Malabarismos aritméticos e contorcionismo estatístico já se tornaram uma marca do modelo gerencial usado pela presidente Dilma. A equipe da guerrilheira perseguida pela ditadura militar recorre cada vez mais à tortura dos números, até que estes confirmem as ‘verdades’ que só o governo enxerga.
Exemplo disso é o último release do MEC, sobre o Bolsa Família. Segundo a assessoria do Ministério da Educação, a frequência escolar atingiu 95,6% dos alunos beneficiados. Mas o leitor atento, familiarizado com as operações aritméticas básicas, facilmente constatará que o governo conta uma meia verdade, disfarçada de sucesso.
De acordo com os dados divulgados, o que o MEC registra é uma frequência de 95,6% entre os estudantes que tiveram a frequência controlada, o que é muito diferente. Na contagem nacional, 14,1 milhões de estudantes atingiram a frequência exigida pelo programa, de um total de 14,7 milhões que tiveram a frequência controlada. O número que o governo esconde é o total de beneficiários: 17,4 milhões.
Fazendo as contas, regrinha de três simples (que provavelmente muitos beneficiários do programa não vão aprender), temos uma frequência comprovada de apenas 81%. Um indicador não tão bom assim. Na melhor das hipóteses, esse dado indica que o governo não sabe onde estão sendo usados 20% dos recursos do Bolsa Família.
No Espírito Santo, os números são ainda piores que a média nacional. A frequência é de 94%, entre os 87,7% que foram efetivamente controlados. Ou seja, apenas 79,7% dos beneficiários efetivamente comprovaram a frequência escolar. Não é a toa que, esta semana, foi revelado em Cachoeiro de Itapemirim o caso de uma usuária de drogas que entregou o cartão e a senha para o traficante que lhe fornecia pedras de crack .E aí nos perguntamos: é esse o tipo de ‘transferência de renda’ que desejamos?
O fato é que o governo (em todos os níveis) demonstra maior dificuldade em gerenciar e garantir a boa aplicação dos recursos destinados a programas de transferência de renda. A transmutação do Bolsa Família em ‘Bolsa Crack’ é apenas um sintoma da incompetência gerencial. A tortura matemática é outro. O último, e talvez o mais grave, é a dificuldade em apresentar as providências que serão tomadas para aumentar a frequência escolar, alcançar todos os alunos e, especialmente, resgatar a confiabilidade desses controles.