A terceira pesquisa do Instituto Futura sobre as intenções de voto na Serra traz duas certezas e uma dúvida. A primeira constatação é que o maior colégio eleitoral do Estado deve ser o único que contará com dois turnos nas eleições municipais.
Nos outros três municípios possíveis de ter uma segunda eleição (cidades com mais de 200 mil eleitores), as pesquisas mostram que o pleito deve se encerrar no próximo domingo. Na Serra, porém, tal feito se mostra improvável já que quem lidera a pesquisa não alcançou mais que 50% dos votos. (veja a pesquisa completa aqui)
A menos que, a quatro dias da eleição, uma reviravolta aconteça, os dados do levantamento mostram que a presença do ex-prefeito Audifax Barcelos (PP) no 2º turno é garantida.
Ele manteve a liderança nas três pesquisas realizadas pelo instituto após o início da campanha eleitoral, sempre pontuando acima de 34% no cenário estimulado, mantendo uma distância considerável (mais de 10 pontos percentuais) dos demais concorrentes.
Portanto, junto à certeza de que haverá segundo turno, os dados mostram também que Audifax estará nele.
Já a indefinição se dá sobre quem será o concorrente do ex-prefeito.
Embora a distância entre eles tenha aumentado em 0,5 ponto percentual, Pablo Muribeca (Republicanos) e Weverson Meireles (PDT) estão empatados, tecnicamente. Muribeca pontuou 24% no cenário estimulado. Weverson, 21%. Apenas 3 pontos separam os dois candidatos na pesquisa, que tem margem de erro de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Ou seja, se a eleição fosse hoje, qualquer um dos dois poderia conquistar o segundo lugar e disputar contra Audifax o 2º turno. E é sempre bom lembrar que segundo turno é uma nova eleição. É como se o placar fosse zerado e os dois partissem do mesmo ponto de largada para mais uma corrida.
O cenário na Serra, portanto, está aberto, a ser definido agora, nos últimos dias, ou até nos últimos minutos antes da apuração dos votos.
Quem conquistará a preferência do eleitor nessa reta final? A maior cidade do Estado vai se manter conservadora e optar pelo duelo já conhecido entre Audifax e o grupo do prefeito Sérgio Vidigal (PDT)? Ou romperá com esse ciclo que já dura 27 anos, trazendo para o embate uma nova força política? A conferir.
Busca pelos indecisos
Não que seja impossível, mas na semana da eleição, a estratégia de virar votos ou tirar votos de outros candidatos é mais complicada. Isso porque, a essa altura do campeonato, o eleitor que já definiu em quem irá votar, dificilmente mudará de lado. O voto (ou a intenção de voto) já está consolidado.
Mas, há um campo vasto a ser explorado: o campo dos indecisos. A pesquisa Futura mostrou que 12,1% dos entrevistados ainda não sabem em quem irão votar. Isso no cenário estimulado. Quando se analisa o cenário espontâneo (que apresenta o voto convicto), esse índice é ainda maior, chegando a 33,7%.
E são nesses eleitores que os candidatos e os estrategistas de campanha precisam focar. Chegará ao 2º turno quem conseguir conquistar esse eleitorado.
O que mostram os dados da rejeição
Na terceira pesquisa sobre a eleição na Serra houve uma mudança no cenário da rejeição. O candidato do PT, Roberto Carlos, assumiu a liderança dos “rejeitados” com 28,4% dos entrevistados afirmando que não votariam nele de jeito nenhum.
Porém, o que chama a atenção nesse dado, não é quem assumiu a ponta, mas sim quem a deixou. Muribeca, que nas outras duas pesquisas pontuava 26% de rejeição conseguiu baixar esse índice para 20%, uma redução real, fora da margem de erro.
Assim como o voto espontâneo, a rejeição tem como característica representar a vontade convicta do eleitor. Se Muribeca conseguiu reduzir em seis pontos percentuais a resistência ao seu nome isso não quer dizer que essa parcela do eleitorado irá votar nele, mas sim que ele ainda tem teto para crescer, o que pode fazer diferença nessa reta final.
Ainda assim, Muribeca é mais rejeitado que Weverson, numa diferença de 5 pontos percentuais – maior que a margem de erro e maior que a diferença de intenção de votos entre eles.
Casagrande vai pra onde?
O governador Renato Casagrande (PDB) entrou de cabeça na campanha de Weverson, por conta da aliança que tem com o prefeito Vidigal. Mas, se Weverson não chegar ao segundo turno, qual será o posicionamento do governador?
Muribeca faz parte da base aliada do Palácio Anchieta na Assembleia, mas não chega a ser um aliado de primeira hora. Pesa contra ele a rejeição e também o seu “modus operandi” de se contrapor à gestão de Vidigal. Por isso, um apoio do governador a Muribeca pode criar um mal-estar com o atual prefeito da Serra.
Já Audifax, que lidera a pesquisa, foi oposição a Casagrande em 2022. Para além de concorrer ao governo do Estado, fez críticas duríssimas ao socialista e apoiou Carlos Manato (PL) no segundo turno. Há quem diga que a mágoa criada naquele pleito ainda perdura.
LEIA TAMBÉM:
FUTURA: Audifax lidera na Serra com 36%; Muribeca e Weverson seguem empatados