A primeira pesquisa Real Time Big Data com intenções de voto para o governo do Estado no segundo turno mostrou que o governador Renato Casagrande (PSB) larga na frente, mas com vantagem apertada em relação ao opositor Carlos Manato (PL). A diferença é de 6 pontos percentuais e o cenário é de empate técnico no limite da margem de erro.
O levantamento apontou que Casagrande tem 53% dos votos válidos (quando são descartados votos nulos, brancos e indecisos), contra 47% de Manato. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. Ou seja, a intenção de votos em Casagrande pode variar de 50% a 56% e a de Manato, de 44% a 50%. O nível de confiança da pesquisa é de 95%.
No cenário estimulado, Casagrande tem 48% das intenções de voto e Manato, 42%. Nulos e brancos somam 6% e os que não souberam ou não responderam são 4%. A pesquisa foi encomendada pela Rede Vitória em parceria com a Record TV.
A pesquisa mostra um cenário semelhante ao resultado da votação no primeiro turno. Agora, porém, a diferença entre os dois candidatos é um pouco menor. Casagrande terminou a votação recebendo 46,94% dos votos válidos. Manato, por sua vez, obteve 38,48%. A diferença entre eles foi de 8 pontos percentuais. A pesquisa agora mostra que esse percentual caiu para 6 pontos – com a margem de erro pode variar entre empate e 12 pontos percentuais.
Com relação ao desempenho individual dos candidatos, o índice também aumentou, o que pode ser explicado pela migração dos votos dados a ex-candidatos no primeiro turno. Audifax, Guerino, Aridelmo, Capitão Sousa e Cláudio Paiva tiveram, juntos, 14,58% dos votos válidos. Entre os cinco candidatos, o único que não declarou ainda apoio público a ninguém foi o Capitão Sousa. O restante declarou apoio a Manato.
Embora a declaração de apoio não signifique transferência automática de eleitores, Manato parece ter abocanhado a maior parte das intenções de voto oriundas dos ex-candidatos.
Ao comparar seu desempenho nas urnas (38,48% dos votos) com a intenção de votos registrada na pesquisa (47%), o crescimento foi de 8,5 pontos percentuais. Já Casagrande ganhou 6 pontos percentuais (de 46,94% nas urnas para 53% na pesquisa).
Mas o que todos esses números e percentuais da pesquisa sinalizam? Que, neste momento da campanha, a 16 dias da eleição, o pleito está indefinido. Não há jogo ganho e nem amplo favoritismo para nenhum dos dois lados. Se a eleição fosse hoje, a disputa seria acirradíssima, no voto a voto e com resultado imprevisível.
Pontos de atenção
1 – Indecisos
A pesquisa mostrou que pelo menos 10% estão dispostos a votar nulo, em branco ou ainda não decidiram o voto. Numa disputa acirrada, cada voto conta e a parcela dos indecisos, apontada no levamentamento, é de 4%.
Soma-se a isso que, no 1º turno, 606.490 pessoas não foram votar. Isso representa 20,75% do eleitorado. O dever de casa das campanhas é não só conquistar o voto desse eleitor mas também convencê-lo a sair de casa para votar.
2 – Mais pobres e classe média
Quando a pesquisa faz um recorte sobre os eleitores por faixa de renda, a maior vantagem de Casagrande com relação a Manato está entre os eleitores que recebem até dois salários mínimos. Casagrande tem 54% contra 35% de Manato, são 19 pontos de diferença. Já Manato supera, com pouca vantagem, entre os que recebem de dois a cinco salários mínimos. Ele tem 47% contra 43% de Casagrande. Nos eleitores que recebem acima de cinco salários, há empate.
Esse cenário segue o que ocorre nacionalmente, com os presidenciáveis. Pesquisa Datafolha divulgada no último dia 8 mostrou que Lula, apoiado por Casagrande, vence entre os mais pobres, e Bolsonaro, apoiado por Manato, vence na classe média. Os dois também empatam entre os mais ricos.
Mas o que chama a atenção na disputa local é que a pauta da pobreza e da fome no Espírito Santo foi bastante explorada pelos opositores de Casagrande no primeiro turno. Mas, pelo menos até o momento, a pesquisa mostra que não resultou em perda de votos para o governador, pelo contrário, ele continua mantendo a liderança nesse eleitorado.
