falamos com o PCdoB que não temos interesse em ser vice, mas o partido pode ter a nossa vice também, por que não? Nós temos uma pré-candidata à prefeita que é uma gestora, o PCdoB pode indicar a vice. O importante agora é ter nome para ser apresentado. A ideia não é brigar, é chegar a um consenso”, afirmou Pires.
“Não aceitaremos imposição”
Já em Cariacica, o clima está mais para briga mesmo. O PV no município diz que não irá retirar a pré-candidatura de Heliomar em prol da petista Célia.
“Quero registrar que independente do que o PT nacional decide, nós do PV manteremos a nossa pré-candidatura na cidade de Cariacica e vamos apoiar o PT em Vitória, onde é prioridade para o Partido dos Trabalhadores. A federação é constituída por democracia e não aceitaremos imposição”, disse Heliomar, o pré-candidato dos Verdes.
Ele enfatizou que a federação tem três representantes e que o PT, embora seja o maior partido entre os três, não tem a maioria em Cariacica, sinalizando que o PCdoB estaria fechado com o PV no município. “Há casos em que eles (petistas) têm a maioria e outros casos, como em Cariacica, em que eles não têm a maioria”.
Em entrevistas anteriores, o presidente do PV, César Lucas, disse que o lançamento de Célia não foi conversado com a federação e afirmou que Heliomar tem o apoio do PCdoB e até de parte do PT.
“Eu, como presidente municipal do PV, reafirmo a pré-candidatura do Heliomar. É um nome preparado e que conta com o apoio do PCdoB e até de parte do PT. Esse ano a federação será comandada pelo PCdoB. A Célia não conversa com a federação e quem vai deliberar sobre as candidaturas é a federação e não o PT. Temos dois nomes colocados”, disse César.
Ao que tudo indica, o imbróglio entre as duas legendas está longe de ser superado.
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