Pesquisa em Guarapari: Oposição na frente e vida difícil para prefeito e sucessor

Guarapari

A pré-campanha e a campanha não serão nada fáceis para o prefeito Edson Magalhães (PSDB) e seu sucessor na disputa eleitoral em Guarapari, o pré-candidato Emanuel Vieira (União Brasil). Ao menos é isso que mostra a pesquisa do Instituto Futura Inteligência, em parceria com a Rede Vitória no projeto 100% Cidades.

Pré-candidatos que fazem oposição ao prefeito ocupam os primeiros lugares na intenção de votos dos entrevistados e o nome que promete levar o legado de Magalhães aparece em penúltimo lugar, em um dos cenários testados.

Rodrigo Borges (Republicanos)

O posicionamento do pré-candidato da situação pode ter relação com a avaliação da gestão e do prefeito. Outro fator que pode somar é o desconhecimento sobre o candidato, que é ex-secretário da gestão.

A coluna De Olho no Poder destrincha e analisa os números da pesquisa de Guarapari (leia a pesquisa completa aqui):

Oposição toma a liderança

Em todos os cenários (espontâneo e estimulados) de intenção de votos do levantamento, o vereador Rodrigo Borges (Republicanos) aparece em 1º lugar. Desde o início do seu mandato, Borges tem feito uma oposição ferrenha ao prefeito e tem ocupado a posição de principal opositor.

O vereador tem o apoio, além do seu partido (Republicanos), também do Partido Novo e está em conversas com uma terceira legenda.

Zé Preto (PL) / crédito: Mara Lima/Ales

Embora esteja à frente na pesquisa, se for considerada a margem de erro do levantamento – de 4,9 pontos percentuais para mais ou para menos –, Borges está empatado com o deputado estadual Zé Preto, pré-candidato a prefeito pelo PP.

Zé Preto também faz oposição ao atual prefeito e conta com o apoio, além do PP, de outros cinco partidos: PRD, PSD, DC, Podemos e PSB. Ele pleiteia também o apoio do Palácio Anchieta, embora o PSB ainda mantenha o nome do jornalista e ex-deputado Ted Conti (PSB) no jogo.

A diferença entre Borges e Zé Preto é pequena, varia de 1,4 a 4,3 pontos percentuais. Mas os dois mantêm uma distância considerável dos outros concorrentes – enquanto eles estão na casa dos 20% e 30%, os demais mal chegam a pontuar dois dígitos.

Em três, dos quatro cenários estimulados testados, o terceiro lugar fica com o presidente da Câmara de Guarapari, Wendel Lima (MDB), que não chega a ser oposição, mas tem uma atuação um pouco mais independente com relação à Prefeitura. Sua pontuação vai de 6,9% a 10,3% na intenção de votos.

Wendel Lima (MDB)

Contra Wendel, porém, pesa a rejeição. Ele pontua 31% e está em primeiro lugar na lista dos mais rejeitados.

Já o pré-candidato da situação, Emanuel Vieira vai de 5º a 7º lugar, com intenção de votos que vai de 2% a 5,6%.

Herança negativa, desconhecimento ou os dois?

O prefeito Edson Magalhães lançou no final de março o nome do seu sucessor. Ele escolheu seu então secretário de Obras, Emanuel Vieira, para a empreitada. Emanuel é engenheiro e servidor efetivo da prefeitura, um nome técnico para levar adiante o legado político de Magalhães.

Porém, segundo mostram as pesquisas, o nome de Emanuel ainda não deslanchou e há sinais de que ele ainda seja desconhecido na cidade. Ao serem questionados sobre quem poderia ser candidato a prefeito pelo município, apenas 3,4% dos entrevistados lembraram no nome do ex-secretário.

Emanuel Vieira (União)

Quando a pergunta foi: “se a eleição para prefeito fosse hoje, em quem você votaria?”, sem dar opção de resposta (cenário espontâneo), também apenas 3,5% citaram o nome de Emanuel.

A pesquisa foi feita entre os dias 26 de junho e 2 de julho, ou seja, três meses após o prefeito anunciar que Emanuel seria seu candidato. Sendo o nome da situação, contando com o apoio da máquina pública e dos partidos União Brasil, MDB, Cidadania e PDT, o esperado era que Emanuel já fosse mais conhecido e que isso já aparecesse na pesquisa.

