PSD pode deixar Luiz Paulo e apoiar Pazolini em Vitória

Erick Musso e Renzo Vasconcelos se reuniram na manhã de hoje para tratar sobre as eleições / crédito: Instagram

Há um ditado popular que corre pelos becos e vielas do mercado político que diz que “quem não dá assistência, abre espaço para a concorrência”. E, ao que parece, a máxima parece ter encontrado lugar no pleito de Vitória.

O PSD, partido que até então integra o bloco G-6 – grupo de seis partidos de centro – e apoia a pré-candidatura do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) na disputa pela Prefeitura de Vitória, pode deixar o grupo e apoiar outro pré-candidato, no caso, o atual prefeito da Capital, Lorenzo Pazolini (Republicanos).

Isso porque o partido, ou melhor, seu dirigente estadual, está se sentindo meio “deixado de lado” no grupo. A possibilidade da migração de apoio foi admitida pelo presidente estadual do PSD, Renzo Vasconcelos, após se reunir com o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, na manhã desta terça-feira (11).

A reunião ocorreu a convite de Erick, na sede do Republicanos, em Vitória. E o principal assunto foi uma possível dobradinha Vitória-Colatina nas eleições de outubro.

Renzo é pré-candidato a prefeito de Colatina e, segundo ele, já tem o apoio confirmado do Republicanos em sua aliança. Porém, o PSDB no município está com o atual prefeito, Guerino Balestrassi, que vai disputar a reeleição.

Em Vitória, o Republicanos tem candidatura própria, que é a de Pazolini à reeleição, mas o PSD não está com o Republicanos na Capital, está com o PSDB que, segundo Renzo, ainda não entrou em contato formalmente para tratar da aliança. Aliás, a falta de contato parece ter incomodado bastante o dirigente:

“O PSD tinha candidato, que era o Gandini. Ele retirou a candidatura e parece que declarou apoio a Luiz Paulo. Mas, em nenhum momento, o Luiz Paulo ou o partido me ligaram. Inclusive, o PSDB não é meu aliado em Colatina e os outros atores estão trabalhando, querendo apoio. Eu fui lá escutar o Erick e, de fato, o PSD está aberto ao diálogo”, disse Renzo, num tom bastante entusiasmado ao se referir ao Republicanos.

Segundo Renzo, Erick foi o único dirigente partidário que o procurou, em busca de apoio, desde que Gandini deixou a disputa.

No último dia 4, data em que estava programada uma reunião do G-6 para definir quem seria o pré-candidato do grupo (Gandini ou Luiz Paulo), Gandini publicou uma carta em sua rede social abrindo mão da pré-candidatura a prefeito de Vitória.

Na carta, ele não diz que iria apoiar Luiz Paulo, porém, o ex-prefeito e o porta-voz do grupo, deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), afirmaram que os seis partidos concordaram com a pré-candidatura de Luiz Paulo e que o grupo estaria unido.

Questionado sobre qual pré-candidato e partido estariam com um pezinho na frente na preferência do PSD, Renzo disse que está “50 a 50%”. “Nós ainda não temos uma definição do PSD. O Erick me procurou hoje, propondo diálogo e apoio. Não tenho motivo para não conversar”.

Segundo Renzo, o tom da conversa com Erick não foi no sentido de condicionar um apoio pelo outro, mas de abrir o diálogo e refletir sobre a possibilidade. Também não teria sido discutido espaço na chapa e nem na gestão, em caso de vitória dos dois (Pazolini e Renzo). “Não chegamos a discutir isso, mas vejo como natural na política. São construções republicanas”.

E qual será a postura de Gandini?

Luiz Paulo e Gandini

O PSD é um partido de médio porte, conta com considerável tempo de TV e recursos por conta dos seus 44 deputados federais. O PSD e o Republicanos caminharem juntos no Estado não seria nada fora do comum, uma vez que já fazem dobradinha na Serra e em Aracruz e, na Câmara Federal, os dois partidos fazem parte do mesmo bloco.

