Dados do levantamento realizado pelo Instituto Futura divulgados neste sábado (05) mostram que a eleição na Capital está com o cenário indefinido. (veja a pesquisa completa aqui)
Em setembro, o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) pontuou 56,9% das intenções de voto e agora ele soma 47,1%, uma redução de 9,8 pontos percentuais com relação ao levantamento anterior. Se analisados os votos válidos – quando são retirados os votos brancos, nulos e os indecisos – Pazolini chega a 51% de intenção de voto, o que seria suficiente para liquidar a eleição amanhã (06).
Porém, é preciso ponderar que a pesquisa tem margem de erro de 4 pontos percentuais (para mais ou para menos) e isso indica que a eleição pode ir para um segundo turno. No caso, o que vem se desenhando é a tendência de crescimento dos demais adversários de Pazolini.
Hoje é totalmente imprevisível quem obterá o 2º lugar e irá para o embate com Pazolini. Os candidatos João Coser (PT) e Luiz Paulo (PSDB) estão empatados tecnicamente (dentro da margem de erro), e qualquer um dos dois tem chance real de avançar para uma segunda etapa.
Mas o que explica o resultado desta última pesquisa Futura?
Desde o início da campanha, Pazolini foi o único alvo dos seus adversários. Com exceção de Du (Avante), com quem tabelou em todos os debates, todos os outros endureceram nas críticas e ataques.
Foram críticas às obras do asfalto, aos investimentos feitos em ano eleitoral, ao suposto isolamento político por conta de atritos com o governo do Estado. Pazolini foi até acusado de não ter projeto de futuro para a Capital e de não ser um legítimo representante da direita.
Diferente do que fez em 2020, quando foi para o ataque no 1º turno contra Fabrício Gandini – candidato do então prefeito Luciano Rezende – e contra Coser no segundo, Pazolini ficou mais na defensiva, numa estratégia de evitar desgastes, tendo em vista os números favoráveis das pesquisas que, até então, mostravam que ele seria reeleito em primeiro turno.
Porém, a estratégia de todos contra um parece ter ecoado no eleitorado.
Soma-se a isso a entrada de lideranças de peso na campanha dos adversários. Nos últimos dias, secretários do governo do Estado, o vice-governador e figuras nacionais, como Lula e Bolsonaro, deram as caras na campanha dos demais concorrentes.
O governador Renato Casagrande (PSB) não chegou a gravar vídeo para nenhum dos candidatos em Vitória, mas o vice Ricardo Ferraço (MDB) falou em nome dele a favor de Luiz Paulo (PSDB), que aliás, foi o candidato que mais chamou a atenção nesse último levantamento.
O voo do tucano
Com exceção de Coser, que perdeu 1 ponto nesse intervalo, todos os outros concorrentes cresceram, ou seja, os votos perdidos de Pazolini foram diluídos entre os demais candidatos, com destaque para Luiz Paulo, que pulou de 8,6% para 13,5%. Capitão Assumção (PL) foi de 5,4% para 8,1%; Camila Valadão (Psol) saiu de 4,3% para 6,9% e Du (Avante) avançou de 0,3% para 0,6%.
Embora Coser tenha caído um pouco – de 17,3% para 16,2% –, ele se mantém em segundo lugar. Porém, essa última pesquisa mostrou que ele vem numa linha decrescente. Na primeira pesquisa da série do instituto realizada após o início da campanha eleitoral, entre os dias 26 de agosto e 2 de setembro, Coser pontuou 20,9%.
Já Luiz Paulo está no sentido oposto, numa linha ascendente que partiu de 4,7%, foi para 8,6% e agora está com 13,5%. E o tucano tem chances reais de crescer ainda mais.
A rejeição como aliada
Luiz Paulo é o candidato que registra a menor rejeição entre os concorrentes. Dos entrevistados, 13,9% disseram que não votariam nele de jeito nenhum, enquanto Pazolini soma 16,9% e Coser 40,1%. O petista, aliás, lidera o ranking da rejeição juntamente com Assumção (40,1%).
Embora muitas vezes colocado em segundo plano, os números da rejeição apontam para o espaço que determinado candidato ainda tem para crescer. A rejeição é como se fosse um teto, colocando limites nesse crescimento. Ou seja, quanto maior a rejeição, menor é a chance do candidato subir nas pesquisas de intenção de votos, menor é a chance de avançar na pontuação.
Como a rejeição de Luiz Paulo é 26 pontos percentuais menor que a de Coser, isso significa que o tucano tem mais chances de avançar e crescer em número de votos, nessa reta final, que o petista.
Capital rejeita polarização nacional
Outra leitura que se faz com relação aos dados da rejeição é que o eleitor da Capital reprovou, nessa eleição, a influência da polarização nacional Lula x Bolsonaro. E isso pode ser constatado por conta do empate entre Coser (que conta com o apoio do presidente Lula) e Assumção (que tem o apoio do ex-presidente Bolsonaro) no ranking da rejeição.
Ainda que parte dessa rejeição seja por conta do perfil de Assumção ou dos mandatos anteriores de Coser, os dois fizeram questão de trazer para suas respectivas campanhas os dois lideres nacionais, fazendo a associação com a imagem e o símbolo que eles representam.
Numa pesquisa anterior, o Instituto Futura já tinha captado, entre o eleitorado do Estado, uma certa antipatia pelos embates ideológicos entre direita e esquerda, e a coluna analisou, à época, que quem apostasse nessa estratégia correria o risco de perder votos. Essa última pesquisa da Futura aponta para esse cenário.
É claro que, sendo um retrato do momento, a pesquisa permite que se faça uma leitura de tendências e sinalizações, mas o veredito mesmo será dado amanhã, com a abertura das urnas e apuração dos votos. A eleição de Vitória, que até então andava morna e não tinha empolgado, promete momentos eletrizantes nessa reta final. A conferir.