Após a posse dos prefeitos e vereadores e um início de ano politicamente morno, a temperatura tende a subir com as negociações para a formação da nova Mesa Diretora da Assembleia. O governador Renato Casagrande (PSB), que ficou de debater sobre o tema só a partir desse ano, já iniciou as tratativas.
Por meio da Casa Civil, ele convidou os deputados estaduais para uma agenda a partir da semana que vem. Individualmente, vai ouvir cada parlamentar sobre, principalmente, o nome para comandar a Ales pelos próximos dois anos (2025-2026). Hoje, o presidente é o deputado Marcelo Santos (União), que é pré-candidato à reeleição.
Alguns deputados ouvidos pela coluna admitiram terem recebido o convite, que ainda estaria sem data, apenas com previsão do encontro ocorrer na semana que vem. Os parlamentares também confirmaram as movimentações do presidente que, nos bastidores, estaria pedindo apoio para ser reeleito no próximo dia 3.
Embora Marcelo Santos esteja fazendo o dever de casa, pedindo voto aos eleitores, ele sabe que será o posicionamento do governador que definirá quem será o próximo presidente, como ocorreu na última eleição da Mesa e que acabou o beneficiando.
Por conta disso, ele se reuniu na segunda-feira passada (06) com o governador. Segundo interlocutores do governo, Marcelo teria falado a Casagrande sobre o desejo de continuar à frente da Ales por mais um biênio e teria garantido apoio ao projeto do governo para 2026 – projeto esse que consiste em Casagrande se lançar ao Senado e o vice, Ricardo Ferraço (MDB), assumir e disputar a reeleição ao governo.
Na reunião, o governador teria ouvido Marcelo e dito que iria avaliar, ouvir seu grupo político, os deputados e que nos próximos dias tomaria a decisão. O governador ainda não bateu o martelo.
As movimentações
No dia 11 de dezembro, Marcelo Santos convocou uma coletiva de imprensa para fazer um balanço do seu mandato, mas também se colocar no jogo para a disputa da Mesa Diretora da Ales.
Como quem manda um recado direto para o Palácio Anchieta, Marcelo enfatizou que não rompeu o “cordão umbilical” com o governo, que entregou e continuará entregando estabilidade política ao governo na Assembleia e ainda se comprometeu a apoiar o governador em seu projeto de sucessão, conforme noticiou a coluna.
Marcelo se viu na necessidade de fazer um compromisso público já que o governo andava com um pé atrás com ele por conta dos seus últimos posicionamentos.
Marcelo apoiou, na eleição de outubro, adversários de Casagrande, tentou tomar (e há quem diga que ainda tenta) a presidência do União Brasil no Estado – comandado por Felipe Rigoni, secretário de Meio Ambiente e aliado de Casagrande –, e tem feito movimentos pelo Estado afora que apontam para ambições maiores, como disputar um cargo majoritário (Senado ou Governo), embora já tenha dito que será candidato a deputado federal no ano que vem.
É fato que, à frente da Ales, Marcelo entregou tudo que foi pedido pelo governo. Sob o comando do presidente, todas as matérias do Executivo foram rapidamente pautadas, votadas e aprovadas. E o governo reconhece isso.
Mas, o posicionamento político preocupa porque o governo estará num momento de transição. O próximo presidente estará à frente do Poder Legislativo durante as próximas eleições e o governo quer ter alguém que possa confiar de olhos fechados, principalmente se Casagrande deixar o governo e Ricardo assumir.
E Vandinho?
A desconfiança com relação a Marcelo fez com que o nome do deputado Vandinho Leite (PSDB) ganhasse corpo. Ele também tem interesse na presidência da Ales e nutre a esperança de que o governo pode, agora, optar por ele, já que há dois anos desidratou sua candidatura ao decidir apoiar Marcelo.
Na ocasião, Vandinho tinha uma lista com 24 assinaturas de apoio. Foi dormir e acordou, no dia seguinte, com apenas 11 e baixando. O governo tinha entrado em cena em prol de Marcelo. Restou a Vandinho retirar sua candidatura e indicar alguns nomes do seu grupo para compor uma chapa única liderada pelo atual presidente.
Dessa vez Vandinho não fez lista. Ele está aguardando a decisão do governador, que tem dito, por meio de seus interlocutores, que participará “ativamente” do processo da Mesa Diretora, como fez em 2023. Segundo apurou a coluna, a decisão de quem será o novo presidente da Assembleia não deve passar da semana que vem.
LEIA TAMBÉM:
Para continuar à frente da Ales, Marcelo Santos garante aliança com o governo para 2026
O que irá definir quem será o próximo presidente da Assembleia?
Marcelo x Vandinho: Disputa pela presidência da Ales vai repetir duelo de 2023?