A questão que se impõe é como aparar as arestas regionais. Por exemplo, como colocar Gandini e Pazolini no mesmo palanque? Gandini, que é um dos mais ferrenhos opositores do prefeito da Capital desde a época em que os dois ainda dividiam a tribuna da Assembleia Legislativa e que teve um embate duríssimo durante a campanha de 2020, pediria voto ao prefeito se o seu partido coligar com o Republicanos?

Parece uma cena inimaginável, mesmo para a “política da nuvem”, que muda a cada instante. Talvez seja por isso que Renzo disse à coluna que, se fechar a aliança com o Republicanos, não cobrará nada do deputado.

“Não vou cobrar posicionamento do deputado. Eu o trouxe para ajudar na construção do partido. Eu garanti a vaga para Gandini (disputar a Prefeitura de Vitória). Ele teve a vaga e abriu mão”, disse Renzo.

O dirigente não deu detalhes sobre de que forma se daria a não cobrança de posicionamento, mas ela abre brecha para que o deputado fique neutro ou até apoie outro candidato na disputa.

Gandini foi questionado pela coluna sobre qual seria seu posicionamento na hipótese do seu partido fechar com Pazolini. O deputado disse que só irá se posicionar quando o partido bater o martelo.

“Estou trabalhando e cumprindo um dever de casa para manter o partido nesse grupo (de apoio a Luiz Paulo). Acho natural que, com minha saída, o PSD seja disputado, pois é um partido grande. Existe um processo político em curso e espero que consigamos resolver dialogando. Só me posicionarei quanto ao apoio quando for definido onde o partido ficará”, disse Gandini.

E Meneguelli?

Renzo e Meneguelli / crédito: Instagram

Em Colatina, o Republicanos é presidido por Pergentino Júnior, que vem a ser nada menos que o pai de Renzo Vasconcelos. A coluna já noticiou, ao analisar o cenário político em Colatina, que, a princípio, o Republicanos fecharia apoio à pré-candidatura de Renzo, mas que havia um detalhe que poderia se tornar um empecilho: o deputado Sérgio Meneguelli (Republicanos).

Meneguelli é ex-prefeito de Colatina, conta com capital político considerável e é vice-presidente do Republicanos no município. Em entrevista à coluna na semana passada, o deputado disse que poderia sim disputar a Prefeitura de Colatina e que iria decidir em cima da hora.

“Eu posso sim ser candidato. Em todas as pesquisas, eu saio na frente, inclusive com vantagem. Mas, isso a gente está definindo ainda. Eu defino sempre na última hora, porque acho que nadar muito agora é morrer na praia. Tenho prazo para bater o martelo, nem começou o período das convenções ainda”, disse Meneguelli à coluna De Olho no Poder, na ocasião.

Erick também foi procurado, à época, e disse que a preferência seria em dar legenda para Meneguelli, mas que o deputado nunca procurou o partido para dizer que tinha a intenção de disputar novamente a prefeitura – Meneguelli foi prefeito de Colatina entre 2017 e 2020.

“Hoje nós estamos com Renzo, por decisão do próprio Serginho. Se Serginho disser que quer ser candidato, vamos dar legenda a ele, ele tem prioridade e Renzo sabe disso. Mas ele nunca tratou disso no partido. Nunca falou: ‘Erick, quero ser candidato”, disse o presidente estadual do Republicanos.

Renzo afirmou também que o Republicanos nunca se opôs a apoiá-lo. “O Erick já nos deu o apoio em Colatina e o partido lá nunca se posicionou contra. O próprio Sérgio nunca se posicionou contra. Ele é uma referência no município e nunca se opôs ao apoio à minha pré-candidatura”, disse Renzo.

Renzo disse que não há prazo para bater o martelo sobre quem o PSD irá ficar. Oficialmente, o prazo se encerra no período das convenções partidárias, que vai de 20 de julho a 5 de agosto.

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