O primeiro programa eleitoral dos candidatos ao governo do Estado no segundo turno teve menção ao crime organizado, apelo por voto em sintonia com a pauta nacional e acusações de fake news.
O governador Renato Casagrande (PSB), que disputa a reeleição, começou o programa agradecendo pelos votos recebidos e por ter ido para o segundo turno em vantagem. Casagrande teve 46,94% dos votos válidos e Carlos Manato (PL) teve 38,48%. “Nós vencemos o primeiro turno e agora vamos vencer o segundo”, disse Casagrande.
O governador trouxe para o seu primeiro programa eleitoral a questão do crime organizado, que passou a fazer parte do debate após vídeo do deputado federal Felipe Rigoni (União). Nele, Rigoni declara apoio a Casagrande alegando a possibilidade de retrocesso e de volta do crime organizado com eventual vitória de Manato nas urnas. Relembrou algo que Manato quer esquecer: a participação na Scuderie Le Cocq – organização que ficou conhecida como grupo de extermínio no Estado. Manato, porém, nega ter participado de “qualquer reunião para matar alguém”.
Sem citar nomes, Casagrande trouxe cenas do Estado de 20 anos atrás, como a morte de políticos e juízes, manifestações e protestos de várias entidades da sociedade civil e pediu aos eleitores para não permitir que esse tempo onde “o crime organizado era lei”, volte.
A ação do “novo cangaço” em Santa Leopoldina, quando um grupo fortemente armado invadiu a cidade, fez reféns, explodiu porta de bancos, fugindo com dinheiro roubado, também foi citada. Mas não no programa de Manato, como era esperado já que o episódio tem forte apelo de desgaste para o seu adversário.
Casagrande se antecipou, trouxe o caso para o seu programa e exaltou o trabalho da polícia que, no dia seguinte ao crime, já tinha prendido (e matado) os assaltantes e recuperado o dinheiro roubado. Falou dos investimentos na segurança, do Estado Presente e do Cerco Inteligente. “Com segurança não se brinca”, disse o governador, que terminou afirmando que não se pode retroceder. “O que está em jogo não é o futuro de Casagrande, é o futuro do Espírito Santo”, enfatizou.
Manato também iniciou seu programa agradecendo pela votação e por ter chegado ao segundo turno. Emocionado, lembrou que há 28 anos o Estado não tinha uma disputa ao governo em segundo turno, agradecendo a confiança do povo capixaba ao seu nome.
Manato fez um programa semelhante à retórica de Jair Bolsonaro, apelando para o voto em sintonia política com aquilo que os eleitores escolheram no primeiro turno. Em seu programa, Bolsonaro citou a nova formação do Congresso, com deputados e senadores eleitos mais alinhados à sua pauta e uma eventual facilidade para aprovar projetos num governo futuro.
Já Manato lembrou que a maioria dos capixabas votou em Bolsonaro e, com um presidente e um governador alinhados, o Espírito Santo sairia no lucro.
Manato enfatizou aspectos da sua fé, disse ser bem casado e ficha limpa. “Não respondo a processo nenhum. (…) Manato é do bem”. Também sem citar nomes e casos específicos, disse que começariam a aparecer “fake news” contra ele na TV. “Não acreditem”, pediu. Ele não mencionou, nem de longe, a polêmica da vez envolvendo seu nome.
Criticou as pesquisas eleitorais e também anunciou que vai voltar a rodar o Estado, pedindo votos não só para ele, mas também para o presidente Bolsonaro.
O primeiro programa vem ao encontro daquilo que analistas políticos já apostavam: uma campanha de segundo turno mais ofensiva e de embates diretos para conquistar, principalmente, o voto dos eleitores indecisos.