O governador Renato Casagrande (PSB) descartou fazer uma reforma no secretariado no início do ano que vem. Segundo ele, é possível que algumas mudanças pontuais ocorram, mas não a ponto de mexer na estrutura do governo, principalmente no peso que cada partido tem hoje no 1º escalão.
“Se tiver, serão alterações muito pontuais, nada de reforma do secretariado. Ainda não parei para tratar desse tema. Meu governo está indo bem, então, não tem perspectiva de fazer mudança no secretariado”, disse o governador.
A fala vem após especulações de que haveria uma reforma do secretariado após a eleição da Mesa Diretora da Assembleia (em fevereiro). A mudança seria para fortalecer partidos aliados e diminuir ou até tirar o espaço de quem não tem caminhado tão próximo ao Palácio Anchieta.
De olho em 2026
Nos bastidores, alguns aliados de Casagrande defendem um “ajuste” no primeiro escalão, principalmente nas secretarias que são de cotas partidárias. A defesa é para que os partidos mais alinhados ao governo ocupem as principais pastas – as mais robustas, com maior orçamento e visibilidade –, como forma de prestigiar os “mais leais”.
E essa definição, avaliando o grau de alinhamento/lealdade de cada partido, teriam como referência as eleições de 2024 e a postura partidária na próxima eleição da Mesa Diretora da Ales.
Nos bastidores, haveria um pleito constante por mais espaço por parte da frente ampla que o governador construiu durante a campanha eleitoral de 2022. Os interessados em entrar ou aumentar o espaço no primeiro escalão querem estar à frente de uma pasta que faça muitas entregas visando adquirir capital político para as eleições de 2026.
O próprio vice-líder do governo na Assembleia, deputado Tyago Hoffmann (PSB), chegou a dizer que é comum o governo mexer no primeiro escalão no segundo biênio da gestão e se colocou à disposição para fazer parte de um eventual novo time a ser escalado por Casagrande. Desde que seja à frente de uma pasta com estrutura, já que ele é candidato a deputado federal em 2026.
“Se o governador fizer uma reforma no secretariado, o que é normal no segundo biênio da gestão, e se tiver alguma secretaria que contemple a minha ideia de ser deputado federal, com estrutura, eu estou à disposição”, disse Tyago em entrevista para a coluna De Olho no Poder no último dia 29.
Outros interlocutores do Governo também aventaram a possibilidade de mudanças, mas o governador, logo após a publicação da entrevista de Tyago, tratou de dizer que não tinha iniciado nenhuma conversa sobre o assunto: “Não tem nenhuma conversa sobre mudança no governo”, disse Casagrande, em nota enviada à coluna.
Abrindo um parêntese, a simples menção da possibilidade de Tyago voltar ao governo já deixou o atual secretário de Ciência e Tecnologia, Bruno Lamas (PSB), em alerta. Ele ocupa hoje a pasta que foi de Tyago, antes de virar deputado. Se Tyago voltar para o Executivo, a suplência na Ales cai no colo de Bruno, que não quer abrir mão do comando da secretaria.
Na última terça-feira (10), durante um evento no Palácio Anchieta, Casagrande foi novamente abordado pela coluna sobre o assunto e enfatizou: “Meu governo está indo tão bem, dando tanto resultado, que eu não posso ficar mexendo no governo só por questões políticas. Meu objetivo é prestar serviço para a sociedade”, disse Casagrande após anunciar, com exclusividade à coluna, que Ricardo Iannotti seria o 26º secretário do governo. Ele vai assumir a Secretaria de Estado de Recuperação do Rio Doce (Serd), a ser criada após aprovação na Assembleia.
LEIA TAMBÉM:
“Estou à disposição para voltar a ser secretário”, diz o deputado Tyago Hoffmann
Governador define quem irá gerir recurso bilionário do acordo de Mariana