Após o fechamento da janela e as fortes emoções e tensões das últimas horas de filiação partidária, o plenário da Assembleia Legislativa apresenta uma nova configuração. Os partidos que formam a base aliada do governador somam dois terços dos deputados. Ou seja, de cada três parlamentares, dois são de legendas aliadas a Casagrande.
O PSB, partido do governador, passa a ser a maior bancada da Ales, com cinco deputados – Bruno Lamas, Dary Pagung, Freitas, Janete de Sá e Luciano Machado. Aumentou uma cadeira, já que antes da janela contava com quatro parlamentares. E tomou o lugar do União Brasil, que chegou a ter cinco deputados também – Quintino, Theodorico, Esmeraldo, Torino e Danilo – mas agora não tem nenhum.
Em segundo lugar no ranking das maiores bancadas estão empatados, com quatro deputados cada, os partidos: PDT, PP e PSDB. Os três também são alinhados ao governador. Antes da janela, o PSDB tinha três parlamentares. Mas filiou Majeski, que deixou o PSB. Já PDT e PP, que contavam com uma cadeira apenas, cresceram 300%.
Algumas legendas que não tinham nenhuma representação, passam a ter. É o caso do PSC, que agora conta com dois deputados, e o DC – que chegou a ter um deputado com a eleição de Euclério Sampaio em 2018 – que depois mudou de legenda. O DC volta a ter uma cadeira.
Já outras legendas, que tinham bancadas até o início da janela, agora estão sem nenhuma representação. São elas: Avante, União Brasil, PMN, PV, Solidariedade e MDB. O União tinha cinco deputados e o PV, dois.
Menor número de siglas representadas
O número de partidos representados na Assembleia também caiu. Em 2018, na eleição, 20 legendas estavam representadas. Após as fusões de partidos e mudanças partidárias, esse número caiu para 17. Mas, após a janela partidária, são 13 partidos que ocupam cadeira no Legislativo. Comparado a 2018, uma redução de 35%.
Embora o tamanho da bancada seja importante nas votações, nesse momento, não muda o jogo de forças na Assembleia. O presidente da Ales, Erick Musso, explicou que o tamanho da bancada é importante na eleição da Mesa Diretora e quando são compostas as comissões, já que os partidos maiores ocupam mais vagas.
Mais da metade da Ales troca de legenda
Dezessete deputados estaduais trocaram de legenda para disputar as eleições deste ano. Alguns por discordarem do rumo que o partido estava tomando – apoiar ou não o governador, por exemplo. Mas a maioria, foi por questão pragmática, por sobrevivência política. Foram em busca das melhores composições para conseguirem a reeleição ou postos maiores.
O deputado Sergio Majeski, o parlamentar mais votado em 2018 (47.015 votos), saiu do PSB e voltou para o ninho tucano. Desde que entrou no partido do governador, Majeski e o PSB vinham tendo embates. A gota d’água foi a eleição municipal de 2020, quando Majeski não teve apoio do partido para disputar a Prefeitura de Vitória. Desavenças dentro do partido também motivaram seu companheiro de reduto, Adilson Espíndula, a mudar de legenda – Majeski e Adilson são de Santa Maria de Jetibá. Adilson foi destituído da presidência estadual do PTB e processado na Comissão de Ética, após uma série de confusões na legenda.
Mas, a maioria dos deputados que trocou de abrigo não tinha problemas em suas legendas, a não ser a falta de uma chapa que lhe garantisse a chance de disputar com possibilidade de se eleger. Foi o caso de Janete de Sá, presidente do PMN, que não conseguiu montar a chapa em seu partido e migrou para o PSB. Ou de Marcos Garcia, que deixou o PV para entrar no PP.
O caso Hércules
O deputado Hércules Silveira foi o quinto deputado mais votado em 2018. Teve 30.718 votos. E, por ser “bom de voto” e já visto como eleito em qualquer disputa, ele foi barrado em muitos partidos, como a coluna já noticiou.
Normalmente, na composição partidária, parlamentares com essa votação são alocados para a chapa federal, mas desde o início das articulações, Hércules se negou a “subir” de posto. Dos quatro deputados mais bem votados do que ele, apenas Danilo Bahiense vai disputar a reeleição. Majeski e Renzo – o 1º e o 3º mais bem votados, respectivamente – vão disputar a Câmara Federal. O 2º mais votado foi Pazolini, que virou prefeito.
Na noite de sábado (02), faltando duas horas para encerrar o prazo de filiações, a coluna falou com Hércules, que ainda estava sem partido. Ele se desfiliou do MDB no dia anterior e disse que não voltaria.
“Os deputados fecharam a porta pra mim. Estive com o governador, que me deu a sugestão de alguns partidos, mas não vou entrar em aventura. E também não quero ser deputado federal. Também não volto para o MDB. Eu estou resignado”, disse Hércules. Depois disso, não atendeu mais aos contatos da coluna. Lideranças do MDB, do PSB, do PV e do PDT disseram que não filiaram o deputado. Ao que tudo indica, ele está sem partido e não deve disputar.