A senadora Rose de Freitas, que preside o MDB no Estado e participou nesta segunda-feira (18) de uma reunião com a cúpula petista em que teria sido acertado o apoio de 11 diretórios do MDB a Lula já no 1º turno, disse que, embora seja muito simpática a Simone Tebet, é preciso avaliar se sua pré-candidatura à Presidência pode beneficiar Bolsonaro.
“Sou muito simpática a Simone, sou amiga pessoal da Simone, agora se a Simone tirar votos de quem quer que seja e permitir que Bolsonaro ganhe, não é uma boa posição. Eu não fui uma daquelas pessoas que disse: ‘Simone, seja candidata de qualquer maneira’. Não fui! Eu fui a pessoa que disse assim: ‘O que nós queremos para o Brasil?’. Então, nós temos que juntar em torno do que nós queremos para o Brasil. É lógico que se ela tiver chance de ir para o segundo turno, estarei ali. Mas, se ela não tiver chance e se ela der chance para políticas mais atrasadas ficarem no poder, a gente tem que reavaliar”, justificou Rose.
Questionada se, na sua opinião, Simone tiraria votos de Lula, Rose respondeu que não sabia. Mas, que, nesse momento, é preciso ter responsabilidade.
“Nunca cheguei para Simone e disse que ela deveria ser candidata. No momento que ela colocou a candidatura dela no MDB nós passamos a debater, faço parte de um grupo que discute programa de governo, propostas. Nesse caso, se tiver aceitação plena do MDB e, sobretudo, se ela se viabilizar, ela terá acordo do partido. Se ela não se viabilizar, todo mundo tem que ter responsabilidade com o Brasil. Ou nós vamos deixar o Bolsonaro ganhar? Com tudo que ele propõe para o Brasil, ditadura, atraso e tudo mais?”, questionou.
“Se ela não se viabilizar, todo mundo tem que ter responsabilidade com o Brasil. Ou nós vamos deixar o Bolsonaro ganhar? Com tudo que ele propõe para o Brasil, ditadura, atraso e tudo mais?”
A reunião ocorreu três dias após Rose ter promovido no Estado um evento com “pompa e circunstância” para a visita da presidenciável do MDB. Na ocasião, não só Rose, mas os presidentes do PSDB, Vandinho Leite; e do Cidadania, Fabrício Gandini, declararam apoio a Simone e fizeram discursos de que era necessário romper com a polarização Lula-Bolsonaro.
Na reunião de ontem, porém, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga, disse que o MDB de 11 estados, incluindo o Espírito Santo, teria declarado apoio a Lula já no primeiro turno. Rose disse que essa não foi a pauta da reunião, que ela foi convidada para dialogar sobre a situação do Espírito Santo, assim como outros estados onde o MDB está numa aliança junto com o PT. Casagrande, que é pré-candidato à reeleição, tem em sua frente ampla o apoio do MDB e do PT.
“No Espírito Santo, nós estamos consolidando uma aliança, mas todos nós, eu e o PT, já manifestamos apoio a Renato Casagrande. Então, é natural que vejam que o MDB do Estado estará com a candidatura do Lula. Eu pedi a palavra e falei exatamente isso, que nós estamos construindo um leque de aliança em que eu sou candidata majoritária, o governador Casagrande apoia Lula, é o governador que eu apoio. Então, no Espírito Santo, nosso leque de alianças é com o PT, por isso o caminho natural é que nós estejamos juntos. Mas, antes disso, cabe ainda uma decisão interna do meu partido”, explicou.
Rose disse que conversou com Simone após a reunião e que nesta terça-feira (19) está marcado um encontro com o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e com o ex-presidente da República Michel Temer – o encontro foi marcado de emergência, após a reunião dos caciques emedebistas com o PT.
“O MDB deve se reunir amanhã (hoje) com Baleia Rossi e Temer para se fazer a avaliação: a candidatura do MDB contribui para quê? Se ela tirar voto do Lula e der a vitória a Bolsonaro, a candidatura está certa ou está errada?”, questionou Rose.
Segundo ela, no partido há quem apoie Simone, mas também há apoiadores de Lula e Bolsonaro. A decisão final, porém, deve ficar para a convenção nacional do partido, marcada para o próximo dia 27. Após a reunião dos emedebistas com Lula, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, disse que a pré-candidatura de Simone terá apoio nos 27 estados.
“Duelo entre Bolsonaro e Lula”
Questionada se sua participação no encontro com petistas teria gerado algum ruído com a colega de parlamento, Rose descartou. “Não, porque essa candidatura (da Simone) ainda vai passar por uma convenção. A própria Simone tem muita coisa para refletir. Quando ela esteve no Estado, já sabia que eu estaria segunda-feira nessa reunião. O processo é democrático. Em democracia o maior valor, além da liberdade, é a verdade. O MDB precisa conversar bastante internamente, se a candidatura da Simone cresce, se não cresce, se ela crescer tira voto de quem… Porque está claro para todos nós que o duelo será entre Bolsonaro e Lula”.