Palácio dividido: No Sul, Casagrande e Ricardo Ferraço vão para palanques opostos

Em Anchieta, Casagrande apoia Leo Português e Ricardo Ferraço pede votos para Marquinhos Assad

Os últimos dias de campanha e a pressão de aliados por apoio geraram uma cena inusitada na cozinha do Palácio Anchieta: o governador Renato Casagrande (PSB) e o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) foram para palanques opostos e declararam apoio a candidatos concorrentes em pelo menos dois municípios do Estado.

Numa semana marcada por uma enxurrada de vídeos de apoio dos representantes do governo do Estado a seus aliados – até mesmo em municípios onde esperava-se neutralidade, como em Colatina –, nas disputas de Cachoeiro de Itapemirim e de Anchieta, o apoio foi dividido.

Na Capital Secreta, como já era de se esperar, o vice-governador gravou um vídeo de apoio para o pai, o deputado e candidato Theodorico Ferraço (PP), que lidera as pesquisas de intenção de votos. No vídeo, Ricardo pede votos e relembra outros mandatos de Theodorico como prefeito. A manifestação foi postada nas redes sociais do candidato.

Já Casagrande gravou um vídeo ao lado de Lorena Vasques (PSB), que é a candidata apoiada pelo atual prefeito, Victor Coelho (PSB) – os dois são correligionários e aliados do governador. “A Lorena é a minha candidata à prefeita e eu quero dizer que eu tenho total confiança nela”, disse Casagrande, no vídeo que também foi postado no Instagram da candidata.

Em Cachoeiro, Casagrande apoia Lorena

Na Terra do Santo, governador e vice também caminham separados. Enquanto Casagrande apoia o candidato Léo Português – que é filiado ao seu partido (PSB) e apoiado pelo atual prefeito, Fabrício Petri (PSB) –, Ricardo aposta no candidato Marquinhos Assad (Podemos), ex-prefeito que quer retornar ao comando do município.

No vídeo, Casagrande diz que tem plena convicção de que o candidato Léo vai dar sequência aos investimentos que o governo do Estado tem feito no município e que também irá aperfeiçoar a relação com o Palácio Anchieta.

Já Ricardo, no seu pedido de voto para Marquinhos, diz que não é hora de apostar em aventuras e que seu candidato, já testado, está de braços dados com o governo do Estado. Ele não chegou a dizer quem seria o “aventureiro”.

Em Cachoeiro, Ricardo apoia o pai, Theodorico Ferraço

Além de inusitada, a situação pode confundir os eleitores. Afinal, o governo, que está bem avaliado pela população segundo pesquisas, está com quem? A resposta a essa questão faz diferença, uma vez que a benção do Palácio Anchieta tem potencial de fazer a diferença na hora de decidir o voto.

Também não dá para afastar a leitura de que, apoiando candidatos concorrentes, governador e vice vão medir forças e o resultado, seja qual for, pode trazer mal-estar para dentro do governo.

Por outro lado, a divisão do apoio também pode ser lida como estratégia. O desgaste é menor e a chance do governo sair por cima das eleições aumenta ao se associar a mais de um nome.

Segundo interlocutores do Palácio Anchieta que conversaram com a coluna, a estratégia do governador e do vice é combinada, numa forma de contemplar os aliados que ajudaram a reeleger Casagrande em 2022, independentemente do partido.

Embora Casagrande tenha um compromisso de ajudar a eleger os 34 candidatos a prefeito e 21 candidatos a vice do PSB, parceiros de outras legendas também aguardam a manifestação do governador que, em alguns municípios, está numa saia-justa daquelas.

Um exemplo é Colatina, em que o governador gravou vídeo de apoio para o prefeito Guerino Balestrassi (MDB), que tenta a reeleição e é aliado do Palácio Anchieta. Porém, Renzo Vasconcelos (PSD), que está logo atrás na disputa, também é aliado de Casagrande.