O partido Patriota declarou apoio ao presidente da Assembleia, Erick Musso, na corrida ao Palácio Anchieta. Num vídeo, divulgado no mês passado, o presidente da sigla, deputado estadual Rafael Favatto, anunciou a “aliança rumo ao governo do Estado” ao lado do colega de parlamento.
“Hoje é um dia muito feliz. Erick, quero te dar os parabéns, em primeiro lugar, por aceitar o desafio de comandar o nosso estado do Espírito Santo. Você que à frente da Assembleia fez um excelente trabalho, sendo a Ales a mais transparente do Brasil, a mais econômica, a mais correta, a que tem diálogo com nossa população. Eu tenho alguns mandatos de deputados e eu sinto orgulho de fazer parte da sua Assembleia e ter você como meu presidente. E hoje não estou como deputado, mas como presidente do Patriota, para anunciar nossa aliança rumo ao governo do Estado neste ano. O caminho é esse aqui: Erick Musso governador do Espírito Santo. Não posso fazer campanha agora, mas já queria sair na rua para anunciar Erick Musso governador”, disse Favatto à época, recebendo a gratidão de Erick.
Nacionalmente, o Patriota é um partido de direita e que apoia o presidente Bolsonaro (PL). Mas, no Estado, o partido é simpático ao governador Renato Casagrande (PSB). E isso se mostra nas votações e discursos dos seus dois deputados – Favatto e Hércules Silveira. No dia a dia, os dois caminham bem alinhados ao governo do Estado, participam de eventos oficiais do Palácio Anchieta e, nos discursos, não poupam elogios ao governador.
Na última quinta-feira (05), por exemplo, na assinatura da ordem de serviço para a construção da Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap) Bigossi, no bairro Cristóvão Colombo, em Vila Velha, Hércules e Favatto estiveram presentes ao lado de Casagrande. Elogiaram a gestão do governo do Estado e agradeceram ao governador pelos investimentos.
“São sete anos que eu voto a favor dos projetos do governador Casagrande, porque ele nunca mandou projeto para lá (Assembleia) para se beneficiar. O governador está investindo R$ 1,5 bilhão, é mais que o orçamento do município. Eu vou continuar ajudando vossa excelência, governador”, disse Hércules.
Já o discurso de Favatto foi ainda mais efusivo em apoio ao governador. “É importante salientar: são dois mandatos de vossa excelência aqui no Estado e foi o governador que realmente olhou para Vila Velha. Não olhou apenas na época de eleição, mas o senhor está fazendo o maior investimento em nosso município. Não há na história outro cidadão que tenha feito um investimento tão necessário aos nossos irmãos canelas-verdes. Eu quero agradecer, de coração, ao governador por se importar com o povo canela-verde. Tem investimento em toda Vila Velha e isso é importante para todos nós. Parabéns, governador! Conte comigo na Assembleia para continuar ajudando seu governo”, afirmou Favatto.
Os discursos, claro, não foram feitos em palanques de campanha e nem contaram com pedidos de voto – o governador não se colocou como candidato à reeleição e a legislação eleitoral nem permite pedido de voto antecipado –, mas chamou a atenção o fato dos representantes do Patriota estarem no palanque, discursarem e tecerem elogios ao governador, ainda que reconhecendo o trabalho, o que levantou algumas possibilidades no mercado político.
Uma delas é sobre a manutenção do apoio a Erick Musso. O presidente da Ales começou a subir o tom contra o governo do Estado em discursos e postagens em redes sociais. Erick tem se colocado como oposição a Casagrande, garante que vai levar sua candidatura ao governo até o fim e tem corrido atrás de alianças partidárias. Curiosamente, ele não dificulta a vida do governo na Ales. Não segura projetos do governo, que sempre são votados e aprovados em tempo recorde. A participação dos deputados do Patriota no palanque de Casagrande gerou burburinhos sobre a possibilidade do partido desembarcar do apoio a Erick Musso ou, caso continue, ao menos não endosse as críticas que Erick tem feito, ficando mais neutro na disputa.
Em entrevistas anteriores à coluna, antes do anúncio de apoio do Patriota, o presidente do PSB, Alberto Gavini, disse que contava com o partido de Favatto, a quem chama de aliado, no projeto da frente ampla que deve ser liderado por Casagrande. Ele, porém, admitiu que o partido estaria dividido.
O vice-presidente do Patriota, Jarlos Nunes, disse à coluna, em março, que o partido iria apoiar um candidato do campo ideológico da direita, até por questões estatutárias. Sem citar nomes, ele disse que a legenda não iria caminhar com um candidato da esquerda. A decisão final sobre com quem cada partido irá caminhar só sai, porém, durante as convenções.