PT pode ter candidatura avulsa ao Senado

Aniversário do PT / crédito: Glacieri Carraretto

Lideranças petistas se reuniram ontem (27), à tarde e pela noite, para tentarem chegar a um consenso sobre a dobradinha com o PSB no Estado. Foram pelo menos três reuniões e o clima era de agitação entre a militância sobre os rumos que o partido irá tomar.

Ainda é grande a resistência interna do partido para retirar a candidatura ao governo do senador Fabiano Contarato e se aliar ao governador Renato Casagrande, ainda que a tendência seja essa. O principal dificultador é que alguns grupos petistas não querem retirar uma candidatura que eles consideram viável, que aparece nas pesquisas em segundo lugar, sem ter, em troca, protagonismo na chapa majoritária de Casagrande. Em outras palavras, querem indicar o vice ou o nome ao Senado.

A coluna apurou com interlocutores do governo que essa possibilidade, porém, estaria praticamente descartada. E por dois motivos: primeiro porque há o entendimento, por parte dos socialistas, que a aliança com o PT é um projeto nacional. Em todos os estados, há uma força-tarefa para que as duas siglas caminhem juntas.

Então, a decisão no Espírito Santo faria parte de um cálculo que está sendo feito no país todo – em alguns lugares a candidatura ao governo do PSB será retirada, já em outros o recuo será do PT – e, por isso, não teria que ser condicionada a pleitos locais.

O segundo motivo seria porque o governador precisaria contemplar partidos que já estão com ele há mais tempo ou que ele precisa, estrategicamente, para se fortalecer na campanha.

Três partidos disputam, com chances, a indicação do nome ao Senado na chapa do governador: MDB, com a senadora Rose de Freitas; PP, com o deputado Da Vitória; e Podemos, com o ex-secretário Coronel Ramalho. Rose estaria com um pezinho na frente nessa corrida.

O nome do vice também estaria sendo almejado pelo PSDB, com a indicação do ex-senador Ricardo Ferraço. O governador descartou, em entrevista à coluna, ter chapa puro-sangue nesse ano.

O PT capixaba, então, ciente da pressão nacional pela aliança aqui no Estado, tem tentado negociar outros caminhos e alguns foram colocados ontem na mesa. Um deles é o partido ter uma candidatura ao Senado, no palanque de Casagrande, ainda que sem o apoio do governador. Ou seja, uma candidatura avulsa, para principalmente fortalecer o palanque de Lula no Estado já que o palanque de Casagrande não será exclusivo para o petista.

Decisão recente do TSE permitiu a existência de várias candidaturas ao Senado dentro da mesma coligação ao governo e proibiu coligações cruzadas como, por exemplo, o PT fechar uma coligação ao governo e estar em outra para a disputa ao Senado. Quem também citou a possibilidade de uma candidatura avulsa foi Coronel Ramalho, em entrevista ao programa “De Olho no Poder” na semana passada.

A ideia seria transferir o capital político que a candidatura própria petista teria para a disputa ao Senado. A proposta, porém, ainda não teria sido levada para o PSB e nem para o governador, mas também não deve ser bem aceita. Mesmo que o governo não apoie a candidatura petista ao Senado, ela também dividiria votos do campo progressista.

Hoje, o PT trabalha dois nomes para a vaga de Senado. Essa disputa começou com seis pré-candidatos, mas afunilou e hoje estão no jogo: o ex-reitor da Ufes Reinaldo Centoducatte e a ex-secretária de Educação Célia Tavares.

A expectativa é que o nome que representará os petistas seja definido no próximo sábado (02) durante o Encontro de Tática Eleitoral do partido. A presidente do PT capixaba, Jackeline Rocha, já tinha dito, anteriormente à coluna, que faria o possível para se chegar ao consenso do nome ao Senado sem precisar abrir votação. Mas talvez a indicação seja mesmo defendida no voto, uma vez que nenhum dos dois estaria disposto a abrir mão da pré-candidatura.

 

Ontem, Jackeline não atendeu a coluna. Ela foi questionada se a Executiva Nacional do partido havia comunicado sobre a decisão com relação ao impasse PT-PSB – a comunicação era esperada para ontem, segundo lideranças petistas que conversaram com a coluna sob reserva. Jackeline, porém, não retornou aos contatos até o fechamento dessa edição.

Em tempo: o senador Fabiano Contarato teve um encontro com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, na última semana. Nos bastidores, teria sido uma conversa definitiva sobre os rumos de sua pré-candidatura ao governo do Estado. Procurado, ele não falou a respeito.