Os inimigos nacionais que podem virar aliados no Espírito Santo

urna_eleicao__3bd9d4a68fO cenário político atual, com a disputa eleitoral antecipada desde o ano passado, vem provocando cenas que poderiam ser até curiosas se não se tratasse de política, onde tudo pode acontecer, as decisões aparentes definidas mudam de repente e causam verdadeiras reviravoltas em um ambiente cada vez mais especulativo.

Mas o que chama atenção é que por conta desses arranjos políticos, inimigos no cenário nacional acabam virando grandes amigos no Espírito Santo e podem, inclusive, subir no mesmo palanque em busca de votos para os até então adversários.

Um dos casos mais emblemáticos envolve a possível aliança entre DEM e PMDB. Nacionalmente, os democratas não podem sequer ouvir falar dos petistas e não perdem a chance de atacar o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Por outro lado, na briga pelo Palácio Anchieta, as duas siglas já admitem a possibilidade de estarem juntas por tabela.

O PMDB, que tem como pré-candidato o ex-governador Paulo Hartung, está quase batendo o martelo na união com o PT, que terá na chapa o ex-prefeito João Coser (PT) como candidato ao Senado. Durante a semana, no entanto, o DEM, ignorando a rivalidade nacional, anunciou que não teria problema estar junto com petistas, já que a direção nacional do partido autorizou a parceria.

Caso semelhante acontece também com a possibilidade de alianças entre o PSB e o PSDB, embora lá fora os dois partidos não tenham divergências. O problema é aqui mesmo.

Caso se confirme, a dobradinha vai causar a desconfortável situação de colocar o ex-deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), cotado para o Senado na chapa palaciana, no mesmo palanque do prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), apoiador incondicional do governador Renato Casagrande.

Os dois, nas últimas eleições municipais, foram adversários e protagonizaram alguns conflitos durante a campanha, inclusive, com troca de farpas. Agora, Luciano corre o risco de ter que pedir, mesmo que indiretamente, votos para seu desafeto.

Ou seja, em política vale que lema que atravessa várias gerações. Inimigos, inimigos. Interesses à parte. No jogo pelo poder, as ideologias partidárias acabam ficando de lado.