A disputa pelo comando do União Brasil no Espírito Santo pode ter um novo capítulo nesta quarta-feira (12) e estar próxima de ter um desfecho. O presidente da Assembleia, Marcelo Santos (Podemos) e o secretário estadual do Meio Ambiente, Felipe Rigoni (União), estão em Brasília e têm agendas previstas com o presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda.
Ontem (11), aconteceu a posse de Rueda no comando do partido e os dois políticos capixabas participaram. Rigoni, que preside o União no Estado, estava acompanhado do deputado estadual Bruno Resende (União) e, Marcelo, levou o também deputado e correligionário Xambinho (Podemos) para a cerimônia.
No evento, o clima entre eles era de constrangimento. Marcelo e Rigoni até se cumprimentaram, mas cada um ficou no seu canto, em grupos separados. Depois, no que pareceu uma tentativa de demonstrar força e influência política, os dois postaram fotos, em seus respectivos perfis no Instagram, ao lado de Rueda, o parabenizando pela posse.
A previsão é que Rigoni e Marcelo tenham reuniões com Rueda hoje (12), mas de forma separada. No vídeo postado pelo presidente da Ales, é possível ouvir Rueda dizendo a Marcelo que conversaria com ele hoje. E a assessoria de Rigoni também confirmou que o presidente nacional da legenda teria um encontro com Rigoni.
Ou seja, é grande a possibilidade de ainda nesta quarta-feira ser definido com quem ficará o comando de um dos maiores partidos do País no Estado.
A disputa
Marcelo Santos está de saída do Podemos. Após atritos com o presidente estadual da legenda, deputado federal Gilson Daniel, Marcelo conseguiu uma carta de anuência para entrar com ação no TRE e deixar a legenda sem o risco de perder o mandato. Ele já entrou com a ação.
Desfiliando-se do Podemos, o presidente da Ales poderia ficar sem partido até abril de 2026, mas ele tem feito movimentos nos bastidores para migrar para uma sigla de médio a grande porte. E não só isso. A articulação é também para chegar por cima, ou seja, para comandar o novo partido que, no caso, seria o União Brasil.
A coluna noticiou, no último dia 24, que Marcelo teve um encontro com Rueda e que a possibilidade dele migrar para o União Brasil existe – possibilidade confirmada por interlocutores da cúpula nacional do partido. Porém, as conversas estavam bem no início e não havia nada definido, até então.
Já Rigoni, descartou a possibilidade de deixar a presidência da legenda, disse que o diretório no Estado foi eleito, que tem boa relação com os dirigentes nacionais e até postou uma foto de uma reunião que teve com Rueda e ACM Neto, dias depois. “Ninguém vai fazer nada pelas minhas costas”, disse Rigoni, na ocasião.
A ambição de Marcelo tem motivo. O chefe do Legislativo estadual, que anunciou que vai disputar a Câmara Federal em 2026, tem feito movimentos robustos no Estado, agregando aliados e partidos ao seu redor, montando chapas de vereadores pelo interior afora e selando alianças com diversas lideranças – inclusive posicionadas fora da órbita do Palácio Anchieta.
Marcelo faz parte da base aliada do governo Casagrande, mas as articulações que têm feito são independentes. Não chegam a ser de oposição, mas revelam que Marcelo pode querer trilhar o próprio caminho em 2026 e, não estaria descartada, a possibilidade de disputar algo maior que uma das 10 cadeiras da Câmara Federal, como por exemplo, o governo do Estado.
Para isso, porém, ele precisa de um partido que possa lhe garantir espaço para dar as cartas. Hoje o União Brasil está na base de Casagrande também. Se Marcelo assumir o comando do partido e se posicionar como pré-candidato ao governo, é grande a chance do partido deixar a base e apoiar, ainda nas eleições de outubro, pré-candidatos de fora do grupo dos aliados.
Em Vitória, por exemplo, o União Brasil faz parte do G-6, o grupo de seis partidos que apoia a pré-candidatura do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) à Prefeitura de Vitória. Marcelo Santos, porém, já teria declarado apoio à reeleição do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos).
Com o União Brasil nas mãos, o que impediria Marcelo de levar o partido para Pazolini, que hoje ocupa espaço na oposição ao Palácio Anchieta?
E ter o União Brasil na coligação não é pouca coisa. Após o PL e o PT, o União é o partido com a maior bancada federal, contando com 58 deputados, o que faz a diferença na distribuição de tempo de TV e de recursos para financiar a campanha eleitoral. Não é à toa que o partido está com o passe valorizado e bastante disputado. Resta saber quem vai ganhar essa queda de braço.
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