O partido Patriota se reuniu na última segunda-feira para um grande ato de filiação partidária na Câmara de Vereadores da capital. Entre os filiados ilustres estavam a vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane, e o filho do vereador Maurício Leite, o Maurício Leite Filho.
Maurício é pré-candidato a deputado estadual. Já Estéfane, agora que deixou o Republicanos, vai se candidatar a uma vaga à Câmara Federal. Em entrevista recente que deu ao programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, na rádio Jovem Pan News Vitória (90.5 MHz), Estéfane falou um pouco de sua trajetória, dos ruídos (segundo ela já superados) na relação com o prefeito Pazolini e também da possibilidade de mudar de partido.
Deixou claro que é conservadora (mas não extremista), de direita, e defensora de pautas como a defesa dos militares, da família e também do empoderamento feminino – ela admitiu acolher também algumas pautas progressistas. Estéfane disse que nessa eleição não vai fazer apoio público a nenhum candidato, mas, antes de se filiar, disse à coluna que na conversa que teve com o partido, o Patriota se comprometeu a apoiar uma candidatura majoritária de direita.
Esse direcionamento foi confirmado pelo vice-presidente estadual do Patriota capixaba, Jarlos Nunes. “O posicionamento do partido é até estatutário. O estatuto não permite que façamos coligação com a esquerda, por se tratar de um partido de direita. Aqui no Espírito Santo vamos caminhar ao lado da direita, Nossos representantes, tanto para presidente da República como para o Executivo daqui do Estado, serão de direita. Não iremos caminhar com a esquerda”, disse Jarlos.
Perguntado sobre que nome a sigla apoiaria para a disputa a governador, Jarlos disse que ainda não tinha sido definido, mas que seria alguém da direita. O presidente estadual do Patriota, Rafael Favatto, esteve presente no evento de filiação do PL que lançou a pré-candidatura do ex-deputado Carlos Manato ao governo. Porém, não selou apoio apoio ao partido – ao menos não publicamente.
O Patriota foi reformulado em 2018 com o intuito de abrigar o então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro. Antes, a legenda, fundada em 2012, se chamava PEN – Partido Ecológico Nacional –, mas teve o nome e o estatuto alterados. Bolsonaro, porém, preferiu se filiar ao PSL. No ano passado, com Bolsonaro sem partido e na dúvida sobre qual caminho decidiria – ele acabou indo para o PL –, o Patriota tentou novamente filiá-lo, assim como o senador Flávio Bolsonaro, mas a tentativa virou confusão e o presidente nacional da legenda acabou sendo afastado.
No Estado, o Patriota pode até rezar a cartilha conservadora, mas caminha ao lado de um governo de centro-esquerda. A sigla, sob o comando de Favatto, sempre deu governabilidade a Casagrande. Como médico, por diversas vezes na Assembleia, Favatto defendeu a gestão da saúde no combate à pandemia e, embora se coloque como independente, vota a favor da maioria dos projetos do governo, tendo posição oposta ao até então correligionário, deputado Capitão Assumção.
E, embora Jarlos tenha dito que a legenda caminhará com a direita, o PSB – partido de centro-esquerda que abriga o governador Renato Casagrande – conta com o Patriota para a formação de uma frente ampla para disputar as eleições de outubro.
“No Patriota, tirando o deputado Assumção que deverá deixar o partido, a maior parte está conosco, tanto na Grande Vitória como no interior”, disse o presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, ao ser questionado pela coluna sobre a postura do Patriota com relação ao governo. Assumção foi liberado pelo Patriota para deixar o partido e já assinou ficha de filiação no PL, no mês passado, em evento que anunciou a pré-candidatura ao governo do ex-deputado Carlos Manato (PL).
Questionado se o deputado estadual Rafael Favatto, que preside o diretório do Patriota no Espírito Santo, estaria nesse projeto, Gavini confirmou: “Sim, Favatto está próximo ao governador”. Gavini disse ainda que “tudo indica” que o Patriota vai apoiar Casagrande à reeleição, caso ele seja mesmo candidato.
Desde a filiação de Assumção ao PL – no dia 22 de fevereiro –, a coluna procura Favatto para esclarecer com quem o partido irá ficar nas eleições. Favatto, porém, ainda não se pronunciou. Na segunda-feira (14), a assessoria do deputado informou que o vice-presidente estadual do Patriota, Jarlos, falaria pelo partido. Ontem, o deputado foi novamente procurado e não retornou aos contatos.
Não seria coisa de outro mundo um mesmo partido apoiar Bolsonaro à Presidência e Casagrande ao governo do Estado, concomitantemente. O PP já anunciou que terá essa postura na eleição e isso foi deixado bem claro para os progressistas e futuros filiados, durante a filiação do coordenador da bancada federal capixaba, Josias da Vitória, ao PP, na semana passada.
Porém, no Patriota, paira a dúvida, já que o vice-presidente estadual da sigla fala uma coisa, o suposto aliado fala outra e o presidente da legenda não se manifesta. Afinal, com quem o Patriota subirá o altar no dia 2 de outubro?