O maior colégio eleitoral do Estado conta também com a maior Câmara de Vereadores: são 23 parlamentares na Serra que atuam hoje e atuarão na próxima legislatura. Nas eleições deste ano, 11 vereadores conseguiram se reeleger, um índice de 52,38%, tendo em vista que dois parlamentares não disputaram a reeleição – um deles foi Igor Elson (PL), que foi candidato a prefeito.
Além de uma renovação que chega à metade da Câmara, o Legislativo também já apresenta um desenho das forças políticas que irão operar a partir do ano que vem e sinaliza o comportamento que terá a depender de quem vencer as eleições no próximo dia 27.
Hoje, o prefeito Sergio Vidigal (PDT) tem uma base aliada que abarca a maioria da Casa. Pelo menos 18 vereadores são simpáticos ao prefeito, que não costuma ter dificuldades para aprovar os projetos do Executivo. E essa configuração deve continuar, num primeiro momento.
Vidigal e seu grupo conseguiram conquistar a maior parte das cadeiras da nova Câmara da Serra. Dos 23 eleitos, pelo menos 17 são de partidos que coligaram com o candidato Weverson Meireles (PDT) ou que anunciaram apoio a ele no segundo turno – como o PSDB, que elegeu dois vereadores.
O PDT terá a maior bancada partidária com cinco vereadores – só a título de comparação, a segunda maior bancada tem três parlamentares. Foram eleitos: Saulinho da Academia, Teilton Valim, Paulinho do Churrasquinho, Professor Renato Ribeiro e Fred.
Independentemente do prefeito que sair das urnas, o PDT tem tamanho para continuar à frente da presidência da Câmara. Hoje, o presidente é o vereador Saulinho da Academia (PDT), que foi reeleito e como o mais votado (8.244 votos).
O Podemos, que faz parte da coligação de Weverson, elegeu três nomes: Jefinho do Balneário, Henrique Lima e George Guanabara. O MDB, também do grupo, fez dois: Cleber Serrinha e Cabo Rodrigues. O PSB fez um, Professor Rurdiney; a federação Rede-Psol também fez um nome, Wellington Alemão; e o União Brasil também conseguiu eleger um vereador: Dr. Willian Miranda.
Esses foram os eleitos da coligação de Weverson. Porém, após o 1º turno, Weverson ganhou o apoio do deputado estadual Vandinho Leite, presidente do PSDB e da federação PSDB-Cidadania. E o PSDB elegeu dois candidatos: Rafael Estrela do Mar e Leandro Ferraço.
O pedetista recebeu também o apoio de Stéfano Andrade (PV) e de uma das vereadoras eleitas pelo PP. Andréa Duarte fechou com Weverson, mesmo com seu partido tendo declarado neutralidade e, em Vitória, estar coligado com o Republicanos. Andréa é esposa do ex-vereador Fábio Duarte que, em 2020, disputou contra Vidigal o 2º turno das eleições. Ele era indicado por Audifax.
Ou seja, se for eleito, Weverson já inicia o mandato com maioria na Casa para garantir sua governabilidade. Já com o outro candidato, Pablo Muribeca (Republicanos), a situação é oposta.
Sua coligação conseguiu eleger quatro vereadores, sendo que três são do seu partido, o Republicanos. São eles: Rodrigo Caldeira, Agente Dias e Antonio CeA. O PSD que também faz parte de sua coligação conquistou uma cadeira com o candidato Pequeno do Gás.
Mas, Muribeca tem chance de aumentar o apoio com o vereador eleito pelo PL, Pastor Dinho, que faz oposição a partidos de esquerda. O PL anunciou que ficaria neutro na eleição.
O PP também declarou neutralidade e, além de Andréa Duarte, o partido elegeu também Raphaela Moraes, que deve seguir a orientação da legenda e não apoiar ninguém, ao menos por enquanto.
Se os apoios se confirmarem, Muribeca soma, em sua base, cinco vereadores eleitos – menos de um terço da base de Weverson. Isso significa que, se for eleito prefeito, Muribeca pode começar o mandato com muitas dificuldades para governar, o que irá demandar dele muito jogo de cintura e articulação para virar o jogo e ter maioria.
É claro que o apoio na Câmara também depende do recado das urnas. Weverson passou para a segunda etapa com vantagem: teve 97.087 votos (39,66%) contra 61.690 (25,20%) de Muribeca. Mas, segundo turno é outra eleição e tudo pode mudar.
Saldo das alianças
A primeira semana após o resultado do primeiro turno foi de muitas articulações e busca por apoio por parte de Weverson e Muribeca. Os candidatos nem descansaram, no domingo mesmo começaram os telefonemas e na segunda, já colocaram a sola do sapato para gastar.
As principais lideranças do município já se posicionaram, uma vez que a grande expectativa era com relação ao ex-prefeito Audifax Barcelos (PP), terceiro lugar no 1º turno e que, na tarde de ontem (10), declarou que ficará neutro.
A neutralidade também foi a escolha do candidato Igor Elson (PL), embora seu candidato a vice, Cabo Cassotto (PL), tenha declarado apoio a Muribeca.
Já o candidato Roberto Carlos (PT) declarou apoio a Weverson, mas o PT ainda não bateu o martelo oficialmente sobre a questão. Wylson Zon, com seu partido (Novo), anunciou que irá apoiar Muribeca.
Hoje passou a circular um vídeo do ex-candidato a governador Carlos Manato (PL) em que ele anuncia, indiretamente, seu apoio a Muribeca. Ele diz que não conversou com a equipe do republicano, mas que está com os movimentos de direita e que esses movimentos estão com Muribeca.
Os candidatos também têm buscado apoio em lideranças comunitárias e religiosas, como convenções de igrejas evangélicas. Por ora, a balança de parcerias e apoios está equilibrada, o que leva a crer que a disputa do segundo turno será bastante acirrada.
Em tempo
Após a publicação desta coluna, a equipe de Weverson Meireles entrou em contato para informar que fechou apoio da vereadora eleita Andréa Duarte. Até o momento da publicação, o apoio não tinha sido publicizado. A coluna passou por edição, com novo cálculo da base aliada de cada candidato a prefeito.
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