Com o fim do prazo para o registro das candidaturas – que estão em análise pela Justiça Eleitoral –, já é possível traçar um perfil sobre quem são os candidatos que irão enfrentar as urnas. No dia 2 de outubro, os 2.921.506 eleitores aptos a votar no Estado escolherão quem irá representá-los em cinco cargos: deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente.
Os dados do TSE traçam um raio-X dos que vão disputar a preferência dos capixabas: há 757 candidaturas registradas no sistema – sete candidatos ao governo, sete a vice, nove candidatos ao Senado, 18 na disputa das suplências, 195 candidatos a deputados federais e 521 a deputados estaduais. O número é menor se comparado a 2018, quando 833 candidatos disputaram.
A redução está ligada a dois fatores: o fim das coligações e a mudança na Lei das Eleições que reduziu o número de candidatos a ser lançado. Em 2018 a regra era lançar uma chapa com 150% de candidatos, ou seja, se são 10 vagas para o Espírito Santo na Câmara Federal, os partidos ou coligações poderiam lançar até 15 candidatos. Agora, são 100% mais 1, ou seja, 11 candidatos.
Mas o fim das coligações também forçou os partidos a buscarem seus próprios nomes para a disputa, o que foi bastante difícil para muitos dirigentes partidários. Tirando os que têm uma militância forte e os que se federaram, boa parte das legendas teve dificuldade de completar suas chapas. O MDB, por exemplo, não terá chapa federal. O PMN não terá chapa federal e nem estadual.
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Mulheres não saem da casa dos 30%
Dessas candidaturas, 66% (499) são de homens e 34% (258) são de mulheres. O percentual de candidaturas femininas nesta eleição é maior que em 2018, quando as mulheres representavam 31%. Mas, embora tenha aumentado três pontos percentuais, as mulheres participam pouco dos postos de maior visibilidade nessa eleição.
Em 2018, seis candidatos disputaram o governo: quatro homens e duas mulheres – Jackeline Rocha (PT) e Rose de Freitas (MDB) –, ou seja, as mulheres representavam um terço dos concorrentes. Nesse ano, sete candidatos disputam o governo, sem a presença de nenhuma mulher. Dos nove candidatos ao Senado neste ano, apenas Rose representa a ala feminina.
A legislação eleitoral prevê que 30% das candidaturas lançadas pelos partidos sejam de mulheres que representam, no Estado, 53% do eleitorado. A política de cotas por gênero é polêmica. De um lado há os que acreditam que sem a imposição do Estado, os partidos – maioria comandada por homens – não abririam espaço para as mulheres. Já outros acreditam que essa política acaba possibilitando fraudes, como as candidaturas laranjas que podem cassar os mandatos de toda a chapa eleita.
Eleitorado solteiro, candidatos casados
A maior parte dos candidatos também declara, como estado civil, ser casada. O que também contrasta com o eleitorado que se declara, em sua maioria, solteiro. Entre os candidatos, 61% dizem ser casados; 23%, solteiros; 14%, divorciados. Já entre o eleitorado, 55% dizem ser solteiros; 37%, casados e 4%, divorciados.
O estado civil pode estar relacionado com a média de idade dos candidatos. Normalmente, numa eleição geral, com cargos de deputados a presidente, a faixa etária dos que disputam é mais “madura” e coincide com a etapa da vida em que muitos estão casados. Mas também pode estar relacionado com um pensamento, mais conservador e/ou tradicional, de que “apresentar” uma família no pleito poderia gerar mais credibilidade para o candidato, principalmente se ele disputa cargo majoritário.
Novinhos são minoria
Com relação a 2018, a média de idade entre aqueles que disputam um cargo eletivo, caiu. Há quatro anos, a maior parte dos candidatos tinha entre 50 e 54 anos. Nesse ano, a concentração maior está na faixa etária entre 45 e 49 anos. Mais próximo à idade média predominante do eleitorado: 40 a 44 anos, seguido dos que têm entre 35 e 39 anos. Uma curiosidade: o Espírito Santo tem 2.101 eleitores com 100 anos ou mais.
Chama a atenção a pouca quantidade de jovens disputando cargos nesse ano. Apenas 27, com idade entre 21 e 29 anos, estão na disputa, o que representa 3,5% dos candidatos. A baixa participação pode ser explicada pela exigência de idade mínima para concorrer a alguns cargos que estão em jogo nesse ano: 30 anos para a disputa ao governo e 35 para a disputa ao Senado e à Presidência da República. A ausência de mais jovens na política também levanta a discussão sobre a falta de renovação nos quadros, de incentivos e de uma formação política para atrair a juventude.
Candidaturas negras aumentaram, mas…
Com relação à cor e raça, a maior parte dos candidatos (47,82%) se declara branca, enquanto 34,48% dos candidatos se declaram pardos e 17,04%, pretos. Com relação a 2018, os números mudam pouco: 48,98% se declararam brancos; 39,62%, pardos e 11,04% negros. Três indígenas disputam a eleição.
O aumento de candidaturas negras em quatro anos pode ter relação com o incentivo financeiro que passou a valer nessa eleição. PEC aprovada no ano passado prevê a contagem em dobro dos votos dados a candidaturas de mulheres e pessoas negras para efeito da distribuição dos recursos dos fundos partidário e eleitoral nas eleições de 2022 a 2030.
Maioria com diploma
A maior parte dos candidatos nas eleições deste ano tem nível superior completo (54,43%), como por exemplo, todos os sete candidatos ao governo do Estado. O percentual de candidatos com essa escolaridade é maior, em três pontos percentuais, que o registrado em 2018 (51,38%).
Já os que têm ensino médio completo e vão disputar neste ano correspondem a 25,89%. Os com superior incompleto vêm logo em seguida: 9,64% dos candidatos; os candidatos com fundamental completo representam 4,89%; os com fundamental incompleto, 3,57% e os com ensino médio incompleto somam 1,32%. Dois candidatos apenas leem e escrevem.
A escolaridade dos candidatos, porém, contrasta com a da maior parcela dos eleitores. No Espírito Santo, a fatia maior do eleitorado (25,42%) não completou o ensino fundamental. No ranking, os que possuem ensino superior completo estão em quarto lugar e somam 10,24% dos eleitores.
Número de policiais militares dobrou
A bancada dos empresários vem forte na eleição deste ano no Estado. São 89 na disputa, o que representa 11,76% dos candidatos. Os advogados também estão bem representados: 54 vão concorrer, ou seja, 7,13%. Os comerciantes somam 33 ou 4,36% e os médicos, 26 (3,43%).
De carona na visibilidade adquirida nas telinhas, a bancada do microfone, ou seja, dos jornalistas, também vem bem representada: são 14 jornalistas, seis locutores ou comentaristas e dois comunicólogos.
Mas o que chama bastante a atenção é o número de policiais militares que vão para a disputa nesse ano: são 22 policiais militares, 17 bombeiros militares e quatro militares da reserva. Ao todo somam 43 candidaturas. Esse número representa mais que o dobro de candidaturas de militares registradas em 2018 que, segundo o TSE, foram 21 ao todo.
Só nas chapas majoritárias, disputam: Capitão Sousa (PSTU), candidato ao governo do Estado; Tenente Andresa (SD), candidata à vice-governadora; Coronel Lugato (DC), candidato ao Senado, e Tenente Emerson (PL), candidato a 2º suplente de senador.
Aos militares da ativa é proibida a filiação partidária, por isso a filiação ocorre durante as convenções, quando são feitos os registros de candidaturas. A maior parte dos militares que irão disputar se filiou a partidos de direita e apoia o bolsonarismo.