Sem partido desde que decidiu sair da Rede em outubro do ano passado, o ex-prefeito Audifax Barcelos bateu o martelo e definiu seu próximo abrigo político: vai se filiar ao PP. E a data da filiação já está marcada: próximo dia 2 de dezembro.
A definição vem após quase um ano de tratativas e ensaios, com Audifax flertando tanto com o PP quanto com o PL. Em junho passado, a coluna De Olho no Poder abordou a preferência do ex-prefeito por uma das duas siglas, reposicionando assim sua carreira política – toda construída em partidos de esquerda como PT, PDT e PSB, além da Rede – para um campo ideológico mais voltado à direita.
A ida para o PP já estaria “100% garantida e acertada” segundo quatro fontes ouvidas pela coluna que participaram ativamente das articulações. A princípio, a filiação estaria marcada para o próximo dia 18, mas foi adiada para o início de dezembro. O local do evento de filiação ainda não será divulgado.
Audifax deixou a Rede quatro dias após o 1º turno das eleições, quando disputou o governo do Estado e ficou em quarto lugar. O ex-prefeito foi filiado à Rede por sete anos e comandava a sigla no Estado, sendo a principal liderança do partido em terras capixabas.
O poder de influência de Audifax na Rede era tamanho, que ele conseguiu um aval do diretório nacional da legenda para não precisar se posicionar com relação ao palanque presidencial do ano passado, mesmo com o partido fazendo parte da coligação do presidente Lula. E também conseguiu manter um afastamento do Psol, que federou com a Rede.
Porém, a situação complicou quando, no segundo turno, a Rede proibiu, por meio de uma resolução, apoio a candidatos da base de Bolsonaro nos estados. Ou seja, Audifax seria obrigado a apoiar o governador Renato Casagrande (PSB) ou, no máximo, ficar neutro.
Porém, ele tinha outros planos e no mesmo ato de desfiliação da Rede, declarou apoio ao ex-deputado Carlos Manato (PL), que disputou (e perdeu) o 2º turno contra Casagrande, que foi reeleito.
Mergulho e reposicionamento
Audifax passou o final do ano passado mergulhado, tentando entender e se reposicionar politicamente após ter tido uma votação pífia em seu reduto eleitoral. Ele teve 135.512 (6,51%) votos ao todo. Mas, na Serra, que foi governada por ele três vezes e que é o maior colégio eleitoral do Estado, o ex-prefeito não foi bem.
Ele ficou em terceiro lugar, na votação do município para governador, com 50.458 (20,46%) votos, bem atrás de Casagrande, que conquistou 106.854 (43,32%) votos, e de Manato, com 79.202 (32,11%) votos.
O resultado das urnas fez o ex-prefeito repensar as estratégias para, principalmente, recuperar o capital político perdido em casa. Desde o início do ano, então, Audifax tem percorrido bairros, conversado com lideranças, feito reuniões em comunidades, postado críticas à atual gestão da Serra, em suas redes sociais. E tem, também, conversado com dirigentes de partidos.
Em julho, Audifax participou da convenção estadual do PP – que foi concorridíssima, contando com diversas lideranças de outros partidos – e chegou até a colar um adesivo do Progressista na camisa.
Ele ainda não admitiu com todas as letras que é pré-candidato a prefeito, mas os sinais dados pelo ex-prefeito revelam isso. Outro ponto é que até para se manter vivo politicamente, Audifax vai precisar dar as caras no jogo.
O ex-prefeito foi procurado ontem para se se manifestar a respeito, mas não retornou aos contatos da coluna. Algumas questões nessa costura política ainda precisam ser tratadas, como por exemplo:
O que teria feito Audifax preferir o PP ao PL? Como o PP, fazendo parte da base aliada, vai se posicionar com relação ao governo do Estado agora que abriu as portas para um dos adversários mais ferrenhos de Casagrande na eleição? Quais partidos vão caminhar com Audifax e o PP nessa empreitada? O que muda no cenário do maior colégio eleitoral com essa acomodação partidária? É o fim da trinca PP-PL-Republicanos?
Todos esses tópicos, porém, serão tratados numa próxima coluna.
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