Outro ponto que pode ser visto como uma barreira para o crescimento de Emanuel é o índice negativo da avaliação da gestão e do prefeito.

Segundo mostrou o levantamento, a gestão é avaliada como ruim ou péssima por 40,1% dos entrevistados; 37,9% avaliam como regular e apenas 17,2% acham a gestão boa ou ótima.

A avaliação sobre o prefeito segue números parecidos: 40,2% acham que Magalhães é ruim ou péssimo; 31,8%, que ele é regular, e 27% o avaliam como bom ou ótimo.

A saúde na “Cidade Saúde”

Danilo Bahiense (PL)

A avaliação negativa da “Cidade Saúde” à gestão e ao prefeito pode ter como foco principal justamente a questão da saúde pública. Uma das obras mais cobradas no município é o Hospital Cidade Saúde, promessa antiga para a população de Guarapari, mas que ainda não foi inaugurado.

No levantamento, quando questionados sobre qual deveria ser a prioridade do próximo prefeito, 59,7% dos entrevistados opinaram por “melhorar a saúde”. É a principal queixa, estando quase 40 pontos percentuais à frente da segunda prioridade apontada, que é a de “melhorar a educação”.

Numa outra questão sobre como avaliavam diferentes serviços públicos ofertados pelo município, a saúde pública também foi destaque. Dos entrevistados, 71,7% disseram que a saúde no município é ruim ou péssima.

Oylas Pereira (PT)

Foi o pior índice entre todos os serviços citados pelo levantamento – saúde, educação, saneamento básico, segurança e transporte público. Só a título de comparação, o segundo pior seria o transporte público, com 55,8% de rejeição (avaliação ruim ou péssima).

Não à toa que muitos pré-candidatos têm a saúde como principal bandeira da pré-campanha. E também como principal crítica/ataque ao prefeito.

Saída de aliados não faz grande diferença para Zé Preto

Outra consideração que precisa ser levada em conta, mostrada na pesquisa, é sobre a estratégia de retirar pré-candidatos da disputa para beneficiar um aliado.

Gedson Merízio (Podemos)

Zé Preto (PP), Gedson Merízio (Podemos) e Ted Conti (PSB) fazem parte do mesmo grupo político e a tendência, desde o início, era que apenas um deles – no caso o deputado – disputasse, com o apoio dos outros dois.

Na ocasião do lançamento da pré-candidatura de Zé Preto, a coluna noticiou que Gedson chegou a sinalizar que poderia ser vice, na composição da chapa do deputado. O PSB também foi citado como apoiador da pré-candidatura de Zé Preto, embora o partido tenha o nome de Ted na disputa.

A pesquisa Futura chegou a testar um cenário retirando os dois (Gedson e Ted) da disputa, porém, Zé Preto pouco lucra com a saída dos aliados.

No cenário em que os oito pré-candidatos são testados, Zé Preto, em 2º lugar, aparece com 24,8% das intenções de voto; Ted com 3,7% e Gedson tem 3,3%. A soma de Ted e Gedson resultaria em 7 pontos percentuais.

Já no cenário com a ausência dos dois nomes, Zé Preto até cresce, pontuando 28,7%, mas o crescimento não chega a 4 pontos, ou seja, está abaixo dos 7 pontos de intenção de votos que os aliados conquistaram e poderiam, pela lógica, transferir para o deputado.

Ted Conti (PSB)

Porém, nem sempre a política obedece a lógica. Quem, na verdade, cresce quase 7 pontos entre um cenário e outro é o vereador Rodrigo Borges, que pula de 26,2% (no cenário com oito pré-candidatos) para 33% (no cenário com seis pré-candidatos). Como já dito anteriormente, em todos os cenários ele larga na frente, embora pela margem de erro esteja empatado com Zé Preto.

Guarapari conta com um colégio eleitoral de 99.129 eleitores e, até o momento, com oito pré-candidatos a prefeito. Além dos já citados, também estão na disputa a prefeito o deputado Danilo Bahiense (PL) e o ex-vereador Oylas Pereira (PT).

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

 

LEIA TAMBÉM:

Pesquisa Futura indica Rodrigo Borges e Zé Preto na frente na corrida para prefeito de Guarapari

Jogo embolado em Guarapari

Disputa em Guarapari: Zé Preto lança pré-candidatura a prefeito com Gedson cotado para ser vice