O governador Renato Casagrande se reuniu na noite de ontem (06) com a cúpula petista capixaba para debater os palanques nacional e estadual com o partido. É a segunda reunião que o governador faz com a liderança do PT e, ao contrário da primeira, dessa vez ele estaria muito mais aberto à possibilidade de apoiar Lula no Estado. Casagrande deve ir hoje a Brasília e, entre outras agendas do mandato, deve ter uma conversa definitiva com a liderança nacional do PSB e do PT sobre as eleições.
A reunião ocorreu na Residência Oficial da Praia da Costa, em Vila Velha, e durou cerca de 2h30, começando por volta das 19h e às 21h30 ainda não tinha terminado. Ela veio após a divulgação da resolução do PCdoB de que o partido iria apoiar a candidatura à reeleição de Casagrande, mesmo fazendo parte da federação que tem o senador Fabiano Contarato (PT) como pré-candidato ao governo.
Além de Casagrande, da parte do PSB só participou o presidente da sigla, Alberto Gavini. Já do lado dos petistas foi uma comissão: a presidente estadual da legenda, Jackeline Rocha; o deputado federal Helder Salomão, a deputada estadual Iriny Lopes, o ex-prefeito João Coser, o ex-deputado Nunes, Jakson do Sindicato e o professor Alexandre Oxley. O senador Fabiano Contarato, que está numa missão oficial no Uruguai, não participou.
Ninguém falou abertamente sobre a reunião e ela foi tratada em sigilo até para os filiados das duas siglas, mas a coluna “De Olho no Poder” apurou que Casagrande teria sido muito mais incisivo e pragmático com relação às alianças, tanto nacional quanto estadual. Embora a reunião tenha ocorrido após a resolução do PCdoB, ela tinha sido marcada antes.
Casagrande teria demonstrado interesse em ter o PT caminhando com ele e foi falado da possível participação dos petistas no processo, discutindo programa de governo, campanha e também composição da chapa majoritária (vice e Senado). O governador teria explicado que quer liderar um projeto de frente ampla e disse que tem aliados que apoiam outros presidenciáveis, o que consideraria legítimo.
Mas, a decisão do PT capixaba até o momento é de manter a candidatura de Contarato. Hoje, a conversa deve ser transmitida para o presidenciável Lula e para a presidente do PT nacional, Gleisi Hoffmann, que na semana passada deu prazo – até o próximo dia 15 – para que os estados resolvam os impasses na aliança com o PSB. Numa agenda no Sul do País com Lula, Gleisi disse que havia o interesse que PT e PSB caminhassem juntos em todos os estados.
Amanhã (08) também está marcada uma agenda entre os petistas no Estado, mas há o entendimento, porém, que a manutenção ou retirada da candidatura de Contarato está nas mãos do PT nacional. No Estado, ainda há muita resistência com relação ao PT não ter candidatura própria.
Acerto com comunistas
O PT também deve marcar, até o final de semana, uma reunião com Neto Barros, presidente do PCdoB. Ontem (07), o partido anunciou que apoiará o governador Renato Casagrande (PSB) numa possível candidatura à reeleição em detrimento à pré-candidatura de Fabiano Contarato (PT) ao governo.
PCdoB faz parte da federação que reúne três partidos: PT, PV e PCdoB. O PV já tinha sinalizado que apoiaria Casagrande, mas o presidente do PCdoB, Neto Barros, ainda estava reticente, conforme ele mesmo demonstrou em entrevista anterior à coluna. Pelo menos essa era a posição até o último final de semana quando, segundo bastidores, teria sido construída essa resolução.
“O PCdoB se manifesta pela necessidade da efetivação dessa unidade, concentrando a participação progressista em torno da reeleição do governador Renato Casagrande, com um palanque forte e unificado para Lula/Alckmin, como sendo a alternativa concreta e mais eficaz para impedir o avanço do autoritarismo em nosso Estado e no Brasil”, diz a resolução do PCdoB.
“Nós nos reunimos ontem (domingo, dia 05). A nossa visão é partidária. O normal é que haja construção de consenso para definir nosso rumo. Entendemos que Contarato é um excelente quadro, certamente seria um excelente governador, mas na atual conjuntura é um recuo tático. Casagrande é o único governador progressista da região Sudeste. Não podemos vacilar para que a extrema-direita ganhe. Questão é unificar no Espírito Santo e garantir no primeiro turno”, disse o presidente estadual do PCdoB, Neto Barros, ontem à coluna.
O comunista, porém, não elogia de todo a gestão do socialista. Diz que Casagrande precisa de um plano de governo mais arrojado para o segundo mandato e de “ações mais enérgicas”, principalmente na área de ação social. “Mais de 1,5 milhão de pessoas estão em situação de insegurança alimentar”, afirmou.
Questionado qual teria sido a condição para que apoiasse Casagrande, Neto Barros disse que a condição “é discutir a política”. “Tem nome aberto de vice, senador, suplentes e o palanque do Lula. Queremos discutir o plano de governo e dar encaminhamento a esses nomes. Não fazemos forçação de barra para indicar nomes, nada disso. Mas vamos insistir na garantia do palanque para Lula”.
No próximo sábado está previsto um ato da federação (PT, PV e PCdoB) em prol do Lula. A expectativa é que o PSB participe também. Até lá, as conversas podem ser alinhadas. Ou, degringolar de vez.