Poderia Lelo Coimbra se abster do segundo turno em Vitória?

Lelo Coimbra (PMDB), o terceiro colocado nas urnas em Vitória com 26,5 mil votos, está ‘refugiado’ em Brasília. À coluna prometeu que se manifestará sobre o segundo turno assim que retornar da capital federal, entre a noite de quarta-feira (5) e a manhã de quinta (6). Até lá há muita coisa para refletir, longe do assédio da imprensa.

Não é novidade para ninguém que o caminho natural de Lelo seria apoiar Amaro Neto (SD). Afinal, além de ambos serem aliados do governador Paulo Hartung (PMDB), fizeram nítida parceria no primeiro turno, quando proferiram ataques à gestão de Luciano Rezende (PPS) nos debates e nos programas eleitorais na TV e no rádio. Todavia, Amaro não saiu totalmente ileso da artilharia de Lelo, apesar de ter sido menos alvejado.

Apoiar Luciano Rezende – grande desafeto do governador – seria comprar briga com Hartung, com quem Lelo não quer problema. Ao mesmo tempo, seria incoerência de sua parte se aliar a alguém que apontou como o grande responsável por quebrar Vitória, tirar seu protagonismo econômico e isolar a capital do Estado, do Brasil e até do mundo. Por essa escolha, Lelo teria uma conta muito cara a pagar.

Por outro lado, apoiar Amaro também traria seu ônus a Lelo. Apesar de ter ‘batido’ menos no deputado estadual, o peemedebista também proferiu críticas – bastante simbólicas – ao colega palaciano. Fosse apenas isso, os marqueteiros até que poderiam arrumar alguma forma criativa de voltar atrás e tentar abstrair as críticas de Lelo a Amaro, para que ele não ficasse arranhado ‘na fita’ do segundo turno.

O que Lelo realmente teme é ter de prestar contas desse apoio às classes A e B. Não é surpresa para ninguém que esse público rejeita o deputado estadual do Solidariedade, ao mesmo tempo em que demonstra muito mais afinidade com Luciano Rezende e Lelo Coimbra. Vamos aos números: Na Ilha do Boi, Lelo venceu Amaro de 189 a 56; em Santa Lúcia de 749 a 443; em Santa Luíza de 262 a 246; em Praia do Canto de 2.264 a 1.106; em Mata da Praia de 727 a 389; em Jardim da Penha de 2.204 a 1.657 e em Praia de Santa Helena de 520 a 297. Já Amaro foi mesmo imbatível na periferia da cidade, onde Lelo também teve sua fatia de bônus.

Nesse sentido, pessoas próximas a Lelo já garantem que o deputado deve se abster do processo eleitoral. Apesar de haver toda uma campanha em trâmite para que o parlamentar vire a casaca e apoie Luciano, ao mesmo tempo em que se bate na tecla do ‘caminho natural’ para que ele apoie Amaro, pesa para Lelo o influente público das classes favorecidas – determinante em processos eleitorais.

Afinal, analisando a história, é possível constatar que um candidato não apoiado pela elite regional dificilmente se elege. E Lelo Coimbra não quer aparecer na próxima eleição com votos a menos nas urnas, decorrentes de um descontentamento da população por um apoio mal embasado em eleições municipais.

A campanha do deputado federal defende que ele saiu desse processo maior do que entrou. É possível que sim, afinal Lelo já é uma figura que transcende Vitória, por ser deputado federal. Então agora caberá a ele, e somente a ele tomar essa difícil escolha, que uns taxam de irresponsável e outros de corajosa e/ou coerente.

Talvez a única pista deixada por Lelo sobre a sua decisão é a de que ouvirá a voz das ruas. Que ouvirá cada segmento que participou de sua disputa. Em se tratando de uma campanha tocada praticamente sozinha por Lelo Coimbra, sem o Palácio e com apoios bem pulverizados do rachado PSDB de Vitória, mais natural do que apoiar Amaro Neto seria mesmo Lelo ficar com sua garantida bagagem e deixar seus aliados escolherem o melhor caminho a seguir. Aguardemos agora, em paz, o resultado de sua reflexão.

Apoio declarado

Presidente da Ordem dos Advogados Brasil Seccional Espírito Santo (OAB-ES), Homero Mafra saiu em defesa da reeleição de Luciano Rezende em Vitória. Mafra disse que não tem nada pessoal contra Amaro e que sua opção é política e ideológica. O presidente da OAB-ES ainda defendeu o apoio de Perly Cipriano (PT) a Rezende e pediu ajuda para convencer Lelo Coimbra a apoiar o atual prefeito. Difícil…

Em tempo

Lideranças de comunidades da periferia de Vitória estão mudando de lado nos últimos dias. Apoiavam um candidato a prefeito no primeiro turno e agora apoiam outro…

Disputada

Mais disputada do que a eleição em Vitória é a vaga do conselheiro Valci José Ferreira de Souza no Tribunal de Contas do Estado (TCE-ES). Ferreira foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no final do mês de setembro, à pena de dez anos de reclusão e ao pagamento de multa por crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Quem deve indicar o novo conselheiro, ou a nova conselheira, é a Assembleia Legislativa. Na disputa já estariam Rodney Miranda (DEM), prefeito de Vila Velha derrotado nas urnas no último dia 2 e Norma Ayub (DEM), outra que não teve êxito nas eleições municipais de Itapemirim. Para ocupar o cargo é preciso ter idoneidade moral, reputação, conhecimento jurídico, contábil e econômico, pelo menos dez anos de função pública, entre outros requisitos.

Balaio de gato

Tem confusões que só mesmo a política para fazer. O deputado federal Carlos Manato (SD) apoia Amaro Neto em Vitória e Juninho (PPS) em Cariacica. Nada mais natural já que é Amaro é do seu partido e o SD está na coligação de Juninho na cidade vizinha. Entretanto, em Cariacica Amaro Neto (SD) não está no palanque de Geraldo Luzia Junior e sim no de Marcelo Santos (PMDB), que não tem o apoio do Solidariedade, do seu presidente Manato.

Apoio cristão

O presidente estadual do PSC, Reginaldo Almeida, se reuniu nesta terça-feira (4) com o presidente do PSC em Vitória, Wanderson Marinho, entre outros nomes, para decidir o apoio a ser dado no segundo turno das eleições. O anúncio será feito nos próximos dias, após novos encontros.

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