O prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT), deve encerrar sua carreira como prefeito no ano que vem. Assim como afirmou após ser eleito para o quarto mandato à frente do município, ele não deve disputar a reeleição em 2024. “Até o momento eu não mudei de ideia”, disse Vidigal.
Porém, o fato de não estar com o rosto na urna não significa que Vidigal ficará fora do processo eleitoral. Pelo contrário. Ele vai apoiar um candidato que possa dar continuidade ao seu projeto na Serra.
E a possibilidade dele já estar preparando o terreno para apresentar seu sucessor veio à tona após o convite para o jornalista Philipe Lemos (PDT) virar secretário – a nomeação de Philipe foi publicada nesta terça-feira (28), no Diário Oficial do município, para comandar a pasta de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer.
Vidigal diz que Philipe – que foi candidato a deputado federal e, embora não tenha sido eleito, teve 45.260 votos no que foi a sua primeira eleição – é uma aposta, mas não crava que ele possa ser seu candidato.
Em entrevista para a coluna De Olho no Poder – concedida na noite de segunda-feira (27) – o prefeito diz o que espera do novo secretário, da relação conflituosa com seu vice, Thiago Carreiro (União) e sobre o desempenho ruim do PDT nas urnas que impediu a legenda de ter uma cadeira na Câmara Federal.
De Olho no Poder – O Philipe será mesmo seu secretário, como foi essa articulação?
Prefeito Sérgio Vidigal – Vai. A gente está conversando desde o final de janeiro. Ele iria fazer uma viagem, passar alguns dias fora, e a gente combinou de conversar quando ele voltasse. Hoje (ontem) nós conversamos e amanhã (hoje) sai publicada a nomeação dele no Diário Oficial à frente da pasta de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer. Eu já tinha a intenção de chamá-lo mas fiquei aguardando um pouco, porque achei que talvez o governo poderia aproveitar ele…
Foi combinado com o governo?
Não. Foi um convite pessoal para uma pasta que eu acho que o perfil dele pode contribuir muito. É uma pasta que no início do mandato até coloquei meu vice-prefeito, é uma atividade econômica que participa pouco do PIB da Serra, mas tem potencial grande na área de turismo, baseado nas nossas manifestações folclóricas, culturais, no nosso patrimônio histórico e religioso. O circuito jesuítico passou pela Serra. Temos o litoral, o Mestre Álvaro, então, além do potencial, vai aumentar a autoestima da população, vai atrair investimentos, gerar oportunidades de trabalho.
O senhor tem planos eleitorais para ele?
Não, não tenho não. Assim, ele foi candidato a deputado federal, teve um bom desempenho, mas não tocou nessa pauta de projeto eleitoral comigo. Meu convite a Philipe é uma aposta, como alguém que possa contribuir. Ele tem simpatia pela gestão pública, embora nunca tenha trabalhado na área. Lógico que o desempenho dele é bom pra mim, mas pode somar pra ele.
No momento, o que eu quero é resultado na gestão. Ele é uma pessoa bem articulada, é jovem e a impressão que me passou é que gosta de desafios. Estou fazendo uma aposta pra gestão da Serra.
O senhor é candidato à reeleição?
Quando eu assumi, eu disse desde o início que não estava nos meus planos e até o momento não mudei de ideia. Isso não significa que eu vou governar de qualquer jeito e que não vou participar do processo. Até porque na Serra, nos últimos sete mandatos, cinco são do PDT.
Estou trabalhando, preciso encerrar um ciclo na cidade em que eu possa apresentar bons resultados. É um momento difícil, um desafio novo, teve a questão da pandemia, mas estamos tocando. Na hora da eleição, vão aparecer muitos atores, mas vejo a eleição como uma maratona. Se você sair correndo muito na frente pode cansar no meio do caminho. Se chegar ao final e não tiver resultado, não vale nada. Eu fiz um pacto com a cidade e vou cumprir meu pacto.
O senhor vai ter candidato à sucessão?
Com certeza vou ter um candidato. Com certeza teremos um projeto que estaremos apoiando.
E esse candidato pode ser o Philipe?
Pode ser todo mundo, pode ser qualquer um. Eu tenho aqui 16 secretários, tem vereador… Será quem reunir as melhores condições para governar a Serra.
E o senhor já começou a trabalhar essa pessoa?
Eu não estou trabalhando ninguém não, estou trabalhando o mandato. Tenho liberdade para fazer qualquer mudança na composição do secretariado e isso não cria ruído. O ruído vem de fora, da oposição.
Falando em ruído, como está a relação com seu vice?
Quando nós o convidados (para ser vice), não foi por composição partidária. Ele foi secretário de Turismo por um ano e três meses. Foi uma aposta. Dei a ele a oportunidade de despontar na cidade, como fiz com Audifax lá atrás. Hoje, as nossas opções são diferentes, ele não apoia o governador, também não sabia que ele seria candidato a deputado federal. Ele lançou uma candidatura sem combinar, mas eu não atrapalhei em nada. Em nada.
A candidatura dele atrapalhou o PDT?
A votação dele não faria diferença (Thiago Carreiro teve 13.017 votos). O que atrapalhou de ter uma cadeira não foi falta de voto na Sueli e nem no Philipe, foi falta de votos na legenda.
Mas o que aconteceu com meu vice foi quebra de confiança, ele fez críticas contra a gente na campanha, desnecessariamente. E é igual uma relação a dois, quando começa a ter problema de confiança, aí desanima, e foi isso que aconteceu. Cada um passou a tocar seu projeto, ele continua a ser vice, eu o respeito, pode tomar a decisão que quiser e eu vou respeitar. Mas a proposta de fazer um projeto em conjunto foi frustrada.