Já o eleitor de classe média, está dando sinais de descontentamento, principalmente na área de Segurança Pública, conforme mostrou pesquisa Futura encomendada pela Rede Vitória e divulgada no mês passado (segurança está entre as três principais preocupações, com 61,2% de menção). Na última terça-feira, Vitória foi palco de ataques a ônibus promovidos pela criminalidade em resposta à morte de um membro da quadrilha. A pesquisa Real Time Big Data foi realizada entre terça (11) e quarta-feira (12) e pode ter captado parte do sentimento motivado pelo dia de caos na capital do Estado.
3 – O maior eleitorado
Seguindo também a tendência nacional, a maior parte das mulheres (49%) vota em Casagrande, contra 38% das que votam em Manato: são 11 pontos de diferença. O bolsonarismo tem encontrado muita resistência entre as mulheres que são, no Estado, 53% do eleitorado.
A mesma barreira é percebida nacionalmente: Lula tem a preferência entre as mulheres, de um modo geral. Uma das estratégias da campanha de Bolsonaro é dar visibilidade à primeira-dama, Michelle, que tem tentado reverter a situação principalmente entre as mulheres evangélicas.
Já entre os homens, a disputa é mais equilibrada, embora o governador esteja na liderança na intenção de voto: Casagrande tem a preferência de 48% contra 46% que preferem Manato.
4 – O voto da fé
O censo do IBGE ainda está na rua coletando dados, mas estimativas dão conta que o Espírito Santo é um dos estados com o maior número de evangélicos do país. Nacionalmente, o presidente Bolsonaro tem maior vantagem nas intenções de voto nesse grupo religioso. Pesquisa Datafolha mostrou que ele pontua com 62% contra 31% de Lula.
Porém, na disputa ao governo do Estado, há empate. Entre os evangélicos, 45% apoiam Casagrande e outros 45% apoiam Manato. A coluna noticiou ontem (13) que Casagrande recebeu o apoio da Cadeeso, a maior convenção das igrejas Assembleia de Deus no Estado. Já Manato, tem o apoio da Fenasp (Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Político). Casagrande é católico e Manato, evangélico.
Entre os católicos, Casagrande lidera. Ele soma 50% desse eleitorado contra 39% de Manato. Nacionalmente, Lula tem 55% de intenções de voto nesse eleitorado contra 38% de Bolsonaro. Embora seja católico, Bolsonaro vem encontrando resistência entre líderes e eleitorado da própria religião, o que pode vir a piorar depois das cenas que viralizaram de bolsonaristas causando confusão em Aparecida do Norte, durante as celebrações do Dia da Padroeira do Brasil.
5 – Onde buscar voto
A apuração das urnas mostrou que Casagrande venceu em 64 municípios, enquanto Manato ganhou em 13 – sendo cinco no Sul do Estado e cinco na região Central. Pesquisa anterior à eleição, já mostrava que a região Central seria a de maior embate na disputa eleitoral. As urnas confirmaram o levantamento anterior e a projeção agora se repete: Casagrande lidera nas intenções de voto com 46% na região, mas a diferença é pequena para Manato, que tem 42%.
A região Sul é a que apresenta a menor diferença entre os dois candidatos: 45% preferem Casagrande contra 43%, que preferem Manato. Casagrande perdeu a eleição em Cachoeiro, governada por um aliado, e em Castelo, sua cidade natal e um dos municípios mais bolsonaristas do Estado (deu 66,23% de votos ao capitão). Manato também perdeu em Alegre, sua cidade natal.
Embora os municípios do interior sejam importantes, principalmente numa disputa acirrada, é na Grande Vitória que está o grosso do eleitorado. Com exceção de Guarapari, onde Manato venceu nas urnas com 49,06% dos votos (contra 41,34% de Casagrande), nos demais o socialista levou vantagem.
Na pesquisa Real Time Big Data, Casagrande tem 49% das intenções de voto na Região Metropolitana contra 44% de Manato. A maior diferença entre eles (de 10 pontos percentuais) está nas regiões Norte e Noroeste, onde também o ex-presidente Lula é bem votado.
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